Eis que em época de muita correria e importantes decisões, a pouca criatividade é compensada com eles - e em dose dupla:
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Todo dia já é dia do homem
Os índios estavam em extinção: criaram o dia do índio.
O comportamento feminino precisava ser valorizado: criaram o dia da mulher.
Dia da Hombridade seria mais apropriado do que “dia do homem”, uma reflexão (ou memória) de como as pessoas deveriam ser - mas os presentes seriam mais raros, muita gente não entenderia o que estaria sendo celebrado e celebrações temáticas existem porque ajudam no controle de estoque:
Janeiro – ano novo (e impostos como IPVA e IPTU encolhem o orçamento)
Fevereiro – carnaval
Março – volta às aulas, troca das coleções (olha! a moda muda no mês do dia da mulher!)
Abril – páscoa
Maio – mães, um feriado (trabalhador)
Junho – namorados, um feriado (corpus cristi)
Julho – [?]
Agosto – pais
Setembro –troca das coleções, um feriado (independência)
Outubro – criança, um feriado (nossa senhora) e o dia do professor
Novembro – de 2 a 3 feriados (finados, independência e consciência negra)
Dezembro - natal
Se pensarmos na origem das primeiras celebrações, relacionadas à natureza, não há um dia sequer sem o domínio do homem (com predominância masculina também).
Lógico que cada um comemora o que e como quiser, mas eu ando um tanto quanto o louco do chapeleiro no país das maravilhas: celebro os desaniversários com quem aceitar compartilhar o chá de hombridade.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Museu para todas as idades e gostos.
- Isso, coloca o dedo aí. Agora roda. Pra baixo, em sentido
horário. Não! Tem que ir até o final, até aqui ó.
- Mas dói o dedo, pai.
- É costume, tem que fazer isso com todos os números até
aqui. Só depois é que completava a ligação.
O garoto devia ter uns 10 anos. Olhava incrédulo aquele
aparelho preto em sua frente. Eu estava em outro, parei de ouvir a propaganda
da Kolynos para ver a cena do pai apresentando o telefone ao filho.
O deslumbramento de crianças e adolescentes com máquinas de
escrever eu já havia presenciado em uma exposição no Caixa Cultural, mas que a
atual geração desconhecesse telefone “de discar” não havia me ocorrido.
O pai esqueceu-se de contar para o filho que antes de discar
se conferia pelo gancho se havia sinal, que as famílias precisavam escolher
entre comprar um carro ou um telefone – e que linhas telefônicas eram alugadas,
já que se esperava anos para conseguir alguma.
Graças à belíssima montagem da exposição “Rubem Braga – o fazendeiro
do ar” pude ver a cena acima. O Museu da Língua Portuguesa já tem em suas
exposições a característica de trazer o contexto do autor ao visitante, incentivando
a leitura.
Na exposição sobre Rubem Braga até quem não sabe ler se
diverte. As máquinas de escrever, algumas que podem ser tocadas, outras com
tablets no lugar na folha de papel, remetem às antigas salas de redação. Essa
também é a ideia da mesa com os telefones, cada um com uma gravação de rádio diferente.
Os mais observadores notarão que os aviões feitos de jornal, pendurados no
cenário do ambiente de trabalho do cronista que cobriu a segunda guerra e a
revolução de 30, transformam-se em passarinhos na aconchegante sala de visitas,
cuja mesa possui duas telas interativas com relatos de seus amigos famosos. Ao
final, é possível interagir com passarinhos digitais, em um videogame
eletrônico projetado na parede. Por que fazendeiro do ar? Isso não conto, tem
que ir lá para entender.
A dica é ir no final de semana logo que abre a exposição:
10hs. Além de conseguir ingresso para uma sessão do filme em horário próximo (sim,
é o mesmo filme e os mesmos poemas da inauguração), exatamente porque as
pessoas que entraram estão na sessão, a exposição temporária fica com muito pouca
gente. Se você for ver o filme, chegue às 10:20 para receber o ingresso das
sessão das 11h. Durante a semana têm escolas visitando, nos finais de semana,
às 12 e às 14, tem também visita ao prédio da estação da Luz. Programaço! Até 1º de setembro.
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