A criatura demora meses para conseguir tempo na lua nova e, finalmente, vai ao salão dar uns picotes na juba. Procedimento normal, nacos de 10 cm aproximadamente no chão e a certeza de que melhor resultado seria impossível: cabelo liso, com volume, repicado mas sem franja, afinal na praia rabo de cavalo e coque são mandatórios e cabelo curto não dá para prender.
Com o cabelo ainda quente da escova e antes de chegar à esquina, passou por uma rajada de vento molhado e sentiu o “splash” da mecha molhada na cara. Continuou caminhando, afinal tinha ido a pé até lá e, mesmo de sandália e sem enxergar onde estava pisando, a antitetânica estava em dia.
O conselho recebido, de aguardar a chuva passar, foi desprezado por desconfiar da intenção de quem sugeriu. Aos poucos, lembrou-se da promessa de fazer esteira diariamente: agora estava sendo obrigada a caminhar com o peso da calça jeans e do blazer encharcados.
Para encurtar caminho e driblar o frio pegou metrô. Havia mais pessoas do lado de fora da catraca, aguardando a chuva passar, do que no vagão.
Em casa, banho tomado, aguardando o horário do rodízio passar, concluiu ainda estar com o saldo positivo: mesmo com o cabelo sem estar arrumado, já estava pronta num horário que sequer teria começado a entrar no engarrafamento, se estivesse trabalhando na forma convencional.
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