Alguns comportamentos recorrentes seriam mais úteis se manifestados de forma diversa. Solidariedade é importante; uma de suas manifestações, ouvir, é possível aprender, e sei que nem sempre nas conversas há trocas de informações, às vezes somos apenas receptivos.
Eu sou a favor do lazer produtivo, mas compreendo que há situações divertidas em que ele não ocorre. Só que "jogar conversa fora" não precisa ser "fazer o ouvido do outro de pinico", apesar da análise das duas expressões populares levar à conclusão que se referem à mesma coisa: m_ _ _ _.
Tanto em comemorações quanto em lamúrias, deve haver bom senso: relatar fatos é diferente de dividir opinião sobre terceiros, a popular fofoca. Sinceramente, a não ser que se esteja vivendo uma fase de autoafirmação e conhecimento de si, como na adolescência, no que falar dos outros ajuda? Para que serve? Seria covardia para não olhar para si? Ou reflexo de um monótono vazio conjugado à incompetência de preenchê-lo? As opiniões sobre nós mesmos só interessa à própria pessoa. Falar dos outros é permitir que falem de si, mas não parece-me que seja o exibicionismo uma das causas de tal conduta.
A dicotomia sucesso/fracasso pode ilustrar o que estou dizendo. "Fulano é bem sucedido" é uma afirmação inútil e bem diferente de dizer que ele conseguiu "x" ou que fez "y". O ser bem sucedido é um julgamento que dependendo de quem repete pode haver completa distorção da idéia do fofoqueiro - dependendo do contexto pode até prejudicar. Fracasso, por sua vez, não existe, pois é julgamento puro. Se alguém ousar relacionar fracasso a outrem ou a si, tal ignorância não deve ser permitida, uma vez que se trata somente de uma expectativa não atingida.
Seguindo o raciocínio de que a vida dos outros só interessa a eles, exceto se a própria pessoa quiser contar de si, é muito mais honesto substituir "fracasso" por "estar momentaneamente insatisfeito com ...". Além do problema ficar mais objetivo, o ouvinte conseguirá de melhor forma auxiliar o narrador do suposto problema.
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