Garoa e refrescante brisa de outono do lado de fora. O
domingo estava diferente. Não porque segunda-feira fosse um dia útil sem
trabalho às vésperas do dia do trabalho: ao invés de aproveitar a cidade
tranquila, do jeito que gostava, estava em casa, procurando folhas de rascunho.
Desfizera-se de algumas coisas semanas atrás. Papéis e
impressora, por exemplo. Sacos de lixo cheios e menos espaço disponível - o
contrassenso de toda arrumação – já era esperado. Mas ter que interromper seu
atual projeto por falta de papel, não imaginava.
Se soubéssemos as respostas não faríamos perguntas, foi o
que lhe ocorreu. E estava naqueles momentos que nos mostram que se não sabemos as
respostas, menos ainda temos preparo para provocá-las.
Na gaveta “rascunhos” possuía folhas tamanho ofício, folhas
de papel reciclado, alguns envelopes; o que faltava era A4 branca já escrita ou impressa, tamanho que
havia utilizado até o momento; empolgara-se na produção e ficara sem.
Reciclar o que aparentemente não teria mais utilidade, virar
a página e alterar o conteúdo do que já fora escrito eram atividades
corriqueiras, das quais exigia simetria para continuar...abriu o pacote que
ajustava a altura do monitor e passou a escrever em novas A4 brancas, seus
futuros rascunhos.
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