(Re) passando o tempo
Queimada. Eu conhecia como caçador e com regras diferentes. Eram
dois times, uma das poucas brincadeiras de infância com bola de que eu gostava – e muito.
No caçador, toda vez que a bola é lançada pelo time adversário, ela é um tiro.
Quem é atingido vira caçador. Na queimada não é assim: como no caçador, pode-se
fugir ou pegar a bola, mas se ela encostar ou se cair da mão – é fim de jogo.
Caçar matando eu entendia, mas queimar...? Qual a relação do
jogo com seu nome? Muito pouco sei sobre queimadura, é verdade. Lembrei-me do
jogo enquanto permanecia com a perna parcialmente empolada apoiada na cabeceira
da cama.
Ainda não me conformo que possa ter me esquecido de passar
protetor na panturrilha, um descuido tão idiota quanto o de ser atingida por
uma bola evitável. A inconsequência tem consequências; sobrevive quem foge ou
enfrenta (segurando a bola e não a deixando cair).
Também tem o desconforto, da coceira ou de assistir ao jogo
sem estar nele. Sim, na queimada quem é queimado fica de fora; já no caçador,
quem é caçado pode ficar em uma extremidade e ajudar a eliminar o adversário,
enquanto há jogo, participa quem quer.
Insolação, definitivamente, não tive. Logo, a comparação
pode até parecer – mas não é delírio. Um exemplo apenas de como se pode
conseguir argumentar sobre qualquer coisa e em qualquer direção.
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