terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Papelão


Não me refiro às caixas que deixaram de ser recicladas e passaram a entupir as bocas-de-lobo nesses dias de chuva, mas ao sentido conotativo do título e sua relação com a conduta do Governo do Estado de São Paulo frente a questão das sacolinhas de supermercado.

Antes de minha crítica, quero frisar que a utilização de tais sacolas já é algo raro para mim faz um bom tempo. Mesmo assim, discordo da forma como o acordo dos supermercados com o governo foi divulgado: se os supermercados tivessem dito que as sacolas não seriam mais gratuitas por uma estratégia de negócio, eu entenderia. Só que dizer que o motivo é a preocupação com o meio ambiente e o governo endossar isso é subestimar a inteligência dos paulistas.

A administração direta assinou um acordo que já foi alterado pela administração indireta (Procon-SP) e não vem sendo cumprido. Não sei qual hipótese é pior: (i) não há comunicação dentro do executivo; (ii) as decisões são tomadas e implementadas conforme a vaidade das lideranças; (iii) ninguém previu que haveria resistência ao acordo por parte dos usuários e da indústria de plásticos.
A nova redação do acordo, assinado novamente entre os supermercados e o Procon-SP, é apenas mais um papelão: só mudou o prazo para implementação do fim das sacolinhas gratuitas, sendo que o fato já vinha sendo divulgado há meses. Só turistas e alienígenas poderiam alegar desconhecimento da medida, amplamente divulgada, pelo menos, desde novembro de 2011.
O mais relevante, no entanto, não é sequer discutido: a ausência de coleta seletiva nas cidades do Estado de São Paulo. Na capital, por exemplo, só o que é levado até o estacionamento de algumas lojas de supermercado recebe destinação adequada. Particularmente, penso que apenas por esse serviço (não importando se ele traz lucro ou não para o estabelecimento) os supermercados já mereceriam não precisar distribuir as sacolas. O fato é que, no Estado de São Paulo, mesmo sem a distribuição das sacolinhas plásticas, menos lixo nos lixões está longe de ser uma possibilidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

ola minha cara

passei so para jogar um pouco de pimenta no seu nobre comentario ;)

quando vc sugere a tese ( iii)
' ninguém previu que haveria resistência ao acordo por parte dos usuários e da indústria de plásticos."

Creio que eles se esqueceram de que do outro lado da medida das sacolas havia a CLASSE MéDIA!

essa parece - pouco a pouco e quando percebe.. - nao querer mais engolir tanta baixaria..!! tomara!

;)

Fabiano R.

?! disse...

Com certeza, Fabiano, há também na classe média (na qual me incluo) pessoas que não aceitam qualquer discurso... Houvesse mais protestos (e aqui deixo claro que distingo bem protesto de mera rebeldia), menos abusos ocorreriam. Obrigada por sua participação.