“E daí?” – atire a primeira pedra quem nunca assim se questionou
em uma exposição de arte. Interessante que a primeira opção dificilmente é “não
sei”, “não entendi” – mesmo nas visitas guiadas. “Q loko!” também é uma
interjeição costumeira entre os imediatistas. Afinal, loko é o diferente, que
pode ser rejeitado (a intolerância desaprovada socialmente) ou apreciado (se posso
gostar do que não sei o que é, como manter a aparentemente necessária rotina?).
Indiferente quanto ao objeto contemplado, o “e daí?”, que poderia demonstrar
desinteresse, com um pouco de análise soa mais como arrogância: se não quer
saber (se há indiferença), por que foi parar ali e atrapalhar a visão dos outros? Deve ser por isso que muitos mantêm
silêncio e outros tantos não param de falar sobre qualquer outro assunto nas
exposições de arte: para impedir a percepção da ignorância.
Ouvi certa vez que arte é apenas uma linguagem a mais a ser
aprendida. E se prefixos e sufixos são
importantes para adivinhar o significado das palavras, passei a preocupar-me
com o nome da obra, como uma pista do que poderia estar em minha frente. “Sem
título”, “sem data”, "desconhecido", “sem local de produção” são ausências que me incomodam.
A foto da postagem anterior é uma de várias que tirei para ilustrar um
contexto singular, que ficou muito extenso para estar publicado aqui, mas que talvez um dia eu conte. Passei esses dias sem escrever
decidindo se colocava toda sequência ou algumas fotos. Também pensei em dar-lhe
vários títulos, fiz várias montagens e, confesso, escolher apenas uma foto e deixar
“sem título”, foi libertador: pronta para a próxima.
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