Rosas, violetas, orquídeas, amores-perfeitos; das flores que
já ganhei lembro apenas que pouco duravam, mesmo as recebidas em vaso.
Conversar, regar a mais, regar a menos, colocar no sol, proteger do vento; nada
resolvia. Ao invés de terapia para “trabalhar” a frustração, fiz curso de
jardinagem, como já contei meses atrás.
Quando eu ganhei a flor da fortuna (kalanchoe) fiquei até um
pouco triste, mesmo sendo informada que ela dispensava grandes cuidados; não
era justo condená-la à morte... Meses se passaram e ela permaneceu firme e
forte, mas apenas com folhas (soube depois que o café misturado à terra era
fonte de nitrogênio, excelente para folha, mas que em excesso inibia a produção
de flor) – minha preocupação em nutri-la foi excessiva, ela realmente precisava
menos do que eu me propunha a dar.
Após minha ausência por alguns dias, contudo, ela recebeu-me
florida. A aparente ingratidão, soube depois, era sintoma de estresse: de
alguma forma, ela havia sentido a minha falta!
Tratei da sua sede e providenciei que tivesse mais espaço
para desenvolver-se. Com muita expectativa, em um dia nublado, a removi para um
vaso maior, permiti que suas raízes tivessem mais liberdade.
Tudo transcorria bem, joaninhas deixavam-na colorida à
tarde. Só que ela começou a diminuir de tamanho: ganhara liberdade de espaço e
não estava sabendo usar... Quando o ser com quem se interage fala, é possível compreender
o contexto e decidir o que fazer. Plantas não falam, apresentam sintomas para
quem tiver interesse e paciência em acompanhá-las.
Pesquisei um pouco e diagnostiquei que ela estava sendo
atacada por pulgões. A existência de terceiros soavam como uma repugnante
novidade. Há algum tempo eu teria cessado minha contrariedade descartando planta
e pulgões. Dessa vez surpreendi-me com minha reação: controlei o asco e passei
a catá-los tal qual piolho. Diferentes respostas podem ser dadas aos mesmos
fatos, tudo depende de contexto.
A alternativa ecológica resolveu em parte o problema, pois alguns
pulgões continuavam lá. Comprei, então, veneno. Às vezes fazemos o que nos é mais
difícil, nos paralisamos refletindo, procuramos ser originais - e o melhor
resultado pode ser obtido agindo de forma tradicional e simples.
Não vejo mais os pulgões, nem as joaninhas que deles se
alimentam. Em compensação, flores voltaram a aparecer. Deu certo, o que parecia próximo ao fim, renasceu. Fiquei feliz.
2 semanas depois (25 de agosto) já estava toda florida! |
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