domingo, 18 de setembro de 2011

1, 2, 3, era uma vez.


Ainda sou da opinião de que infância e televisão (e por que não, Internet?) não combinam. Semana passada, no entanto, em um “momento infantil”, surpreendi-me. Os personagens do desenho perceberam que seus amigos haviam sumido. Reuniram-se e foram investigar. Para conseguir cada pista, precisavam fazer, repetidas vezes, uma coreografia no estilo “cabeça-ombro-joelho-e-pé” e incentivavam a criança a ajudar na busca da pista imitando-os. No final, veio a descoberta: as amigas lagartas haviam se transformado em borboletas e os amigos peixes eram girinos, que se transformaram em sapo. Jeito fácil de educar e estimular a criança sem deixá-la ansiosa ou eufórica.

O intervalo durante o desenho, contudo, foi de “deixar de cabelo em pé”: além de brinquedos pouco educativos e caros (sei porque já os vi ao vivo na casa de outra amiga), no anúncio da programação, uma voz de menina dizia “chame a mamãe, chame o papai, vamos dançar juntos”, ou algo do gênero.

Note-se que a ideia de “babá eletrônica” para canais infantis é um engodo. A criança não vai ficar quietinha assistindo por muito tempo, ela vai chamar o adulto que estiver por perto e ele vai ter que participar. A coreografia, que dura segundos, será suficiente para informar de qual desenho a criança gosta (no inconsciente dos pais ficará a sugestão para a decoração de aniversário, presentes etc).

Tranquilizou-me um pouco saber que os desenhos atuais estão melhores que os de minha época, os quais definitivamente não eram exemplos para quem fosse viver harmoniosamente em sociedade – minha principal bronca é com o Popeye (diálogo zero, a Olívia não tem opinião própria, vai com qualquer um que ganhe no muque, os amigos – Dudu e Alice – comem compulsivamente hambúrguer e banana respectivamente – e Popeye só come espinafre, motivo de muitas mães a-d-o-r-á-l-o); nos outros desenhos os personagens são solitários (acho que só o Jerry às vezes tinha um outro ratinho ajudando-o).

O fato é que para a criança não ser um alienígena dentre as outras crianças de sua geração, terá de assistir aos desenhos. O ideal seria poder escolher previamente as histórias que seriam contadas à criança - e sem expô-la à publicidade. Vamos torcer para que esse modelo de negócio surja por aqui: pagar por filme, seriado ou desenho, não por canal ou conjuntos de canais, ou poder baixar ou encomendar um DVD só com as histórias escolhidas, tal qual se faz com as músicas.

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