sábado, 14 de janeiro de 2012

Poderia ser um presente para nós e a cidade...

A proibição de distribuição de sacolas plásticas em São Paulo, apesar de não ser assunto recente, ainda vai "dar o que falar", mesmo após sua entrada em vigor no próximo dia 25. Não vou divagar em futurologia, se a lei "vai pegar", se há realmente preocupação com o meio ambiente ou se trata-se apenas de "Cidade Limpa - fase II" com expectativa do respectivo reflexo nas urnas.

Medidas isoladas que "fazem barulho" só servem para isso. Impossível ignorar que não há coleta seletiva em São Paulo e que se houvesse, não apenas mais pessoas conseguiriam sobreviver a partir da reciclagem, como menor seria o volume de descarte destinado aos lixões, algo muito mais prejudicial do que as sacolas.

A cada dia percebo um maior número de pessoas dispensando as sacolinhas e utilizando alternativas como caixas de papelão. Há mais de ano que eu utilizo sacola de pano e coloco as frutas e verduras soltos no cestinho do supermercado, mesmo que a moça do caixa me olhe feio por ter que pesar duas vezes o mesmo produto, ao invés de somente jogar mais um saco plástico na balança. Utilizo, sim, as sacolas plásticas para descartar o lixo orgânico, consumo uma por dia, mais precisamente, e não estou nada contente em ter que passar a comprar saco de lixo (na verdade já voltei a pesar os produtos da forma tradicional, como uma forma de adiar a nova despesa).

Para uma medida dar certo - não importa se a motivação é humanitária, econômica ou ambiental - ela tem que ser planejada como um todo. No meu prédio, por exemplo, cada andar tem dois contêiners, um para lixo orgânico, outro para lixo reciclável. Eu e  meus vizinhos separamos o que descartamos, mas apenas o que conseguimos vender (jornal que não esteja amassado ou picotado, revistas idem, latas de alumínio e alguns vidros) têm o descarte correto. O que o prédio não comercializa acaba tendo o mesmo destino do que realmente é lixo, já que só há um tipo de coleta pela prefeitura.

Depois que eu soube disso (dei um flagrante no faxineiro, que estava juntando tudo), passei a levar no supermercado o que fosse reciclável e não tivesse meios de ser aproveitado pelo prédio. Talvez esse possa ser um lado positivo da proibição: já que não há necessidade de embalar o que é reciclável, separar significa menos sacos de lixo a serem comprados (isso para quem "radicalizar" e passar a levar ao supermercado o que antes sequer separava).

Mesmo considerando-me ambientalmente consciente, não quero gastar com plástico e pensei em formas de diminuir meu volume de lixo. Procurei e não encontrei um triturador. Cogitei ter um minhocário, mas a ausência de sombra no apartamento torna-o inviável. A julgar pela grande oferta de sacolas retornáveis (todas de plástico) nas gôndolas, a indústria plástica conseguiu um bom acordo, não receberemos mais aquele produto de péssima qualidade, que rasgava fácil, mas teremos que comprar algo que aparentemente servirá para o que foi fabricado, ou seja, o volume de plástico despejado na sociedade será o mesmo, só muda quem irá financiá-lo. Ficará tudo na mesma e está sendo desperdiçada a oportunidade de efetivamente melhorarmos o meio ambiente em que vivemos.

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A analogia com o "Cidade Limpa", política que retirou outdoors irregulares da cidade de São Paulo e restringiu toda a comunicação visual do comércio, deu-se por estarmos em ano de eleições e a realidade da capital ser a que eu conheço. O "acordo" para eliminar as sacolas é estadual, e para não parecer estou sempre do contra ou omitindo informações, segue o link: http://vamostiraroplanetadosufoco.org.br/

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