“Melhor não me incomodar” é a resposta que tenho ouvido de
vários incomodados não assumidos. Explico. Pessoas que são prejudicadas
preferem a inércia à denúncia, permitem que o dano atinja a outros e não tomam
qualquer atitude – mesmo sabendo que podem ter sido prejudicados devido ao
conformismo de outros (prejudicados antes deles). Talvez apenas o dinheiro - indenização
ou inadimplência - quebre esta regra.
Lembro de uma dinâmica na adolescência, em que se chegava à
conclusão de que era mais confortável naufragar em um navio lotado do que
sozinho em um bote. O contexto da época eram as drogas, os "amigos" que as ofereciam
eram passageiros de um navio que estava afundando. Mas em trambiques são as
vítimas cujo orgulho ou ganância não as permite divulgar o golpe de que foram
vítimas: é mais confortável não ser o único "trouxa".
Somos solidários na tragédia e solitários nas vitórias.
Perder em silêncio só é válido quando há uma disputa lícita, como nos esportes. Em qualquer outro
caso, divulgar o ocorrido, principalmente às autoridades, é o mínimo auxílio
que se deve proporcionar.
Ajudar, por sua vez, também é uma forma de reclamação, já
que não deixa de ser a manifestação de sua contrariedade com o status quo. Ajuda boa é a que só precisa ser feita uma vez. Só oferecer ajuda, por sua vez,
equivale a apenas contar a amigos e familiares o golpe sofrido: jogar ao vento
a possibilidade de mudar, ser conivente com o que não está correto.
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