sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Polainas

Desaprendi a andar na chuva. Três dias e três guarda-chuvas aguardando conserto ou um local que os descarte corretamente. Muita roupa para secar, mesmo usando capa de chuva ¾. Se a minha calça logo fica tom sobre tom, com a tonalidade mais escura do joelho para baixo, percebo que as pessoas à minha volta não estão tão encharcadas quanto eu, no máximo gotas de chuva são visíveis no tecido de suas roupas.

Pensei em usar saia e carregar uma toalha na bolsa, mas a bolsa em que a toalha caberia ainda não secou. Fiquei intrigada de como eu conseguia ir e voltar do colégio, caminhando distâncias maiores das que caminho hoje, com muito mais êxito. Ou será que eu não percebia os efeitos da chuva?

Lembrei-me de que usava polainas, feitas de restos de lã pela minha vó. Não que fossem moda, eu gostava mesmo, dava um colorido no uniforme. Só na faculdade é que elas saíram de meu armário. Eram exclusivíssimas, tricotadas uma a uma, o que fazia com que minha vó deixasse o par apenas parecido entre si, nunca igual.

No inverno, às vezes colocava duas, três, ou uma por cima de duas, já que com o tempo elas iam ficando mais largas. Como eu me arrumava sonolenta, era comum eu me enganar e colocar uma de cabeça para baixo ou usá-las sem o correspondente par.

Eu sabia que as polainas esquentavam o pé e as pernas, mas só agora percebi que também deixavam meu pé seco por mais tempo.

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