É na hora da correria, em cima da catraca, que se descobre que o cartão do transporte público está sem carga. Foi num contexto destes, mais precisamente na manhã de um domingo, que o característico xis (ou chis, se você preferir o dicionário Aurélio ao VOLP) vermelho apareceu.
Gostava de usar cartão no transporte, era muito mais prático. Não era tão barato quando na época em que comprava os bilhetes nos camelôs, mas considerava sua implementação algo bem inteligente e torcia para um dia poder pagar pelo banco ao invés de enfrentar filas.
Trinta Reais, respondeu-lhe a atendente daquela cabine escura milagrosamente sem fila. Achou caro ser essa a melhor e menor recarga. Mas ou comprava ou ia perder de vez sua massagem. Estivesse em boas condições ainda daria tempo de ir a pé, só que mal conseguia se mover, a tensão dos últimos dias enrijecera a musculatura, precisava ir nem que fosse para fazer quinze minutos...Não era possível perder tempo reclamando, nenhuma tabela de preços estava fixada e, além disso, estava em uma estação do metrô sem funcionários, só havia aquela menina que fazia palavras-cruzadas e insistia em cobrar-lhe os trinta reais.
Pagou e, ao desembarcar, Bingo! Deparou-se com o cartaz dos preços: o correto, no cartão lazer, é vinte e cinco reais a recarga, não os trinta cobrados. Se a sua reação for "só cinco reais" lembro que se trata de vinte por cento do valor, ou seja, só depois de mais de dois anos na caderneta de poupança é que vinte e cinco reais passa a ser trinta.
Tentativas de reaver o dinheiro:
1) Registrou na página de reclamações do metrô: apenas um mês depois recebeu um telefonema da ouvidoria informando que por problema no sistema sua reclamação não havia sido processada no tempo regulamentar, que entrariam em contato com a empresa terceirizada para que ela providenciasse uma resposta.
2) Voltou na estação em que a venda foi feita: disseram-lhe para falar diretamente com a vendedora, mas que não sabiam o horário em que ela trabalhava, já que seu nome não havia sido anotado.
3) Ligou para o 0800 do metrô, que lhe disse só haver atendimento na estação da Sé.
4) Na estação Sé informaram-lhe que só resolviam o problema se fosse por erro de sistema, mas que tendo em vista que no comprovante da recarga constava os trinta pagos, nada poderia ser feito.
5) Ligou para a empresa terceirizada que fez a recarga. Prometeram retorno em quarenta e oito horas, porém só ligaram dois dias após o telefonema da Ouvidoria do metrô (item 1) pedindo um número de bilhete único para poder fazer o ressarcimento. O dinheiro não poderia ser devolvido e para fazer a recarga havia necessidade de comparecer a um dos postos da empresa (há mais de uma empresa terceirizada fazendo recarga do metrô), ou seja, enfrentar fila.
Imagina se fosse turista, na sorte não perceberia que fora enganado, porque senão só teria ciência do prejuízo e não receberia o crédito, já que dificilmente alguém fica cinco semanas (tempo que levou para a restituição ser feita) em uma mesma cidade de destino. Volto a afirmar o que escrevi há mais de um ano (leia aqui): em 2014, Brasil, fui! No período pré e durante a Copa qualquer lugar do globo terrestre vai estar melhor do que aqui.
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