quarta-feira, 18 de abril de 2012

Trocando seis por meia dúzia

Dia desses uma amiga confidenciou-me que trocaria a magistratura por medicina. Pediu-me segredo, não minha opinião. Porém, agora que parece ser fato consumado, sinto-me livre para publicar minha reflexão a respeito: mera troca de seis por meia dúzia.
Nada a ver? Tanto o médico quanto o juiz só são procurados quando há problema envolvendo a vida das pessoas; eles não podem recusar-se a atender, mas por diferentes motivos técnicos, “indicar um colega” é um atendimento considerado correto.
Pode-se afirmar também que o prestígio social das duas profissões se equivalem, e que nunca trabalham sozinhos, apesar de socialmente receberem o mérito do que é feito por toda a equipe. Enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos obrigatoriamente interagem e cuidam de seus clientes. Médico pode curar sem precisar lidar com a pessoa, como ocorre com os cirugiões. Da mesma forma, advogados, defensores e funcionários do cartório lidam com as partes, juiz só as vê em audiência (quando há audiência), mas parece que quanto mais distante ficar, mais valorizado é o profissional.
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Fomos criados para substituir a escola pelo trabalho e o trabalho por uma aposentadoria. A família em que você nascesse, o emprego e o relacionamento que você conseguisse representavam tanto uma conquista esperada pela sociedade como uma condenação por ela imposta.
Hoje mudamos de emprego, de profissão, de cidade, de relacionamento, de família, de hobby. Na idade em que hoje temos filhos nossos antepassados já eram avós. Ganhamos tempo de vida não apenas através da longevidade, mas também graças à tecnologia. Somos a primeira geração a ter essa conquista; à medida que vivemos vamos descobrindo no que utilizá-lo: em mais trabalho e não dispensar qualquer momento refletindo se só há mesmo uma única opção? Em mais lazer (e qual lazer?), desperdiçando oportunidades de negócio?
Se existir resposta certa, será a única em que se consegue responder sem ponderar fatores externos, passados e futuros – e que pode perder sentido a qualquer momento. Afinal, quem consegue responder, de forma sincera, o que realmente importa para si?

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