sexta-feira, 23 de abril de 2010

Audiodescrição e Open Caption

Reprisar os melhores filmes do ano anterior, escolhidos pelo público e crítica, já é uma boa ideia; uni-los em um festival com preços populares, melhor ainda.

A característica mais formidável do Festival Sesc Melhores Filmes não é a sessão "vale a pena ver de novo", nem a possibilidade de assistir aquele filme cuja fila há algum tempo você não quis enfrentar, mas sim o público cego.

No hall há fotos de filmes também em relevo e com texto traduzido para braile. Os monitores mostram e explicam uma a uma, inclusive tem um pote com areia para quem não conhecer praia ou quiser conferir a textura real da areia de uma das fotos.

No filme, o recurso que permite o acompanhamento pelos cegos chama-se audiodescrição. Em uma das sessões, que não estava tão concorrida, pedi um aparelho para mim. É um MP3. Entre os diálogos há narração das cenas, algo como "vinheta de apresentação do festival, vários ingressos com desenhos de pessoas, feitos por crianças, passeiam por São Paulo e chegam ao hall do cinesesc e sentam na poltrona..." Desliguei o aparelho na primeira cena, mas é sim possível assistir filmes sem enchergar.

Os filmes também podem ser assistidos por surdos, através do open caption. Apesar de não ser novidade, o open caption nada mais é do que uma legenda a mais no filme, descrevendo os sons além dos diálogos, constando, em itálico, "burburinho", "música de suspense", etc.

Deveria ser normal a acessibilidade de espaços públicos, não só culturais, a todos. Parabéns ao Sesc, que além de lugares reservados a cadeirantes, cadeiras duplas (para obesos, apesar de usadas por casais), também tem a legenda open caption e, agora, audidescrição. Divulgue, incentive, exija em sua cidade também essa acessibilidade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Química

Distrai-me e o excesso de calor fez com que parte do alimento grudasse na panela. Deixar de molho não resolveu. Voltar a aquecê-la também não. Ficar sem ela também não estava em meus planos. Lembrei-me da dica do amaciante - e não é que resolveu?

Estamos condicionados a seguir comportamentos e a nos restringir a bulas. Felizmente a vida proporciona muito mais a quem se propõe a tentar. Assim como o detergente  da louça serve para tirar mancha de gordura na roupa e o sabão em pó para lavar o chão, a solução do amaciante para desgrudar qualquer queimado é muito simples.

Apenas uma colher de sopa dissolvida em água, em contato por algumas horas com local queimado, e o problema estava resolvido. O que eu não sabia era que a panela ficaria com o perfume do produto (e a cozinha, por tabela, também). Como resolvi? Água com vinagre.

domingo, 18 de abril de 2010

Efêmero até quando?

Madrugada. Ruídos e vozes na rua. A curiosidade levou-me à janela. Pelo menos 11 homens, de forma sincronizada, pintavam a faixa de segurança. Belo trabalho em equipe, em 20 minutos a sinalização já estava perfeita. Pena que na tarde seguinte boa parte da tinta já havia deixado o asfalto. E assim vai nosso dinheiro... como na limpeza das bocas de lobo, encontra-se trabalhadores com frequência, mas o resultado do trabalho não aparece.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Gosto tanto de documentário que me surpreendeu a sala não ter lotado. Apesar de por anos não ter sido possível assumir compromissos durante a semana no horário das 19:30, pela divulgação na mídia, ser evento gratuito e em boa localização, temi que não fosse possível chegar a tempo. Felizmente a procura não foi tão grande assim.

Se você estiver no Rio, não perca a chance. Na apresentação que antecede todas as sessões do festival foi informado que a cópia foi disponibilizada pela Paramount para a apresentação de ontem em São Paulo e apenas mais uma na cidade maravilhosa. Nome do filme? Capitalismo: uma história de amor, de Michael Moore.

O estilo do diretor continua o mesmo, momentos emotivos dispensáveis compensados com o humor e narrativa coerente e envolvente. Talvez pudesse ter menos que os 120 minutos, mas eu assistiria de novo, sem dúvida. A argumentação é compreensível até para o público infantil, porém com premissa errada.

Não vou contar o filme, nem teria como, tanta é a riqueza de detalhes, mas discordo que haja bandidos e mocinhos - isso serve para qualquer aspecto da vida. Ninguém exerce um só dos papéis. Ao invés de "história" o que há é um relacionamento com o dinheiro, e como todo relacionamento, os reiterados extremos tornou-o indigesto a quem exagerou (ou não soube aproveitar a oportunidade dada pela vida). Todos somos responsáveis por nós, além de cada um por si. Atribuir a terceiros é reiterar o "efeito boiada" de gerações anteriores, possível de ser modificado com educação e estímulo ao senso crítico. Sem isso, só "levando na cabeça" para aprender... Afinal, o que faz uma pessoa hipotecar sua moradia, já quitada, para passar a ter mais crédito? Se fosse para pagar dívidas, não seria mais coerente vender a casa e comprar outra menor? A responsabilidade por contratações feitas - reitero que como em qualquer relacionamento - é de todos os envolvidos. Assim como se um não quiser, dois não brigam, se um não quiser, dois não contratam (compras inúteis, financiamentos, etc).

A divulgação do filme em TV aberta seria salutar, apesar de possível extremismos (boiada discidente, do ser contra só para imaginar que está pensando). O que me deixou completamente atordoada foi a denúncia (como descrever diferente?) de que empresas tradicionais, pelo menos nos EUA, costumam fazer seguro de vida de seus funcionários, mas sem a anuência destes e constando, na apólice, a própria empresa como beneficiária. Isso mesmo. O filme não diz, mas acredito que o fundamento seja o prejuízo que o empregador tem quando perde o funcionário que recebeu o investimento de treinamento. O fato é que quanto mais jovem o profissional da empresa venha falecer, maior o capital (não se diz "indenização" para seguro de vida) a ser recebido pela empresa.  Considerando que nos EUA a regra é não ter serviço público de saúde, nem seguro de vida e auxílio funeral (compulsórios no Brasil em grandes empresas), quando o americano empregado morre sua família fica com a dívida do hospital e seu empregador com uma receita a mais.

A liberdade de contratar seguro é irrestrita, se você quiser, você pode fazer seguro de vida daquele seu vizinho arruaceiro e encrequeiro, colocando-se como beneficiário, vai que ele brigue na rua e venha a falecer: você tem um chato a menos na sua vida e um montante a mais em seu bolso. Só que isso fere qualquer moral e ética, o  lucrar com a morte de alguém. Não deveria ser lícito que terceiros pudessem estipular quanto a sua vida vale. Somente a pessoa poderia ter a discricionariedade de definir quanto a sua vida vale e quem deve receber a indenização pela perda!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

zombando do Tico e do Teco

Mais uma vez mortes e destruições são atribuídas ao excesso de chuva, tão imprevisíveis quanto a vulnerabilidade  de um solo em decomposição e a contaminação produzida pelos detritos orgãnicos.

Mesmo que haja a remoção das famílias, se a área do lixão não for ocupada de outra forma, o problema persistirá, pois novas famílias tomarão conta do lugar. Alguém se surpreenderia que isso venha acontecer?

Fala-se em construção de casas populares. O orçamento (ano eleitoral) já foi liberado. Mas para qual projeto? A construção estará em conformidade com o perfil das famílias que lá morarão? Serão casas de quantos cômodos? Haverá também uma praça, ou uma área de lazer no que será construído? Serão só casas ou haverá efetiva urbanização? Quem elaborará e executará - e com base em quais critérios? Dinheiro nosso foi aplicado na pavimentação de uma área de risco. A nova aplicação tem alguma chance de diminuir o problema infelizmente há muito conhecido?

Nada disso a mídia trata, só de remoção e mortes. A tragédia pode ser apenas o início de duas novas favelas, mas poderia ser também o surgimento de dois novos pólos turísticos na cidade, dois novos exemplos a serem exportados ao mundo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Eleições

Após duas intensas semanas resolvi que já era momento de saber o que estava ocorrendo no mundo e ontem, permiti-me ouvir rádio. Não ficou ligado nem 10 minutos, pois o assunto tanto de reportagem quanto de entrevistas era a pesquisa de intenção de voto para Presidente da República, o que considero falta de notícia.
Para que serve saber em quem uma mostra de pessoas irá votar daqui há 6 meses se, na véspera, grande é a probabilidade de um percentual ainda estar indeciso? O relevante é o plano de governo ou a estratégia de marketing de cada candidato?
Para a mídia sempre há o "assunto do momento". O atual, e há algum tempo, é a Ministra. Se ela se mantiver com a exposição atual, daqui há pouco ninguém mais vai aguentar ouvir falar dela ou vê-la. O governador começa a cuidar de sua campanha agora, e há pouco começou a aparecer com maior frequência - seu vice é o seu mistério, que gera notícia. Mas de quem ninguém fala - estratégia ou boicote só o tempo dirá - é da Senadora, que ao que tudo indica, utilizará a fórmula de sucesso do atual Presidente. Afinal, dentre os candidatos, quem tem origem humilde como a maioria dos brasileiros? Quem tem reconhecimento internacional? Some-se a isso o fato de seu vice ser um empresário de empresa amplamente admirada pela classe média, muito mais conhecida e engajada do que a do atual vice, fato que contrapõe (mas não é desfavorável) ao dela ser muito mais petista do que a atual candidata do PT.
Meu critério de escolha é objetivo, foi traçado nas férias de janeiro, mas a decisão dependerá do plano de governo que irá ser divulgado pelos candidatos, cujo conteúdo (e por que não propostas da sociedade?) muito pouco se discute e divulga.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Criança tem cada uma...

Quando eu era pequena havia uma revista com uma coluna que tinha este título. O comentário infantil contado há pouco teria chance de ser publicada: "Papai, olha que legal a máquina do vovô, nem precisa mandar imprimir..."