sábado, 22 de janeiro de 2011

Baseado em fatos quase reais

A paixão foi fulminante, dessas intensas de deixar adolescente com inveja. Ambos já com certa idade, decidiram casar-se. Na elaboração da lista de convidados a surpresa: ela ainda tinha sogro e sogra. Moravam em um município distante, é verdade, horas de viagem, mesmo por via aérea. Mas toda mulher tem seus caprichos e ela não era diferente: fazia questão de conhecê-los antes de marcar a cerimônia. Ou isso, ou tudo estaria terminado.

Em um fim de semana prolongado a visita foi feita, ela sabendo somente o nome dos sogros: ele, contrariado com a insistência da noiva, resolveu nada falar, para que a “impressão do primeiro encontro” fosse a mais verdadeira possível. Na mala, como possibilidade de presente, batons de tons diferentes, trufas e livros, tudo que fosse necessário para agradar a nova família.

A recepção foi calorosa, “bem-vinda nossa atual futura filha postiça” disse-lhe a sogra. Ela conheceu a cidade, as casas em que seu noivo havia morado, alguns amigos de infância, mas o “atual” permanecia lhe martelando a cabeça, e resolveu, ao despedir-se, perguntar para a Mamã o motivo de ter empregado o advérbio.

- Atual? Ah! É porque já tive várias. Filhinho sempre me apresenta seus novos casinhos, ele gosta de saber a minha opinião, mas é tudo fogo de palha...disse-lhe isso olhando-a com expressão de tristeza.

- Entendi, deve ser por isso que eu precisei tanto insistir para lhes conhecer, ele já tinha certeza do que queria. Era uma declaração de amor que eu não havia compreendido, obrigada, respondeu-lhe abrindo um sorriso feliz e sínico.

“Esta vai ser páreo duro”, pensaram ambas, que ficaram amigas e felizes por morarem longe uma da outra.
* * *
Outra da sogra, agora no casamento:

- Queria tanto um neto, mas com a sua idade acho que vai ser difícil, né?

- A senhora poderia ajudar-me a convencê-lo a aceitar a inseminação artificial, já que seu filho é vasectomizado. 

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