sábado, 10 de janeiro de 2009

Sei que “em cavalo dado não se olha os dentes”, mas não consigo ficar indiferente ao que li na revista que ganhei de sua editora: “Se você tem menos de 20 anos ou não tem silhueta igual à da capa de Women’s Health, nem pense em praticar esporte só de biquíni (sic).Sim, bronzeia o corpo de um jeito mais uniforme, mas e os outros com isso?” Meu primeiro impulso ao ler o trecho transcrito acima foi escrever para a seção do leitor da revista, porém, como não vou comprá-la – nem ler as próximas edições – percebi que não adiantaria. Assim, registrarei aqui a minha indignação: Unanimidade é conceito utópico; sempre haverá divergência quanto à aparência física de uma pessoa. A sugestão da revista (a matéria não é assinada) é que quem não seguir o modelo físico de sua capa deve tolher-se de fazer o que quer, como se exibir um padrão físico divergente fosse desrespeito aos outros (estou considerando aqui uma definição básica de respeito, a de não fazer aos outros o que você não quer que façam contigo). Nesta mesma linha de raciocínio, para uma pessoa compreender que seu físico incomodará terceiros e por isso não deve expô-lo, significa que ela analisa e critica o físico dos outros; que observa mais pneus e celulites a admirar a alegria e a espontaneidade que a prática de esporte transmite. Fiquei tão perplexa com a leitura na seção “Atitude WH”, que comecei a me questionar se é possível que alguém saia de casa para divertir-se preocupado mais com que outros o vejam divertindo-se, ao invés de ter foco em estar em uma situação agradável, fazendo o que gosta. Se isso existir, começo a entender o sucesso do Prozac. A propósito, outra “pérola” da página 31 da edição de janeiro de 2009 (pode conferir em uma banca, para ver que eu não estou mentindo) é “Você pode não respeitar o próximo, mas tenha pena de seu cachorro”. Ao invés de esclarecer os riscos para a saúde humana da presença de cães na praia, apelaram para a quantidade de água que ele engole ao entrar no mar e a areia que fica em seus olhos. Que tipo de gente paga R$10,00 para ler isso?

2 comentários:

Anônimo disse...

olha, tem gente pra tudo. Desde as que nao estão ligando nem para a própria saúde, passando por aquelas que estão felizes como são até finalmente aquelas que estao mais preocupadas com o que os outros pensam dela do que o que ela mesmo pensa, alias, acredito que essas pessoas nao tenham nem vontade propria, atribuindo à opiniao publica o que é bom e o que é legal. Essas pessoas leem esse tipo de revista, para saber o que devem ou nao fazer... dá nisso!

chrismaille disse...

Posto aqui porque este me parece ser o mais pessoal de seus posts até agora, exceto talvez, seu texto introdutório.

Não se trata de uma crítica, não me entenda mal, a proposta do blog é coerente com o que você (bem) escreve. Afinal, discutir relações pela net é como um encontro a luz de velas, numa arquibancada lotada.

Escrever o que se *pensa* é um desafio tão grande quanto escrever aquilo que se *sente*. Mas, confesso, de quase conseguir imaginar o seu rosto ao ler aquelas palavras na revista, valeu a pena ficar acordado até tarde pra lê-la.

E a idéia do encontro (sem arquibancada) é bem bacana. I`ll call you.

Bjos,
C.

P.S. Bela foto.