Li há pouco uma frase que me pareceu muito explicativa: “o
que você tenta esconder acaba por te controlar”.
É consenso de que não somos perfeitos, podemos, no máximo,
ter a perfeição como objetivo (e muitos que assim agem, como não conseguem,
precisam depois tratar uma úlcera). Então, digamos que haja algo em que
gostaríamos de ser diferente e não conseguimos ou que haja alguma
característica da qual sintamos vergonha.
A desagradável descoberta permite duas opções: transformá-la
em um segredo, ou seja, contar para alguém, o que é sempre o primeiro passo
para uma divulgação eficiente; ou escondê-la.
Se você pode esconder é porque está com você, não é você. Só
que “jogar fora” também torna possível que alguém descubra quem descartou.
Então a opção de esconder parece melhor, mas o controle do esconderijo exige
cuidado e a constante vigília cansa. Haverá um momento em que alguém precisará
ser seu cúmplice, alguém que você confia que vai lhe ajudar na estratégia de
melhor esconder e, uma vez que outro saiba... Também pode acontecer de você
ficar tanto tempo de vigília, isolado, que nem vai mais se lembrar o que estava
fazendo ali, apenas um dia perceberá que há algo de desconfortável naquela
posição.
Pode ser que a função dos terapeutas seja descobrir em que
estágio você está e, em alguns casos, por que a criatura se colocou ali, ao
invés de simplesmente seguir em frente. Ainda não consegui identificar por qual
motivo (sim, às vezes percebo-me em vigília) estagnamos em um ponto ao invés de
simplesmente seguir em frente e deixar-nos surpreender com observações como: "que legal que você é ______" ou “exagero,
você nem é tão ____” . É, não sabendo facilitar, com a necessidade de em tudo
interferir, o ser humano complica.
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