quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Querer é QUERER, não apenas pretender.

Carimbo de ingresso na exposição, com prédio ao fundo.
Seria a quinta tentativa. Precisava ser a última. Chegou às 8:20 sabendo que somente às 10:00 as portas seriam abertas. Naqueles dias quentes, melhor aguardar no horário de sol tímido. Outros pensaram o mesmo e só conseguiu entrar às 10:40. Além da fila preferencial, que dá direito a acompanhante, a escola que era para chegar às oito chegou às nove e tudo atrasou – foi o que o segurança lhe confidenciou em uma das filas internas do prédio. Sim, não bastava aguardar para entrar, uma vez lá dentro, antes de cada sala, nova contagem de pessoas era feita...

Na entrada, recebeu um carimbo na mão. Ainda bem que não tem alergia. Achou que o momento merecia uma foto, os adolescentes que estavam atrás gostaram da ideia. Subiu em um silencioso elevador enquanto o grupo ficava decidindo quem tirava a foto da mão de quem. Mas durou pouco, dois quadros apenas.

Respirou fundo. “olha esse!”, “e esse!”, “eu gostei mais desse”, “não, agora acho que esse é mais legal!”. E daí, criatura? Certamente é importante incentivar a visita de jovens, mas sem prévio preparo, parecia um oficial “cabulamento de aula”. Ter que passar no meio de um grupo discutindo se era o mesmo “rio” nos quadros só depôs contra o colégio. O guia da excursão estava num canto, nada falou sobre o Sena, estava fazendo sei lá o quê.

Percebeu dois jovens que conversavam baixo, analisando um quadro, e resolveu “grudar neles”. Sem guia e sem material da exposição (limitado às escolas), os dois meninos eram prova de que a educação formal não substitui berço, o que falavam parecia coerente mais pela postura educada do que pelo conteúdo em si.

Leu tudo, tentou memorizar quadros novos, reforçou o afeto por outros, e despediu-se com um “até breve”.
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Algumas pessoas disseram-me que não iam na exposição porque já tinham tido a oportunidade de ver os quadros. Sei que gosto não se discute, muito menos preferências. Só que cada arranjo de quadros torna tudo diferente - e legendas em português fazem a diferença. NO CCBB, os quadros são as estrelas, não o arranjo.

 
Digo isso em um contexto de quem inclui Paris no roteiro pensando em rever o último andar do Musée d’Orsay, sem se importar de ter muito ainda para conhecer da cidade luz – rever o que estiver disponível por ali torna qualquer outro lugar um complemento do passeio.

 
O que me surpreende mesmo é a quantidade de gente com tempo disponível no horário comercial. Para quem tem horário a cumprir, de sexta para sábado terá outra “virada”, o CCBB não vai fechar de noite. Minha dica é pegar metrô próximo à meia noite, descer na São Bento ou na Sé e ir a pé mesmo. Certamente quando o metrô voltar a funcionar, às 4:00, você ainda não terá terminado o passeio (acho melhor do que estacionar na Consolação).Só não vale sentar numa cadeira de rodas para pegar a fila menor. Termina dia 6 de outubro.

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Lógico que eu compreendo a vontade de compartilhar no momento em que se gosta de alguma coisa. O que critico é a criatura gritar para outra, como se fossem as únicas na sala, o que acham de cada quadro - ainda mais mudando de posição a cada segundo. No compartilhar também deve haver o esperar o outro formar sua opinião. Ao gritar suas preferências, atrapalhavam a leitura das explicações e impediam que os demais pudessem formar a sua própria opinião e a compartilhassem.

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