Se o leitor diagnosticar paranóia eu respeito, pois já pensei nesta possibilidade. Fato é que não acredito mais em conhecidências – tudo está relacionado – acontecer ou não acontecer não é por acaso, mas porque assim tinha que ser. O que pode mudar são as percepções sobre os fatos. Lastimar demonstra incompreensão e livre arbítrio é uma ferramenta para a esperança com responsabilidade.
O meu atropelamento, ocorrido há algumas horas, é um desses exemplos (sim, os 40 minutos de espera no pronto socorro, mesmo com a TV ligada, permitem fazer várias relações).
Em ordem cronológica, conclui que a gratidão de estar viva era maior que a gratidão de ter descoberto a profissão que me realiza e exerço: resolvi apostar em um novo modelo de trabalho, com riscos diferentes.
A revisão dos 5 anos de faculdade em 5 meses de aula foi a decisão seguinte e, a partir daí, começaram as relações de fatos. Primeiro, a máquina do cartão de crédito do curso não estava funcionando, depois tentaram clonar o meu cartão e precisei suspendê-lo (antes de qualquer compra tenho que ligar e confirmar dados para autorizarem seu uso), pois perdi meu cartão de débito e não posso bloquear um cartão que sei que precisarei usar; pela segunda vez na minha vida fui salva por uma nota promissória e consegui manter a negociação feita (leia-se desconto).
Bem, a máquina da filial do curso, que fica no centro, estava funcionando. Como eu tinha um compromisso próximo a seu endereço, resolvi ir lá quitar minha dívida. Antes disso apareceu a bicicleta.
São Paulo, 11 de dezembro, aproximadamente 20:00, embaixo do viaduto Santa Efigênia: lá estava eu estatelada no chão, com o celular vibrando no bolso traseiro da calça, mas muita informação e gente à volta, ao mesmo tempo e naquele momento para pensar em quem estava ligando.
Para quem não conhece, o lugar tem uma calçada enorme, talvez uns 4, 5 metros de largura. Fica em uma zona de pedestre, é uma das saídas do Vale do Anhangabaú e muito próxima ao metrô.
De forma rápida o entregador do McDonalds veio na minha direção e, ao fazer o desvio derrapou nas pedras portuguesas molhadas da chuva. A bicicleta parou em mim, ele voou por cima. A dor quase provocou choro e não permitia me levantar. O que mais me abalou foi o comentário da boa alma que me colocou de pé, que perguntou para o rapaz: “e se ela estivesse grávida? Não dá para andar nesta velocidade”.
Ironia. Priorizada a vida, quando me coloquei em movimento para concretizar uma das etapas que consolidam a decisão, foi-me lembrado o quanto ela é frágil (e valiosa). Preferi pensar assim, ao invés de interpretar ser mais um “sinal” contrário à realização do curso. Também me ocorreu que outras pessoas podem se machucar se os ciclistas não tiverem um treinamento (eles próprios deveria trabalhar com EPI, um capacete ao menos – ou com EPI mais risco correrão os pedestres?).
Estou bem, arranhão na mão, dor em um cotovelo e em um joelho, um ovo na canela e 3 pontos próximos ao tornozelo. Bem, pelo menos não cheguei atrasada no compromisso que tinha: pela primeira vez estive em uma loja maçônica (o pronto socorro foi depois da palestra).
A prioridade de sábado será voltar ao local e fazer o pagamento do curso...
2 comentários:
Mas credo!
Cuidado com o joelho, se eu fosse tu procurava um ortopedista/traumato... sacumé, na nossa idade não da pra facilitar...hehehe. Bjs
Finalmente fui ao ortopedista semana passada, pois a coluna estava se fazendo notar. Diagnóstico: tudo perfeito.
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