Desaprendi a andar na chuva. Três dias e três guarda-chuvas
aguardando conserto ou um local que os descarte corretamente. Muita roupa para
secar, mesmo usando capa de chuva ¾. Se a minha calça logo fica tom sobre tom,
com a tonalidade mais escura do joelho para baixo, percebo que as pessoas à
minha volta não estão tão encharcadas quanto eu, no máximo gotas de chuva são
visíveis no tecido de suas roupas.
Pensei em usar saia e carregar uma toalha na bolsa, mas a
bolsa em que a toalha caberia ainda não secou. Fiquei intrigada de como eu
conseguia ir e voltar do colégio, caminhando distâncias maiores das que caminho
hoje, com muito mais êxito. Ou será que eu não percebia os efeitos da chuva?
Lembrei-me de que usava polainas, feitas de restos de lã
pela minha vó. Não que fossem moda, eu gostava mesmo, dava um colorido no
uniforme. Só na faculdade é que elas saíram de meu armário. Eram exclusivíssimas,
tricotadas uma a uma, o que fazia com que minha vó deixasse o par apenas
parecido entre si, nunca igual.
No inverno, às vezes colocava duas, três, ou uma por cima de
duas, já que com o tempo elas iam ficando mais largas. Como eu me arrumava
sonolenta, era comum eu me enganar e colocar uma de cabeça para baixo ou usá-las
sem o correspondente par.
Eu sabia que as polainas esquentavam o pé e as pernas, mas
só agora percebi que também deixavam meu pé seco por mais tempo.
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