Madrugada. Finalmente um vagão do metrô com lugares para
sentar. Entraram, sentaram e permaneceram em silêncio ela, seu amigo e sua
amiga. O cansaço era visível. Mesmo assim, bastou mudar a direção do olhar para
um sorridente jovem, de pé, começar a conversa:
- Há quanto tempo, fomos colegas, lembra?
- Sim.
- Tá indo para onde? Qual a próxima atração que você
recomenda?
- Tô indo para casa... Não sei o que te recomendar.
O rapaz que estava ao lado, tentando equilibrar-se, inclinou
o corpo e intrometeu-se na conversa:
- Também tenho dúvida quanto ao melhor lugar para ir. Sou de
SJC e me convenceram que programação boa, neste final de semana, só na capital.
Volto no ônibus de hoje à noite, até lá não quero perder nada e, ao mesmo
tempo, estou confuso com este mapa... Aproveitando, vou apresentar meu amigo,
aqui do lado, que veio comigo, e apresentar-me aos futuros amigos, que estou
conhecendo agora.
Ela riu e todos se apresentaram. O rapaz, então, insistiu,
pois se ela ia para casa, certamente no dia seguinte iria a algum lugar, teria
uma dica, não podia acreditar que ela fosse ficar o domingo sem passear. Deu
certo a tentativa, ela indicou a barraca de pastel em que se encontraria com
outras pessoas na tarde seguinte no exato momento em que ele saía para fazer a
baldeação.
Na vida é assim, quem não comunica está se privando da
surpresa da resposta do outro, pois o não já é a resposta que se tem antes de
perguntar.
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