segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

São Paulo

Percebi que minha primeira lembrança de São Paulo é a de um lugar próximo à Terra da Fantasia: as revistas em quadrinho e os livros didáticos vinham de lá. Por muitos anos, o que me foi permitido conhecer restringia-se ao trecho Dutra-Régis Bittencourt, com várias empresas conhecidas, atiçando ainda mais a imaginação infantil.

São Paulo foi a cidade que escolhi para viver – e o encantamento ainda está presente, aliás, nunca diminuiu. Sem dúvida há problemas, os mesmos das outras cidades de médio e grande porte, principalmente as brasileiras. De forma certa ou errada, a cidade está sempre se reinventando, as pessoas estão sempre chegando e partindo – o que é perceptível até a estranhos.

Após tanto tempo ouvindo que a cidade não pára, que o trânsito é infernal, que paulista só trabalha, e tantas outras críticas, eu diria que estas são vantagens de viver aqui, possibilidades de crescimento às quais as pessoas que criticam têm dificuldade em aceitar.

Sob a perspectiva do desapego, cada vez mais na moda, São Paulo continua sendo uma cidade de vanguarda: ter sempre pessoas na rua, haver lojas abertas, permite que cada um viva em seu ritmo ao invés de seguir o que a sociedade segue; o trânsito infernal ajuda a descobrir novos caminhos, à mudança de endereços, a conhecer mais pessoas, a desenvolver outras atividades; a sensação de reduzir a vida ao trabalho, a repensar na decisão profissional.

“Conduzo, não são conduzido” é o lema da cidade que começou com um colégio. Conduzir a própria vida é da essência deste canto do planeta, um desbravamento que torna a coragem bandeirante um lugar comum na escola da vida.

Nascimento de uma cidade é uma convenção que tenho certa resistência a aceitar; para todos os efeitos hoje esta cidade faz 462 anos, uma adolescente rebelde que ainda está em formação e se descobrindo.




sábado, 23 de janeiro de 2016

2016

Quase final do mês e percebo, ao reler a lista de resoluções para 2016, que já a descumpro: “retomar o blog” está escrito, enquanto muito escrito falta no blog.

Continuo tendo ideias mil e vendo cenas daquelas dignas de ficção, só que depois que precisei instalar o tal Windows 10 e ele veio com joguinhos que funcionam sem internet, sentar em frente ao computador e ficar pensando dá jogo – mesmo agora, em que a perspectiva de feriadão caseiro permite-me relaxar escrevendo.

Também aconteceu este mês de eu fazer uma maratona entre laboratórios clínicos. Cinco jejuns em 3 semanas bagunça a vida de qualquer um, convenhamos. O pedido médico era um formulário, várias listas de exames com xis marcados à caneta. Quando a recebi achei o máximo a praticidade e organização: consegui entender até para o que serviam.

Fui ao laboratório recomendado pela médica. A atendente, após confirmar com a chefe dela, disse-me que um dos exames eles não faziam – e que para dois eu teria que permanecer 24 horas em casa. Resolvi fazer os demais, voltei ao consultório e peguei novo pedido com o exame que faltava (ela preencheu toda a coluna dele de novo).

Com o novo pedido fui ao laboratório concorrente, disseram-me que faziam o exame, porém que não para o meu plano de saúde. Agradeci e fui à “versão popular” daquele laboratório. O atendente não achou o exame no sistema, a chefe disse que fazia – só que eu já não estava mais em conformidade com o seu preparo. Voltei outro dia, porém queriam o carimbo da médica (não valia o nome impresso com assinatura em cima).

Como se tratava de um lugar que por experiência passada nunca mais voltei, resolvi não insistir, procurei outro concorrente e eles também não tinham o tal exame. Por fim, consultei por telefone um outro laboratório que me garantiu fazer o exame, só que ao chegar lá (em jejum, que dúvida) pediram-me desculpa pelo equívoco na informação.

Na consulta, descobri que além de estar à procura do exame errado, o castigo 24h em casa foi para um exame que não havia sido pedido, logo que deveria ser refeito. Típica situação que nem adianta reclamar, aliás, reclamar para quem? No setor público o prejuízo seria do SUS, no privado, ou do plano de saúde, ou do laboratório se der glosa. Em ambos perde o paciente – eu mesma, que ainda estou em dúvida se mudo ou não de doutora.


Neste curto ano há outros fatos enrolados como narrado, daqueles que só recorrendo à astrologia para tocar em frente com equilíbrio. É que do dia 6 ao dia 25 o planeta mercúrio, responsável pela comunicação, está em movimento retrógrado, o que significa dificuldade de comunicação. Na dúvida, jejum para novos exames, só faço semana que vem.