sábado, 27 de agosto de 2011

tensão e suspense

Resolvi arriscar. Levei o carro para fazer a inspeção veicular sem trocar o óleo e o seu filtro na véspera, como indicam 10 entre 10 mecânicos. Considerando as instruções do fabricante, pelo decurso do tempo, ele está vencido. Mas, pela quilometragem, não andei 10% do indicado. O risco, contudo, foi calculado: a pior hipótese era ter de voltar a fazer o procedimento em até 30 dias, também preocupei-me em ler as instruções da Controlar e chequei os itens que seriam inspecionados; a exigência era de que o óleo não estivesse abaixo do mínimo... Abri o capô e, com o manual do proprietário como guia, procurei a tal da varetinha do óleo. O nível estava no máximo e o conteúdo bem transparente. Pequeno teste de paciência colocá-la de volta no lugar; lembrei-me do garoto que teve o carro reprovado por sua ausência (quando me contaram achei que fosse algo improvável de ocorrer) e fiquei tentando até conseguir confirmar de que não sairia do lugar (dos 360º, só em um a vareta dá click de encaixe).

Este ano não consegui marcar a inspeção no local aparentemente mais próximo de casa. Digo aparentemente porque mesmo parando duas vezes para consultar o GPS manual cheguei em menos de meia hora no posto de inspeção; a velocidade média acima de 20 Km /h tornou o Tatuapé melhor opção do que a Barra Funda. O local também é bem maior, mesmo cheio, havia apenas dois carros na minha frente...

Dessa vez fui mais esperta, ao sair do veículo deixando o motor ligado (é o procedimento), desloquei-me para a cadeira da faixa amarela do carro ao lado do meu, para poder verificar exatamente o que era visto no capô. Foi a minha sorte. O procedimento todo, olhar o carro por baixo com um espelho e lanterna, levantar o capô e procurar fio decapado (eles não olham o nível do óleo!), grudar um fio no motor e outro no cano da descarga, para depois acelerar até 2500 rpm e deixar por uns segundos sem acelerar não dura mais do que 4 minutos. Meu carro ficou 26.

O funcionário fazia todo o procedimento e, ao final, o computador mandava ele refazê-lo.  Imagina como eu estaria se eu não tivesse acesso ao resultado, ou seja, se tivesse ficado onde eles indicaram para o motorista ficar... Não muito próximo um senhor gritava exigindo falar com o responsável, pois teria seguido a instrução de desacelerar o motor e, mesmo assim, seu carro era reprovado novamente. E eu lá, firme, refazendo meu roteiro de andanças automotivas pela tarde de quinta...

Deu tudo certo, ganhei o selo "11" e recebi os parabéns e pedido de desculpa pela demora: o aparelho teria tido dificuldade de captar a rotação do motor. Mesmo com o selo no vidro, fui orientada a manter o papel com o resultado do exame (impressão térmica, que não deve pegar calor ou umidade para ser conservada) junto com o DUT. Os selos anteriores poderiam ser retirados. Francamente, se não há sistema para verificação da veracidade do selo, eu é que não tiro o único comprovante que tenho dos anos anteriores! A visita ao Detran, ano passado, já foi mais do que suficiente!
Após 40 Km transcorridos em menos de 3 horas, em muitos trechos sentindo-se "a idiota" por manter a velocidade máxima permitida de 60 Km/h enquanto por todos era ultrapassada, desliguei a bateria e tentei relaxar os ombros voltando a ser pedestre.

A moda por aqui é multar motorista que não dá passagem ao pedestre, acredito que seja uma tentativa de diminuir os acidentes em uma cidade que cada vez mais recebe turistas que conhecem as regras de trânsito - 2014 é logo aí (e ensinar os brasileiros, que por aqui sempre estão, não geraria tanta arrecadação). O problema é que os pedestres atravessam mesmo quando o sinal está fechado para eles; sem carros andando quando lhes é permitido pelo temporizador do farol, o engarrafamento aumenta. Por outro lado, longe dos amarelinhos e onde não tem semáforo, tudo continua na mesma. Muito mais produtivo seria, pelo menos, lembrar aos motorista que o pisca (em SP chamado seta) não é acessório e deve ser usado.

Ir à Cinemateca a pé, hoje, foi uma aventura. Isso exatamente pelo comportamento dos motoristas. As transversais que precisei atravessar são largas e não possuem qualquer sinalização. Por outro lado, na via principal, os carros andam muito rápido e, com a liberdade de fazerem curvas abertas, nem diminuem ou sinalizam ao dobrar.

Enquanto eu observava a programação do festival de curtas (os filmes passam com o intervalo de 1 minuto simultaneamente nas duas salas) percebi que um dos patrocinadores oferecia pipoca e outro colocou modelos servindo drinks alcóólicos. Animação nos corredores, disponibilidade de escolha das e nas salas. Sem sinopse, meu critério foi privilegiar a mostra competitiva.

Se existisse coincidência, os 5 curtas assistidos tinham em comum o suspense - eram histórias recortadas, sem início ou fim, que mostravam um momento de tensão cabendo ao espectador interpretar do que se tratava. Não eram ruins os filmes, mas minha dose de tensão e suspense já tinha passado da cota suportável - nem fiquei para os debates, que costumam ser interessantes. Contudo, amanhã tem mais.

No caminho para casa, ainda assisti uma bicicletada de protesto (passeata é só a pé, certo?). "Mais bicicletas, menos carros", gritavam descendo o corredor de ônibus. Enquanto isso, o semáforo abria e fechava, no cruzamento da Tutória com a Brigadeiro interditado, veículos e ônibus em quantidade aguardando o movimento passar. Estamos na semana da mobilidade, uma forma de refletir sobre as dificuldades e reivindicações das minorias - falta assumir que mobilidade também não é a realidade da maioria.

2 comentários:

Viviani disse...

Finalmente te achei!
Menos mal que o seu carro passou na vistoria, se depois de meia hora lá fosse reprovado era para querer dar tiro na testa.
Nem fui ver os curtas, ando num cansaço crônico que vou te contar...
Beijos, nos vemos terça!

?! disse...

Oba! Muito bom encontrar com vc por aqui (rs). Volte Sempre...

Havia curtas muito bons e outros que, francamente, não descobri o motivo do curador tê-los escolhido. Dá para assistir ainda alguns deles na Internet, no site do evento - não sei se vou ter tempo de voltar lá até sexta.

Quanto ao carro, apesar do risco ter sido calculado, se não tivesse dado certo eu teria ficado quietinha, quietinha - faz parte do "ser uma eterna otimista" só considerar o que dá certo.