domingo, 15 de abril de 2012

Sexta-feira Treze

Somente ao chegar em casa percebera que sua chave não estava na bolsa. Nem a chave, nem o hidratante. Respirou fundo, de forma otimista imaginou-os caindo enquanto corria fugindo da chuva, afinal os cartões estavam todos e, pelo menos, o celular além de não ter sido perdido, estava carregado...
Era impossível refazer o caminho percorrido durante o dia, não seria prudente àquela hora, muito menos produtivo, já que todos os lugares certamente estariam fechados.
Lembrou-se do serviço adicional contratado com o seguro do carro, mas o telefone da seguradora ela tinha em casa e no carro, não naquele celular. 4004 o que mesmo? Na segunda tentativa acertou o número, até que não estava assim tão sem sorte naquela sexta-feira 13, ou melhor, sábado 14. Deveria ser isso, já era sábado.
Como era a chave da sua casa? Em formato de cruz, respondeu, com um cachorrinho ao lado do ponto que indica o sentido correto. Previsão de atendimento: 120 minutos, mas poderia ser antes devido aos poucos chamados naquele horário. Respirou fundo novamente. Não adiantava ter sono, precisava entrar em casa.
Logo, logo chegou um rapaz educado exalando cigarro e prometendo abrir a fechadura num zás-trás. Mas aí a expressão do rosto dele mudou, demonstrando preocupação: aquele tipo de fechadura não tinha cobertura, inclusive ele sequer tinha ferramenta para aquilo.
Ela lembrava de ter trocado o miolo e escolhido o modelo mais seguro, mas não tinha ideia que isso pudesse corresponder a só ter o arrombamento como solução, e numa hora daquelas...Talvez fosse melhor ir para um hotel ao invés de arrombar. Mas talvez o rapaz não pudesse retornar sem a satisfação da cliente e ligou para a central. “Qualquer um abre com um lixa, é normal” foi a resposta que ouviu. Ufa! O arrombamento estava descartado.

Com uma lanterna de luz azul, o rapaz bufava nervoso enquanto mexia. Ela caminhava de um lado para o outro mais para garantir que a luz do hall não apagasse do que por impaciência. Afinal, não tinha noção do que seria um tempo razoável para descobrir o segredo de uma fechadura. Seu vizinho, chegando em casa, assustou-se ao vê-la ali, mas conteve o riso ao saber da história.
E a porta continuava fechada. Nova ligação para a central. “Tira os parafusinhos à volta que ela desprende”. Assim ele fez e nada. Até que ela autorizou que houvesse dano, caso não houvesse outra possibilidade...
A porta foi aberta e a fechadura passou a exigir “um jeitinho” para funcionar. Ela ficou perplexa ao perceber que não se lembrava da chave da própria casa, que não era nem um pouco parecida com a que havia descrito. A chave já foi encontrada, mas isso seria uma outra história...

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