Impressionante a criatividade de determinados setores em relacionar homenageados e datas. No colégio lembro de decorrar, além dos feriados (os quais por um tempo foram antecipados para segunda-feira), o dia do índio e o da bandeira. Só.
Estatisticamente, datas comemorativas e homenagens estão para os deputados como os nomes de rua estão para os vereadores.
Algumas datas possuem motivos comerciais, como dia dos pais e dias das mães. Quem tem cumpre protocolo, quem não tem controla a tristeza. O fato é que é muita pobreza de espírito esperar um dia no ano para comemorar o que se tem de bom todos os dias. E muita hipocrisia comprar presente por convenção.
O dia do solteiro, comemorado hoje, foge à regra. Todo mundo um dia já foi solteiro, seja por manter o estado civil de nascença, seja porque não se nasce aos pares (gêmeos não cota). É possível brindar à solteirice passada, presente e futura. Não fosse o comum exagero (ou o meu conservadorismo, talvez, já que o comum é a média, nunca exagero), a confraternização seria interessante:
- Nossa, vc por aqui?
- É, confraternizando com o grupo de ex-solteiros, revendo o pessoal da vizinhança da adolscência. Mês passado estive na reunião de ex-alunos, mas não estava tão agitada. E vc?
- No grupo dos solteiros, por enquanto. É... tenho festa de aniversário de formatura no final do ano, mas não são tão legais, os agregados parecem sentir ciúme, não se integram por não terem vivido as histórias que são relembradas. Aqui não, vida de solteiro, de alguma forma, é comum a todos.
- Parabéns pelo dia. Até ano que vem.
- Até.
Para o comércio, a data não poderia ser melhor: o solteiro compra presente para si ou para outros solteiros, namorados, amantes etc, presenteariam com a intenção de que o outro não queira reviver a solteirice, e assim por diante.
Definitivamente, gostei da data.