Somente ao chegar em casa percebera que sua chave não estava
na bolsa. Nem a chave, nem o hidratante. Respirou fundo, de forma otimista
imaginou-os caindo enquanto corria fugindo da chuva, afinal os cartões estavam
todos e, pelo menos, o celular além de não ter sido perdido, estava
carregado...
Era impossível refazer o caminho percorrido durante o dia,
não seria prudente àquela hora, muito menos produtivo, já que todos os lugares
certamente estariam fechados.
Lembrou-se do serviço adicional contratado com o seguro do
carro, mas o telefone da seguradora ela tinha em casa e no carro, não naquele
celular. 4004 o que mesmo? Na segunda tentativa acertou o número, até que não
estava assim tão sem sorte naquela sexta-feira 13, ou melhor, sábado 14.
Deveria ser isso, já era sábado.
Como era a chave da sua casa? Em formato de cruz, respondeu,
com um cachorrinho ao lado do ponto que indica o sentido correto. Previsão de
atendimento: 120 minutos, mas poderia ser antes devido aos poucos chamados
naquele horário. Respirou fundo novamente. Não adiantava ter sono, precisava entrar em casa.
Logo, logo chegou um rapaz educado exalando cigarro e
prometendo abrir a fechadura num zás-trás. Mas aí a expressão do rosto dele
mudou, demonstrando preocupação: aquele tipo de fechadura não tinha cobertura,
inclusive ele sequer tinha ferramenta para aquilo.
Ela lembrava de ter trocado o miolo e escolhido o modelo
mais seguro, mas não tinha ideia que isso pudesse corresponder a só ter o
arrombamento como solução, e numa hora daquelas...Talvez fosse melhor ir para
um hotel ao invés de arrombar. Mas talvez o rapaz não pudesse retornar sem a
satisfação da cliente e ligou para a central. “Qualquer um abre com um lixa, é
normal” foi a resposta que ouviu. Ufa! O arrombamento estava descartado.
Com uma lanterna de luz azul, o rapaz bufava nervoso enquanto
mexia. Ela caminhava de um lado para o outro mais para garantir que a luz do
hall não apagasse do que por impaciência. Afinal, não tinha noção do que seria
um tempo razoável para descobrir o segredo de uma fechadura. Seu vizinho,
chegando em casa, assustou-se ao vê-la ali, mas conteve o riso ao saber da
história.
E a porta continuava fechada. Nova ligação para a central. “Tira
os parafusinhos à volta que ela desprende”. Assim ele fez e nada. Até que ela
autorizou que houvesse dano, caso não houvesse outra possibilidade...
A porta foi aberta e a fechadura passou a exigir “um
jeitinho” para funcionar. Ela ficou perplexa ao perceber que não se lembrava da
chave da própria casa, que não era nem um pouco parecida com a que havia
descrito. A chave já foi encontrada, mas isso seria uma outra história...
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