A manhã havia sido ótima, certamente poderia apenas
descansar à tarde: encontrara uma loja em inauguração cujas caixas de papelão
praticamente não couberam em seu “carro”. A gerente estava tão preocupada em
desocupar a calçada antes da festa que nem se lembrou que poderia vender, doou-lhe
material de qualidade em quantidade muito maior que sua produção diária.
Dia de sorte é dia de sorte, não é para ficar parado,
curtindo o que ganhou, mas sim aproveitar “a boa maré” e ganhar mais: acelerou
os passos, ignorou os carros em velocidade e encurtou o caminho entrando na
avenida. Cantarolando distraiu-se e esqueceu-se de que se tratava de via
levemente íngreme, afinal dizem que para baixo todo santo ajuda.
O farol vermelho o alertou do perigo, como frear aquele peso
e naquela velocidade? Canteiro com motos correndo de um lado, carros
estacionados de outro, nenhum terreno ou praça para desviar em segurança, tão
pouco era possível mudar de faixa. O cheiro de borracha queimada de sua bota ficou
insuportável e todos pararam curiosos...
No primeiro cruzamento nenhum veículo, conseguiu passar
ileso, mas no segundo já havia um carro, daqueles importados, estacionado
aguardando o farol abrir. Aguentou firme o calor provocado pela fricção com o
asfalto e conseguiu evitar o “engavetamento”, parou a menos de 10 cm de
distância. Alívio, poderia ter morrido prensado entre os dois carros.
Alheio a tudo, o motorista à sua frente permanecia falando
ao celular e nem percebeu o sinal verde para seguir caminho.
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