Em 2008, em Atenas, chamou-me atenção a inexistência de
camelôs. Na época já havia protestos em frente ao parlamento, mas a ideia do
tamanho da crise ainda não estava formada.
Admirei-me da inexistência da economia informal até assistir
um rapa. Só neste momento percebi que pessoas que andavam com sacolas de
compras eram vendedores. Dentro das sacolas de grife, devidamente ajeitadas,
caixas de perfume.
O modelo de negócio chega agora ao Brasil, na Av. Paulista
trios aproximam-se com as tais sacolas, oferecem para você sentir o aroma do perfume
e depois oferecem para comprar por um preço menor do que o da loja – sem pagar
imposto o mínimo é que fosse menos que nas lojas, não?
Em um lugar que passou a ser povoado por vendedores
ambulantes de objetos de origem duvidosa nos últimos dois anos
(coincidentemente após o fechamento da feira da madrugada), onde crianças
trabalham de engraxate e adolescentes não raro ficam sozinhos servindo o milho
cozido (mexendo no fogo e com faca), a camuflagem na venda surpreende.
Lembro-me de já ter visto expostos ao sol no centro da
cidade, perfumes e cosméticos caros embalados em isopor e papel filme, como se
fossem comida: uma aparência terrorista a qualquer marca. Se hoje não tem mais
é porque as faixas de comissão mudaram e grandes compradores podem se estabelecer
em lojinhas oferecendo melhores preços que os vendedores porta-a-porta. Pesquisando, pode
ser mais barato comprar deles do que da própria indústria.
Esse é só mais um exemplo do quão errada é a nossa
tributação: a Prefeitura fiscaliza, mas é o Estado quem deixa de arrecadar ICMS com a venda do produto e a União com IR e quem se expõe sem INSS.
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