Av. Paulista, 23hs. Ao parar no sinal vermelho ouço um barulho que me assusta, percebo que um rapaz de patins está se segurando na parte traseira, lado do carona. Buzino e ele “nem te ligo”. O sinal abre, acelero, e ele fica de carona. Há poucos carros e minha tendência é fazer zigue-zague, na tentativa dele desistir de me seguir, só que fico com medo de machucá-lo e resolvo retribuir à indiferença, dirijo como se ele não existisse. Sua companhia dura até que eu saia da avenida, vai embora sem acenar, sem agradecer. Colocou a vida em risco e obrigou-me a arriscar receber uma multa e a ficar com o carro danificado. Preguiça ou aventura?
Hoje de manhã o rádio anunciava a estatística de 9 acidentes com bicicleta - por dia – na cidade de São Paulo. A velocidade das bikes tem sido superior à dos carros, mas é covardia disputar espaço com as motos. Como a cidade não é plana, tem sido comum motociclistas segurarem o parachoque dos ônibus nas subidas, um jeitinho para chegar antes e com menos esforço. Comparo-os aos surfistas dos trens, mas como aproveitam a tração do veículo à sua frente, os chamo de esquiadores urbanos, em uma analogia ao não menos perigoso esqui aquático.
Sei que andar de bicicleta está na moda, mas a falta de sinalização e de educação –sem contar a poluição e a quantidade de fumaça dos carros, parece-me estupidez. Mesmo utilizando capacete, cotoveleiras e joelheiras (raras de serem vistas), não há pressa que justifique zombar da saúde (certo está o amarelinho da Avenida Bandeirantes, que trabalha de máscara) ou colocar a vida em risco (a ciclovia é tão imaginária quanto a divisão entre calçada e pavimento, cada ciclista imagina a sua e segue em frente).
Nunca fui adepta da bicicleta e minhas tentativas de aprender patins não foram exitosas, gosto mesmo é de caminhar. Mesmo assim, evito trechos de trânsito intenso, para fazer meu exercício aeróbico com a melhor qualidade possível de oxigênio.
Sinto falta de informação do que deve ser observado antes de sair de bicicleta por aí, onde ela é permitida, por exemplo, da mesma forma quando percebi o carona involuntário. Sabemos como agir em relação a qualquer abordagem no trânsito (deixando os vidros fechados, olhando nos olhos, avisando cada movimento que irá ser feito, etc.), mas afinal, como se deve agir diante de um esquiador urbano?
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