segunda-feira, 6 de junho de 2011

Etiqueta Urbana - Redes Sociais


Eu estava pensando a melhor maneira de expor o tema - tenho dado preferência à ficção, pois além de agradar mais ao leitor, compromete menos a autora. Mas após a notícia do tumulto na Alemanha, causado por mais de mil e quinhentas pessoas que compareceram a uma festa de aniversário marcada e cancelada no Facebook (aproximadamente dez por cento dos que haviam confirmado presença), escrever posteriormente a respeito seria perder a contemporaneidade do assunto.

Venho notando que o desconhecimento dos mecanismos nas redes sociais– e até mesmo a falta de hábito em conferir o que está sendo divulgado virtualmente – vem gerando muito mais do que gafes. Na vida real, o impulso não fica registrado, é uma das vantagens da oralidade.

Voltando à rede social, considerando as pessoas que se conheciam antes de sua existência, sua grande diversão é reencontrar pessoas, além de manter contato. O leitor já observou quantos twitters ou mensagens podem ser postadas enquanto aguarda uma ligação sua ser atendida? Se a ferramenta que permite publicar e compartilhar informação já existisse há alguns anos e todos meus amigos tivessem perfil em rede social, é bem provável que a necessidade de ter um blog nem surgisse.

Em um desses reencontros, um amiguinho do colégio escreve para o outro através da rede social chamando-o pelo apelido que a classe inteira conhecia mas que hoje seria considerado bullying. Xiiii, foi o que pensei. Outra amiga dos dois, menos contida, retrucou ao autor da mensagem - dessa vez publicando no mural dele, ou seja, acessível a todos seus amigos de Facebook – chamando-o pelo seu odiado apelido, a publicação foi algo próximo a: “- KKKKK, Fulano, tinha esquecido que ele era o Ciclano” (troque, obviamente, Fulano e Ciclano pelos apelidos).

A conversa terminou assim, mas o estrago certamente já estava feito: familiares, colegas de trabalho e amigos de outras origens que não a escola descobriram o apelido. A maturidade esperada do adulto nem sempre consegue proteger antigas feridas com a mesma eficiência que o faz em relação às novas. Estou na torcida para que não tenha sido a origem de uma nova manifestação de Bullying, apenas mudando do ambiente escolar para o do trabalho e seus novos círculos de amizade.

Brincar relembrando algo desagradável é bem pior do que fazer humor com uma situação inusitada – mesmo assim isso acontece com frequência. No Brasil a adolescente distraída ganharia notoriedade, a festa ocorreria com ou sem ela, ou alguém duvida que os camelôs ficariam de fora da convocação? Se partirmos da atual seleção das notícias veiculadas (e com destaque) na mídia tradicional, como o enterro da “fogueteira do Maracanã”, a adolescente distraída comemoraria os 18 anos assinando contrato com a Playboy.

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