sexta-feira, 26 de novembro de 2010

para não ser trágico, deve-se tentar imaginar o cômico

A passos de uma tartaruga muito da preguiçosa o governo demonstra que não descuidou totalmente da inflação: a circular 3512 do Bacen, publicada hoje, amplia o percentual mínimo de financiamento dos cartões de crédito. Sabe aquele valor mínimo que pode ser pago na fatura? Hoje ele corresponde a 10% do débito, ano que vem ele será ampliado - uma forma de diminuir o crédito disponível e, sendo menor a demanda, frear a inflação.
Também hoje foi publicada a Resolução 3919, obrigando a divulgação ao Bacen, pelas instituições financeiras, com 45 dias de antecedência, a taxa de juros que será aplicável para quem financiar suas compras pelo cartão - é uma forma de "congelar" o aumento da taxa de juros por um prazo menor.
Fazia tempo que ir ao supermercado me tirava do sério por causa dos preços: em média o aumento foi de 20%, fora produtos que sumiram da prateleira, um sinal claro de que a negociação fornecedor x varejo ainda está em andamento.
Paralelo a esse contexto, de medidas cuja eficácia será verificada só ano que vem e de uma inflação não reconhecida pelo governo e (seria por causa das eleições?) nem pelo Bacen, jornais divulgam o estudo de um novo índice de inflação, que não conterá alimentos nem combustível em sua cesta.
Ah, tá...entendi a estratégia: meta de inflação sem considerar alimento e combustível. Lembro-me de um quadro humorístico cujo jargão era "não deixaram eu molhar o bico", bem apropriado para o discurso antes e após eleição.

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