Descobri porque o meu cuidado e dedicação às plantinhas
estão sendo ineficientes: a grande variedade de adubo e substrato são absorvidos
como um só elemento, o nitrogênio, responsável pelo desenvolvimento das folhas
e, com tanta folha para nascer, não há condições biológicas para
desenvolvimento de flores. Como consertar um cenário desses? Parar de regar é uma
das alternativas.
Explicou-me o professor que as plantas em situações adversas
são mais floridas do que as cuidadas periodicamente. Tal fato foi constatado
através da experimentação, mas não tem uma razão cientificamente comprovada. Acho que
comecei a entender de que forma a agricultura e a jardinagem podem auxiliar no
desenvolvimento de pessoas em situação de risco:
1º) somente convivendo com as plantas é possível perceber a
melhor forma de cuidá-las. Cada uma é um ser diferenciado. Manuais descrevem o
comportamento genérico, porém só a atenção permitirá o seu correto
desenvolvimento – observação e paciência são fundamentais para obter êxito no
relacionamento.
2º) observar a natureza ajuda a criar um ambiente favorável
para o desenvolvimento, mas isso exige respeito ao tempo de cada espécie (e eu
que nunca havia interpretado a ansiedade como desrespeito ao tempo do outro...).
Algumas florescem só uma vez ao ano e é preciso conviver somente com galhos no
outono e no inverno para poder na primavera deslumbrar-se com a sua beleza – a
decepção decorre da expectativa que temos, aceitar as diferenças não impede a
convivência, o compartilhar e o maravilhar-se com o que o outro pode
proporcionar.
3º) A ausência de agrotóxicos no cultivo é a característica
mais divulgada das hortaliças e legumes conhecidos como orgânicos, ao invés do
fato de serem mais nutritivos, que é o que importa. A convivência com outras
espécies os faz “preocuparem-se” em ser mais fortes e absorver mais nutrientes,
dificultado a infestação de pragas – o meio externo/aparência é mais divulgado
e conhecido do que o interior do ser.
4º) Ao regar, não economize na água. E também não regue
todos os dias. A planta não vai conseguir absorver tudo o que está recebendo,
mas ficará mais vigorosa, com raízes mais eficientes. A rotina de molhar um
pouquinho todos os dias acomodam as raízes na superfície – ser intenso – mesmo
que nem sempre se fazendo presente - é
melhor do que a rotina de dependência, que com qualquer brisa tomba.
5º) Se você não sabe o que quer colher ou o jardim que lhe
agrada, não plante, contemple as possibilidades até escolher – apenas mantenha o
solo livre e preparado para o cultivo futuro.
6º) Não é todo vegetal que é ornamental ou comestível, evite
dedicar seu tempo cultivando o que só lhe gerará o trabalho de arrancar, nem
fique podando uma árvore só porque todos fazem, para depois descobrir que a
sombra era o que ela tinha de melhor. O vegetal não sabe que você quer a flor
ou o fruto, se você também não souber, é você quem não vai aproveitar tudo que
lhe seria permitido, pois os ciclos da planta ocorrem independentemente de você.
Outra opção para ter flor é corrigir o PH do solo colocando
calcário. Ao produto químico, adquirido em prateleira, faço analogia com estereótipos,
sempre é possível usar o que já está pronto, apenas seguir o senso comum, mas aparências
só se mantêm aparentemente.
2 comentários:
Gisele, uma vez um florista disse para alguém que me disse que costumava passar a base do galho do botão da rosa, na chama, no fogo, queimando-a um pouco, daí, mergulhava n'água e nesse processo a água era sorvida com tal intensidade que o botão desabrochava por completo numa linda e vigorosa rosa; não sei se rosa, ou vermelha, branca, talvez, amarela. E ainda não sei se é verdade, andei queimando muito talo de rosa, e, a bem da verdade, não me lembro do resultado, mas, acho que o desabrochar não foi tudo aquilo. Gisele,foi muito gostosa a leitura do seu texto. Não dá pra parar no meio e, ir aguar as plantas, por exemplo. É fluido e traz boas sensações. Grata e beijokas, da Sandra.
Obrigada, Sandra. Como as aulas de jardinagem continuam, vou perguntar aos professores e te conto o resultado de minha pesquisa.
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