sábado, 31 de dezembro de 2011

2011/2012

Five hundred twety-five thousand
Six hundred minutes
Five hundred twety-five thousand
Moments so dear
Five hundred twety-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure – measure a year?

In daylights – in sunsets
In midnights – in cups of coffee
In inches – in miles
In laughter – in strife
In Five hundred twety-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure
A year in the life

How about love?
How about love?
How about love?

Seasons of Love
Seasons of Love

Five hundred twety-five thousand
Six hundred minutes
Five hundred twety-five thousand
Journeys to plan

Five hundred twety-five thousand
Six hundred minutes
How do measure the life
Of a woman or a man?

Seasons of Love é a primeira música do segundo ato de RENT, escrita por Jonathan Larson (eu transcrevi quase toda ela). Já falei dessa peça aqui no blog, pois sai ano, entra ano, tanto a letra quanto a melodia acompanham-me.

As previsões astrológicas para 2012 dizem que ele será um ano de transformação. Sinto-me em sincronicidade com o universo: estou totalmente aberta para transformar - para melhor, lógico - meu status quo. Não estou reclamando do vivido ou conquistado até o momento, mas é como se, de repente, eu pudesse ter acesso a algum outro musical que me encantasse tanto quanto Rent.

Aproveitando as obras de Maix Mayer (vide publicação anterior), eis minha mensagem de boas festas:

Se 2011 foi um ano


 Elimine
Para que 2012 seja

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mais uma opção de lazer para esse período de recesso ou férias coletivas.

Se você não reconheceu o local ao qual me refiro vendo a foto ao lado, não se preocupe. Eu também não conhecia esse lago, que foi apenas mais uma grata surpresa ao visitar a Sala Burle Marx (o jardim foi projetado por ele).
 Ok, você ainda nem desconfia de onde estive...(o pontinho laranja é uma carpa que quis sair bem na foto, uma alternativa para aquelas páginas em que se procura o gato). A Sala Burle Marx fica após a sala Pinacoteca, cuja entrada parece ser escondida, mais precisamente no vértice oposto ao do Grande Salão, isso se considerarmos o palco do Auditório Pedro Piva um polígono regular. Refiro-me ao Mube (SP).

Estive lá para ver a exposição de Botero, uma crítica à violência presente na Colômbia. Mais de 60 obras no Grande Salão deixaram-me reflexiva (divagações quanto à utilidade extra que a arte pode ter) e acabei passeando pelo jardim. Foi quando percebi que havia outra exposição, ocupando duas salas. A originalidade do que vi fez com que eu esquecesse de Botero:                                                    
Fotos, impressões e um filme junto a um texto conciso, informando que todas as obras tinham como origem a reforma da biblioteca de Leipzig, deixaram-me intrigada. Sabe quando o “Tico e o Teco” não se comunicam? Pois é, eu amei as impressões, tanto o resultado gráfico quanto a sua apresentação, pendurando-as; até as colocaria na parede de minha casa, mas não conseguia compreender a relação delas com as fotos, nem com o filme. Foi aí que o David, que trabalha lá, me explicou: o artista, Maix Mayer, tirou 7 mil fotos da biblioteca e, através de algoritmos, chegou naqueles gráficos.
Voltei a revi tudo, até tirei essas fotos para vocês conseguirem entender melhor. Viajei totalmente: imagina só se para cada fase de sua vida, se para cada relacionamento, fosse montado um gráfico assim... Imaginei-me voltando de férias e, ao invés de ter que desconversar para não enviar as fotos para o pessoal que aparenta só querer ser simpático comentando-as, apenas mandar um gráfico desses. Pode parecer excentricidade, mas a explicação do conceito talvez lhes permitisse deixar-me trabalhando em paz.

Dá para usar em tudo, desde convite de aniversário, a partir das fotos tiradas no 12 meses anteriores; nas boas-vindas ao novo endereço, mesclando o novo e o antigo; em festas cujos convidados não queiram se comprometer; viagens; diferentes empregos, escolas. Quem olha decide o que quer ver a partir de 100% da informação existente. Pena que não sei mexer com isso, pelo menos ainda. Maluquice? Observe as seguintes obras:









O desenho é o mesmo! Em razão da cor do papel em que é impresso, algumas tonalidades foram alteradas. Não poderiam estar retratando um problema em diferentes contextos? Cada pequena esfera seria uma constatação, um palpite de mudança, e as linhas as ações ou omissões que o criaram. Neste outro (abaixo), além do suporte utilizado na impressão (em nossa metáfora o contexto) ser preto ou branco, há uma mudança de posicionamento, em um o gráfico está de pé e em outro está deitado.









Para mim isso é uma viagem de barco. Da proa para a poa da poa para a proa e uma certa estabilidade quando se está em seu centro. Viajar de pé, sentado ou deitado faz toda a diferença para a impressão que se tem do trajeto. Mas poderia ser também ir e voltar, no mesmo dia, de Morro de São Paulo-BA (quem já foi por mar, sei que me entende).

Tantas foram as fotos e as possibilidades que até deixei de ir ao MIS, que fica no mesmo terreno do MuBE. Jovens de idade ou de espírito pareciam ter dedicado sua tarde à exposição que apresenta as tendências no ramo de video game. Um cartaz na entrada avisava que o ingresso (R$10 ou R$5) permitia acesso por 3horas aos jogos, sendo permitido jogar 5 minutos por vez. Mesmo que estivesse vazio, acho que somente aproveitaria MIS se houvesse alguém paciente e que conhecesse o assunto junto comigo, para me explicar... Deve valer muito a pena para quem entende ou costuma jogar.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Show de luzes n'água

O dia de outono com garoa, após uma semana magnífica de sol, pareceu-me apropriado para ir ver a decoração de fim de ano do Ibirapuera. Existente há vários anos, sempre havia limitado-me a assisti-la do carro, aguardando no engarrafamento na volta do trabalho.

Pontualmente, no horário marcado (20:30 e 21:00), as luzes da decoração do parque se apagam e somente a fonte do lago fica iluminada, começando seu balé aquático ao som de clássicos de natal. Gostei. Mas como tem ocorrido em vários lugares públicos, teria sido melhor se houvesse educação da plateia. Não entendo qual a dificuldade de ensinar as crianças a ficarem quietas e a calarem a boca.

Com cheiro de pipoca e churrasquinho, impossível não comparar o momento com a apresentação das bandinhas do Tivoli. Os mesmos 20 minutos de apresentação. Lá, meia dúzia de músicos tradicionalmente vestidos e crianças vidradas, ouvindo música clássica, somente aguardando a indicação do maestro de que poderia bater palma no ritmo da música. Aqui, pessoas de todas as idades, muitas conversando, mais preocupadas mais em filmar do que em contagiar-se com a emoção provocada pelo jogo de cores em harmonia com o movimento da água e a melodia.

Até dia 6 de janeiro mais apresentações ocorrerão, sempre duas por dia. Pode ser que eu vá novamente, para poder dizer qual o melhor ângulo de visão. Mas se com chuvisco foi difícil achar um lugar na grama, não quero imaginar em noite agradavelmente quente.

Lago do Ibirapuera com a fonte iluminada, árvore de natal ao fundo e à esquerda. Mais centralizado e atrás, o obelisco.

Spotwish - rede social tudo a ver com a jeito brasileiro de ser

Há anos a televisão aqui de casa é exclusiva de hóspedes e há alguns meses só ouço rádio no carro, tudo em nome da otimização do tempo. Percebi, no entanto, que a Internet e as redes sociais estavam ocupando seu espaço (isso que eu faço questão de não ter acesso a nada pelo celular), ou seja, estava trocando seis por meia dúzia.

Semanas atrás decidi sair do Orkut e passei a lei o FB dia sim, dia não (peguei-me lendo-o mais de uma vez ao dia e percebi que estava de mais); trata-se de uma entre várias resoluções de fim de ano, as quais não quero esperar a virada para colocar em prática. A lógica é simples: assim como segunda-feira ser o dia internacional do início de regime não significa que se deva comer além da conta no domingo que a antecede, o que você quer mudar na sua vida já pode começar hoje, até porque ninguém sabe até quando estará vivo, certo?

Tudo ia muito bem até eu ler sobre a Spotwish, rede social que tem como proposta indicar para você quais pessoas, dentre as da rede, estão geograficamente próximas de você. Além disso, você pode anunciar o que está a fim de fazer e, se outra pessoa quiser, ela te convida, tornando real o encontro virtual. Acho que tem tudo a ver com quem não é da geração Y e pode ser uma forma de tornar a garotada mais interativa.

Entrar em mais uma rede social, mesmo saindo do Orkut, não estava nos meus planos. Só que, além da ideia parecer-me muito boa, extremamente coerente com o jeito colaborativo e comunicativo do brasileiro, sei o quanto é importante a adesão no lançamento para conseguir recursos e patrocínio. Aderi e já enviei e-mail com sugestões de melhoria.

Não sei se acontecerá com todo mundo, mas enquanto eu lia as instruções de como usar, antes mesmo de enviar meus palpites, recebi a mensagem de um dos integrantes da equipe, que estava on line, desejando-me boas-vindas. Simpático, sem dúvida. Ah! Esqueci de falar, a Spotwish é brasileira, de Porto Alegre.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Brindes de fim de ano

"Prezado cliente,

costumeiramente distribuimos brindes no final de ano como uma forma de celebrar a confiança em nós depositada e mantermos nossa presença no próximo ano.

Envolvidos pelo espírito natalino decidimos alinhar nossa conduta com a política de sustentabilidade e preservação do meio ambiente difundidas no decorrer do presente ano.

# crianças da instituição ___ receberão melhores condições de vida graças à sua confiança em nossos serviços. Os recursos que seriam utilizados nas agendas, canetas e logísitica de entrega foram destinados à mencionada instituição.  Dessa forma, haverá um único presente, destinado a quem não receberia nenhum, ao invés de brindes.

Desejamo-lhe boas festas e que seu querer mais íntimo se realize no próximo ano.
Continue contando conosco."

* * *

Já trabalhei em empresas que proibiam o recebimento de qualquer presente ou brinde dos clientes-forncedores e em outras que só a partir de determinado valor havia a proibição. Pacotes eram abertos e devolvidos ao setor de protocolo. Na prática, presentes relevantes são entregues em casa, não na empresa.

Também já conheci quem colecionasse agendas, por não dar conta de tantas que ganhou, e já participei de confraternizações de final de ano no qual a mesa mais animada escolhia a instituição que receberia donativos.

A mensagem em uma página suíça, na qual eles informavam o hospital da África que receberia o montante destinado aos brindes de final de ano foi a origem deste texto. A lucidez de sua atitude tornou a marca mais simpática (a verba de marketing não foi descaracterizada); consumir seus produtos e serviços passou a agregar um valor inestimável, o de ser solidário ao mundo.

Realmente acredito que essa é um tendência de comportamento. Não tem sentido gastar na produção de grande quantidade de algo de pouca utilidade. É desperdício de dinheiro e de matéria-prima também. Tenho certeza que as empresas que fabricam ou importam brindes encontrarão alternativas para se manter no mercado.

Se você distribui brindes, pense nessa alternativa. Se você recebeu algum brinde, agradeça sugerindo essa "nova" forma de destinação para os recursos.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Surpresas da Vida

João é boa praça, um solteirão com muitos amigos. Presença garantida em todas as confraternizações, a cada evento costuma apresentar uma nova mulher, geralmente totalmente diferente na aparência ou na forma de ser das anteriores mais recentes. E João empolga-se com suas conquistas, se ela for vegan ele passa a comer apenas proteína de soja, se ela gosta de tatuagem, ele certamente já declarou seu amor pintando seu corpo (mas com henna).  Competente e trabalhando no setor financeiro, há anos João não é promovido exatamente por sua intensa atividade noturna, causadora de bocejos constrangedores em reuniões, e falta de discrição quanto à inconstância nos relacionamentos.

Mas João não lamenta, apenas vive de acordo com as circunstâncias. O que fazer se a musa do verão não compreende a importância cultural do carnaval? Por que fazer planos? Ele entrega-se totalmente às paixões, mas não admite abrir mão dos amigos e de determinadas datas festivas em família. Aliás, João mora com seus pais e seus irmãos, que parecem seguir o seu exemplo.

As esposas de seus amigos recusam-se a apresentá-lo às amigas e consideram-no péssima influência aos cônjuges, sendo seu comportamento motivo até mesmo de algumas desavenças entre os casais. Foi por esse motivo que Lia tornou-se tão bem-vinda no grupo.

Lia e João conheceram-se no ano novo. Como ela já tinha comprado o abada para o carnaval, foi compreensiva com a necessidade de João de ficar com a família, na praia, e sem ela. Reencontraram-se dias depois no bar em que João gostava de assistir aos jogos do campeonato no telão. Ele quase não a reconheceu, pois ela havia desistido do megahair.

Lia sempre tinha algo que fazer ou um lugar para ir divertir-se quando João mostrava-se indisponível. Com dez anos a mais, ele instigava-se a seguir o pique da moça e, em algumas semanas, passou a dedicar todo seu tempo livre a ela. No dia dos namorados, por exemplo, Lia foi-lhe muito franca: seu aniversário seria na mesma semana e ela iria viajar, ou com ele, para onde ele a presenteasse, ou com as amigas. E João comemorou seu primeiro dia dos namorados.

Sem motivo aparente para qualquer briga e sem ter coragem para romper, João começou a ficar nervoso com a situação em que se encontrava. Lia, que tinha cachos loiros no início do ano e passou a usar um chanel cor chocolate no outono, surpreendia-o a cada dia; ela resolvera aguardar o verão ruiva com franja. Foi com o novo look fatal que o questionou sobre o natal e o fim de ano. João, curiosos para saber qual seria a solução da namorada, lembrou-lhe que fazia questão de passar com a família – e só com a família. Lia, então, apenas desejou-lhe boas festas, não iria mais insistir em ter sua companhia (ou em um dia ser também sua família): ano novo, amor novo.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Aconteceu na semana:

Participei de uma oficina sobre como colocar cílios postiços. Confesso meu preconceito inicial, antes de fazer a inscrição: "tô muito dondoca" foi o que pensei. Depois, ao encontrar um horário noturno, percebi a idiotice de meu pensamento e segui confiante para a aula.

As alunas preferiram ver a professora fazer o procedimento em duas "cobaias" do que cada uma fazer em si. As modelos não podiam ser mais contrastantes. A primeira fazia questão de dizer que já conhecia todos os produtos e truques que a professora falava, era do tipo que vai à aula para confirmar o que já sabe e não para agregar valor. Precisei conter o riso quando ela, depois de declarar ter e usar todos os produtos (e mais de uma marca para cada tipo), confessou estar sem demaquilante em casa (mentira tem perna curta), o que seria necessário para tirar a pintura e o cílio de seu rosto. Não sei se foi esperteza dela, ou se a professora ficou com pena, mas ela ganhou um demaquilante.

A segunda modelo anotou mais dicas do que eu e, quando ela se viu no espelho, de cílio postiço, após a professora dizer que não tinha condições de colocar curvex nela, de tão curto que eram seus cílios, ficou tão feliz que nem conseguiu segurar o sorriso. Como para maquiar-se é preciso ficar séria, e ela não conseguia fechar a boca, foi para casa só de batom e cílios. A dua felicidade foi contagiante e valeu a noite.

* * *

Voltei à Biblioteca Roberto Santos. Com o final de ano sendo paulistano, nada melhor do que livros para fazer companhia nesse período sem feriadão. Eu não sabia, mas o acervo de todas as bibiliotecas municipais estão disponíveis na página da prefeitura. Fiz minha carteirinha, que vale em todas as bibliotecas de SP e dá direito a até 4 volumes em casa, por 14 dias.

Aproveitei o passeio para abastecer o carro, já que o combustível é bem mais barato para os lados de lá. Com 20 litros, o que custou menos de R$50, tive direito a uma ducha. Para minha surpresa, a tal ducha incluía xampu, que foi devidamente espalhado pela lataria. Não sei se o posto vai conseguir se manter muito tempo com preço e serviço competitivos, mas nem me reconheci e acabei dando um "caixinha" para o funcionário (caso o patrão venha a despedi-lo por estar fazendo mais do que devia).

* * *

Após mais de 12 anos com a mesma operadora de celular, as condições de mercado fizeram-me migrar (o número vai continuar o mesmo). Antes da drástica decisão, contudo, com certo aperto no peito, liguei e perguntei se não teriam um plano melhor para oferecer-me. Não tinham.

Na verdade, vou pagar até um pouco mais, mas com muito mais possibilidades de uso. Na loja da nova operadora, juro que tentei acompanhar a explicação do vendedor quanto às vantagens do aparelho que já uso há mais de ano e com o qual vou permanecer. Fiquei com a impressão de que quando perguntei para ele como fazia para trocar o chip e o fiz simular a troca ele simplesmente desistiu de falar sobre tecnologia  e passou a preencher o contrato...

Uma das suas falas eu compreendi, a de que a migração tem sido utilizada para conseguir melhores promoções: há quem faça todo o procedimento, ocupe o funcionário do concorrente, só para conseguir desconto na sua operadora atual, que costuma ligar imediatamente oferecendo algo muito vantajoso. Eu, como esqueci o celular desligado após a simulação do chip, só recebi um torpedo, pedindo para eu entrar em contato...Achei o fim a proposta de eu entrar em contato e não liguei, tivessem ofertado antes. Percebi que posso adorar uma novidade, e o novo algumas vezes substitui o antigo, mas respeito o meu tempo (foram 40 minutos dias antes, aguardando no viva-voz para saber se teriam melhor plano para mim) e também não concordo em "alugar" os outros com simulação, troca-troca não dá, ainda mais sem critério.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sem medo de ser feliz

Café torrado em grãos dizia a embalagem. Eu li promoção, 100% arábica na prateleira do terceiro supermercado em que o produto que costumo comprar estava em falta. Sorte que antes de abrir a embalagem estranhei o barulho dos grãos. Sim, porque moedor de café apenas por alguns segundos foi objeto de desejo e não conheço ninguém que pudesse aproveitar grãos torrados.
 
A ideia de jogar o produto fora não me agradava, o dinheiro equivalente a ele, muito menos...voltei no supermercado e eles aceitaram fazer a troca no dia seguinte à venda. No balcão do cliente descobri que a compra feita anteriormente dava direito a 50% de desconto na aquisição de panelas novas (eu que recentemente trinquei minha penúltima panela de vidro) e, ao refazer a compra para aproveitar o vale ganho, finalmente encontrei, também em melhor preço, o café de que mais gosto.
Descrevendo assim até parece que foi tudo muito fácil: ficar sem café por um dia; ter que admitir publicamente que comprou gato por lebre por exclusiva incompetência (distração é eufemismo que não refresca a perda de tempo); exercer a paciência na loja e na fila do caixa, pelo mesmo motivo, em menos de 24 horas...
Contudo, convenci-me de que era necessário fazê-lo na esperança de lembrar-me mais facilmente do fato no futuro e não repeti-lo - e também por uma questão de princípio.
Há algum tempo adoto a regra de que para pedir, basta lembrar que ficar com a vontade ou com a dúvida é já ter o não como resposta. Para quem pergunta ou pede, o pior cenário é manter o status quo. Mesmo que a resposta seja irrelevante, perguntar vale como exercício contra a timidez.
Semana passada, à espera da abertura dos portões para participar de um processo seletivo, conversei com outros candidatos, a maioria em dúvida se deveria participar tendo em vista a pouca informação em relação ao certame. Falei-lhes então de meu princípio, de já ter o não como resposta. Fui indagada, em tom de deboche, como me sentia colecionando nãos e, até agora, acho que não poderia ter respondido melhor do que, sem pensar, de improviso, respondi: “coleciono experiências e certezas que me garantem boa qualidade de sono”.
Mesmo que eu não tenha convencido ainda o(a) leitor(a), pense em uma situação chave, na qual a concordância do que é proposto, o sim como resposta, seja fundamental. O convívio com um (provisório?!) não é a possibilidade de ouvir um redondo não, certo? Mas por qual motivo lhe seria negado algo tão relevante? Essa é uma pergunta que demonstra inteligente prudência e pode ajudar a tornar o contexto mais favorável, seja obtendo o sim imediatamente ou revertendo o não em sim.
Confundi mais do que esclareci? Seguinte: a primeira questão é perguntar (vale desde pedido de aumento até um convite para sair), se houver negativa, pergunte o porquê (eliminar o motivo será sua nova chance de conseguir o sim). A forma de abordar, o momento e para quem abordar são importantes, sem dúvida, mas antes fazer de forma inadequada do que não fazer: enquanto não for feito você só estará se privando da oportunidade de converter um não em sim. Lembre-se que o talvez não existe. Até acredito que minha sugestão seja mais fácil para advogados, já que falamos e escrevemos sabendo que seremos contestados, mas com um pouco de desprendimento qualquer um consegue. Prepare-se apenas para se surpreender com as respostas...

sábado, 10 de dezembro de 2011

O Ano do Quase


“Parecia que...mas não foi” talvez seja a melhor definição de 2011, ano que prometeu mais do que cumpriu. Apenas o que nele se iniciou fechou-se com chave de ouro. As pendências de 2010 por ele se arrastaram e ao que tudo indica, continuarão no início de 2012.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A melhor decoração de natal


Detalhe da lateral, para não prejudicar o deslumbramento

Ciclos existem para nos lembrarmos de que sempre é possível recomeçar, fazer de outra forma e/ou repetir os êxitos. Mesmo os céticos em relação à influência pagã são obrigados a se submeter “ao clima” de fim de ano e ano novo.

Se o ano foi ruim: “Ufa!” Que venha o próximo. Se foi um ano bom: “pena que já passou, tomara que fique mais um tempinho assim...” Entre comemorações e lamentos, mantém-se o comum da celebração.

Os preparativos das festas, cada vez mais complexos e exigentes, afastam as pessoas do natural ciclo em que estão inseridas, não há mais vinculação ao solstício, mas muito trabalho para alguns e várias contas a mais para outros.

A decoração natalina está inserida nesse novo contexto: as pessoas saem para ver a decoração, geralmente luxuosa e bela e, já que estão ali, acabam consumindo. Melhor a inconseqüência dos atos atuais do que a reflexão dos passados, passear e ver gente do que recolher-se - depois vê-se o depois.

O mundo está em crise e o Brasil finge que isso não é com ele. A oportunidade de consumo, novidade para algumas pessoas, ainda é mais significativa do que a qualidade com que se faz, mesmo que possa significar voltar a passar necessidade ou a conviver com a inflação. A inércia, e não a crítica, predomina entre os que nunca precisaram privar-se: estamos garantindo metas globais, pagando o lucro que nós e os povos em crise deveriam gerar.

A diminuição das lâmpadas nas decorações natalinas atuais não é mera coincidência, nem consciência ecológica, apenas um reflexo do momento econômico. Para bom entendedor, meia palavra basta, certo? Parabéns ao Bradesco, que conseguiu com o seu “Natal na Floresta”, em plena Av. Paulista, apresentar novos parâmetros de deslumbramento, sem ênfase nas luzes (não sei se utilizaram material reciclado) ; uma forma simples de mostrar que com criatividade é possível inovar e aprimorar de forma simples o efeito do era feito com fartura. A própria apresentação do coral, antes do anoitecer, colabora com esse conceito. No Banco do Brasil, na agência esquina com a Augusta, os bonecos só se movimentam enquanto alguém mantém a mão no lugar indicado no vidro, tornando lúdico algo que poderia ser muito sem graça.



materiais utilizados:espuma e EVA
Lógico que colocar luzes piscantes em casa não é nenhum crime, aqui no prédio mesmo, meus vizinhos gostam e eu nem mais me manifesto contra, apenas lembro de uma frase que “fui obrigada” a dizer no juramento dos bixos, na primeira semana na faculdade, em plena Rua da Praia, descalça e pintada entre meus então futuros amigos, todos na mesma aparente degradante condição: “Obrigada por não estar entre aqueles que pagam o que não têm e não recebem o que merecem”.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Enfim, a sugestão: FUMCAD e Lei Rouanet.

Pagar imposto e não saber onde está sendo empregado é tão constante no país que pouco se protesta a respeito. Se você acompanhou minhas postagens recentes, já sabe qual a declaração de ajuste do Imposto de Renda que preencherá em abril do ano que vem por permitir menor contribuição. Se a sua resposta for "declaração completa", saiba também que há pelo menos dois instrumentos que permitem direcionar a destinação do imposto pago: FUMCAD, para projetos voltados à criança e adolescente, e LEI ROUANET, voltada para projetos culturais.

Recapitulando, o cálculo a ser feito é o seguinte: Diminua de sua renda bruta todas as parcelas dedutíveis, observando sempre os limites de cada parcela, conforme já indicamos. O resultado será a renda a ser tributada.

O cálculo do imposto é simples: se a renda líquida anual for igual ou inferior a R$18.799,32, não haverá imposto devido (e nesse caso tanto FUMCAD quanto Lei Rouanet significariam, sim, utilizar dinheiro seu, e não imposto o devido). Nos demais casos:

De R$18.799,33 a R$28.174, 20 anuais - calcule 7,5% de imposto e deste valor diminua R$1.409,94
De R$28.175,21 a R$37.566,12 anuais - calcule 15% de imposto e deste valor diminua R$3.522,96
De R$37.566,13 a R$46.939,56 anuais - calcule 22,5% de imposto e deste valor diminua R$6.340,44
Para valores acima de R$46.939,57 anuais, calcule 27,5% de imposto e deste valor diminua R$8.687,4.

O resultado de qualquer um dos cálculos acima será o imposto devido. Talvez você esteja questionando o motivo de diminuir mais uma parcela. Tenha certeza que não é bondade do governo, apenas um ajuste: os primeiros R$18.799,32 reais não são tributados para ninguém. Assim, se você estiver na segunda faixa de tributação, você calcula o imposto com a alíquota de 7,5% e dela subtrai 7,5% dos R$18.799,32, o que equivale a exatamente R$1.409,94.

Bem, agora que você já sabe quanto vai pagar de imposto de renda, dinheiro que vai para Brasília para depois ser distribuído para todo o Brasil, saiba também que você pode obrigar a manter 6% desse valor no município de sua preferência. Toda prefeitura pode - e deveria - ter um FUMCAD, fundo destinado a programas com crianças e adolescentes. Em São Paulo é facílimo de doar e você pode até escolher o projeto específico ou o eixo de atuação a receber seu recurso. Eles recebem qualquer valor em http://fumcad.prefeitura.sp.gov.br/forms/principal.aspx. Um boleto é emitido e, depois que você paga, recebe ainda um recibo por e-mail. Nada impede que você faça várias doações. Na prática, você adianta o pagamento do imposto ou, se houver dedução, receberá o valor depois corrigido pela SELIC. Diga-me, qual aplicação paga 100% SELIC sem taxa alguma, nem IR na fonte ?
O mesmo raciocínio vale para a Lei Rouanet: nesse caso, você investe em um projeto cultural que já tenha sido cadastrado e aprovado pelo Ministério da Cultura (profissionais do ramo sabem disso e já fazem todo o procedimento, você só tem que decidir quem receberá 6% do IR que iria para Brasília). E isso vale para o CD da banda de garagem do seu primo, para o livro das fotografias de sua tia ou aquele livro seu que está na gaveta. Com um pouco de organização, se sua família e seus amigos fazem declaração completa, é possível tornar realidade pelo menos um novo projeto por ano! E aí, você vai continuar deixando a declaração de ajuste do Imposto de Renda para seu contador fazer só no ano que vem?

* * *

Abaixo transcrevo a tabela do IR para a declaração de 2012 e a tabela para 2012,  a ser utilizada em 2013, ano base 2012. Vale a pena ler as 5 publicações que fiz a respeito para, pelo menos, escolher e saber onde parte do IR pago está sendo empregado:

Tabela anterior
Renda (R$) alíquota (%) deduzir
Até 1.566,61 isento -
De 1.566,62 a 2.347,85 7,5 117,49
De 2.347,86 a 3.130,51 15 293,58
De 3.130,52 a 3.911,63 22,5 528,37
Acima de 3.911,63 27,5 723,95
Tabela atual
Renda (R$) alíquota (%) deduzir
Até 1.637,11 isento -
De 1.637,12 a 2.453,50 7,5 122,78
De 2.453,51 a 3.271,38 15 306,8
De 3.271,39 a 4.087,65 22,5 552,15
Acima de 4.087,66 27,5

Detetive em causa própria: descobrindo a declaração de IR menos onerosa

O governo pressupõe que você pode usar até 20% do que ganha em serviços que seriam obrigação dele dar (saúde, educação, aposentadoria digna, condições razoáveis de vida aos dependentes), desde que esse valor não seja superior a R$13.317,09. Assim, na declaração simplificada, em que é possível diminuir a base de cálculo do IR (fazer a dedução) sem comprovar a utilização do dinheiro, diminui-se o que for menor entre R$13.317,09 e 20% da renda bruta.

Para saber se é melhor para você fazer a declaração simplificada ou completa, você precisa saber se o total de deduções permitidas (despesas com saúde, educação, dependentes e aposentadoria,  respeitados os limites previstos em lei) será superior ao menor valor entre R$13.317,09 e 20% de sua renda bruta. O cálculo que der maior dedução é o mais favorável (quanto menor a base de cálculo, menos imposto se paga).

Na declaração completa todos os valores que serão deduzidos, ou seja, diminuídos da renda bruta, precisam ter comprovantes. Você poderá deduzir o seguinte:

1 – o total recolhido para a Previdência Social (desconto INSS feito pelo empregador em folha de pagamento ou o que é recolhido através da GPS todo mês até o dia 15. Se você não recolhe, repense seus conceitos, se R$109 reais mensai , que é a atual contribuição mínima para quem quer se aposentar por tempo de contribuição ou com valor superior a um salário,  realmente lhe fazem falta - se não fizerem, recolha como facultativo, o Cód. é 1406).

2 – o total de gastos com saúde. Medicamento não vale. Se o seu plano de saúde lhe reembolsou algum valor, diminua-o de sua despesa com saúde (você não teve o gasto, quem teve foi o plano). Só declare se você tiver recibo, não sacaneie o seu médico nem a instituição de saúde: "cheque caução" não é pagamento.

3 – o total pago a título de pensão alimentícia, desde que ela tenha sido ordenada por um juiz ou acordada através de escritura pública.

4 – Por dependente, R$ 1889,64, lembrando que o dependente só pode constar em uma declaração por ano(ou pai ou mãe ou um dos filhos) . Não vale criar ou ressuscitar dependente.

5 – Despesa com instrução formal (compra de material escolar e livros não conta) até o limite de R$2830,84 (valor de 2010, sofrerá atualização na declaração de 2011, a ser entregue em 2012).

6 – Contribuinte maior de 65 anos possui uma parcela isenta de seus provimentos. Em 2010, logo valor a ser atualizado na próxima declaração, era R$1449,15.

Você deve estar se perguntando, e a aposentadoria privada? Bem, dos dois planos possíveis (VGBL e PGBL), somente o PGBL é dedutível. Se você já tem um PGBL, pode deduzir o montante equivalente a até 12% de sua renda bruta. Se você não tem PGBL, ou contratou um PGBL com aportes (contribuições) esporádicas, verifique o seguinte:

a - as parcelas descritas nos itens 1 a 6 são de montante superior ao menor valor entre 20% de sua renda ou R$13.317,09? Se forem, você já sabe que é melhor fazer a declaração completa.
b - as parcelas descritas nos itens 1 a 6, somadas a 12%  de sua renda, resultarão em montante inferior ao menor valor entre 20% de sua renda ou R$13.217,09? Então você já sabe que a declaração mais vantajosa será a simples, PGBL não é uma aplicação indicada para este ano.
c - a decisão cuidadosa deve ser tomada se somente com a contribuição do PGBL, limitada a 12% da renda bruta, o total dedutível passar a ser superior ao menor valor entre 20% da renda ou R$13.317,09. Nesse caso, a conta deve ser feita na ponta do lápis. Provavelmente valerá a pena aplicar no PGBL se você não estiver planejando utilizar este dinheiro para nada no médio prazo, se a dúvida for aplicar no PGBL ou na caderneta de poupançao e se a taxa de administração do PGBL for igual ou inferior a 1% ao ano. Nessa terceira hipótese, se aplicar no PGBL, faça a declaração completa, se não aplicar, faça a simplificada.

Descobrindo quanto você ganha


O imposto de renda é calculado, como o nome diz, a partir da renda, dos valores que se recebe no decorrer do ano. Seu cálculo é feito mês a mês e, porque nem sempre se ganha o mesmo valor durante todos os meses, no ano seguinte temos que apresentar uma declaração informando a renda que obtivemos e quanto já pagamos de IR. Quem pagou a mais (se ficou alguns meses sem trabalhar por exemplo) recebe a restituição reajustada pela SELIC, quem pagou a menos (geralmente quem possui mais de uma fonte de renda), precisa pagar o que deve.

O dinheiro que você recebe, fruto de seu trabalho ou do aluguel de seus bens, é a sua renda. Se você trabalha com carteira assinada (CLT), despreze o 13º salário nessa soma. Se você recebe um valor a mais em dezembro, mesmo não sendo seu contrato regido pela CLT, não importa que você chame esse valor de décimo terceiro, para o leão ele é como se fosse um abono e deve ser contabilizado.

Total recebido durante o ano de 2011   : R$_________________

13º salário (somente se celetista)           :R$ (________________)

“Valor da base de cálculo do IR”              :R$__________________

Agora que você já sabe sua renda anual, é preciso descobrir se para você é melhor a declaração completa (que antes da Internet era o formulário azul) ou simples (formulário verde). Eu sei que o sistema da Receita Federal calcula isso, mas se você deixar para descobrir em abril, não terá mais como ajudar quem precisa "sem colocar a mão no bolso" ou até mesmo diminuir o montante arrecadado, que é o que estou propondo.

Se você aplica em Bolsa, ou teve ganho de capital na venda de bens ou direitos (pagou impostou ou, pelo menos, precisaria ter pago porque vendeu algo em valor superior ao valor declarado para a Receita) : sua declaração será obrigatoriamente a completa, mesmo que ela não seja a mais vantajosa para você. O ganho de capital não entra no cálculo mostrado acima.

Amansando o leão


Dezembro é o mês de amansar o leão e não ser pego de surpresa em abril. Falo dos incentivos fiscais, possibilidade de direcionar a utilização do imposto de renda recolhido que deveria ser considerada por todo cidadão que não esteja no vermelho ou cujas dívidas sejam reajustadas por percentual inferior à SELIC.

Eu já escrevi sobre isso em 2009 (http://gipilla.blogspot.com/2009/12/antes-do-fim-do-ano.html), mas como o retorno foi “tive vontade, mas pareceu complicado”, usarei de outra didática para explicar e, desta vez, acrescentarei os incentivos culturais.

Vou explicar nas próximas postagens apenas a regra para pessoa física. Se você tem uma empresa, converse com seu contador, pois também é possível reduzir o pagamento de imposto de renda direcionando parte do valor a ser pago para programas envolvendo criança e adolescente ou projetos culturais.

Se você já sabe como é feito o cálculo, lembro que até 6% do IR recolhido pode ser direcionado para FUMCAD do município de sua escolha e também até 6% do IR recolhido pode ser direcionado para projetos contemplados pela Lei Rouanet.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Controle de Qualidade

Das réguas que possuo, descobri que cada uma tem a sua medida. Adquirir uma a mais não resolveria a questão, poderia ser apenas mais uma medida, mas nunca a certeza de que estaria utilizando o centímetro certo. Tendo em vista que não são tortas - e que já sei como são - é possível continuar trabalhando com elas. Não descartar requer paciência, pode exigir mais atenção (medir sempre com o mesmo centímetro e não com trinta de uma vez), mas o resultado tende a ser o mesmo.

É como aquela expressão "(substantivo comum singular) é tudo igual, só muda o endereço". Reclamar não adianta. Você tem que saber o que tem, o que quer e do que precisa para substituir, se for o caso, sempre estando consciente de que tal processo exigirá observação apurada do novo. Conhecedor do contexto, não pode esquecer que haverá situações em que os centímetros mais espaçosos serão melhores, outras em que o serão os centímetros mais enxutos. Usando-se sempre a mesma medida não se ganha nem se perde; convive-se.

É como ter facilidade ou dificuldade: apenas uma questão de oportunidade. Somente em cada momento, comparando individualmente o conjunto e conforme a necessidade, é possível identificar o que é mais apropriado. Facilidade é a possibilidade de complementar, dificuldade, a de ser completado. Xingar o hardware é inútil, pois geralmente é o peopleware que não sabe usar as ferramentas que tem.

Por maior que seja a convicção e abertura para as novidades apresentadas pela vida (e certeza de que ocorrem a todo momento), é conveniente não esquecer que, no início, a aparência é de perfeição, estar completo, suficiente, na medida - mas que com o tempo as características serão descobertas, será então um novo momento de decisão: conviver ou mudar de endereço.

* * *

Para quem não conhece a expressão acima, já a ouvi como "mãe é tudo igual, só muda endereço!", "empregada é tudo igual, só muda endereço!", "chefe é tudo igual, só muda endereço!", "família é tudo igual, só muda endereço!" e assim vai.

Peopleware é neologismo, mas não sei se existe em inglês. Usa-se com alguma frequência quando um computador apresenta problema: se a máquina é o hardware e o programa é software, o usuário só pode ser peopleware...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

1001 utilidades

Digamos que driblando inusitado momento de estripulia na cozinha descobri uma utilidade aos sachês de chá já utilizados: mata-borrão, ou seja, são bons auxiliares na primeira demão da limpeza.

Não sei como não pensei nisso antes, ainda mais eu que tomo chá todos os dias praticamente. Agora vou usar menos água na limpeza (com a diminuição do enxague do esfregão ou da esponja) e ganharei mais tempo para outras atividades. O meio ambiente e o bolso também agradecerão, seja pela economia de água, seja pela economia de papel toalha.

* * *

Precisei amarrar umas estacas para que as plantas crescessem na direção correta: não precisei procurar barbante, bastou o cordão do sachê.

domingo, 27 de novembro de 2011

Vivendo e aprendendo

- Dra., posso fazer-lhe uma consulta?
- Se eu souber...
- É que la na faculdade, no pequenas causas, disseram que eu não tinha razão e eu não fiquei convencido: eu quero processar o meu vizinho.
- E o que ele lhe fez?
- Eu alugo a Net dele, mas de uns tempos para cá, o que ele assiste não dá para ver, não.
- E por que você tem que assistir o mesmo que ele?
- O assinante é ele, eu tenho só uma extensão...
- Mas a extensão não precisa ver o mesmo canal!
- É que a extensão é dele, não da Net.
-Ah! É um gato, você furta o sinal. Isso é crime, se você for à Justiça, terá mais problema do que alguma solução. Já viu ladrão pedir para juiz determinar a forma correta de dividir o produto do roubo entre a quadrilha?
- Até assinaria, dividiria com outros vizinhos que também não gostam de pouca-vergonha, mas nós temos o nome sujo, só esse vizinho que nos aceita como cliente.
- Mesmo assim ainda é furto, se não se acertar com ele, é melhor ficar sem, usa o dinheiro do gato para pagar as contas e limpar o nome...
* * *
- Dra., deu certo.
- O que?
- Conversei com meu vizinho, avisei que eu não queria mais a Net dele, o cara ficou louco: disse que eu era de ingrato para baixo. Depois ele se acalmou e eu descobri que ele precisava do meu dinheiro para pagar aquele canal que eu não gostava, ou seja, sem minha adesão ele ficaria sem. Fizemos um acordo: ele liga a teve na novela das 9, que minha mulher faz questão de assistir, e de manhã, quando minha filha fica sozinha em casa, só em canal infantil. O futebol, se ele não estiver a fim de assistir o mesmo que eu, já esclareci para a família que vou ver na padaria perto de casa.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cada uma...

Tomava café, um pingado sem espuma, para ser mais precisa, quando um senhor aproximou-se:
- Permite-me uma confidência?
E, como ela nada respondesse e apenas lhe olhasse - mais pela surpresa do que pela curiosidade - ele prosseguiu:
- Toda vez que percebo um rabo de cavalo, não consigo desviar o olhar, preciso controlar-me para não puxá-lo... - Ele olhou para a mão direita, levantou-a um pouco, fechou os olhos enquanto colocava os dedos na palma da mão e simulou o movimento de quem toca um sino. Na mão esquerda, seu café quase tombou ao chão - É assim desde a infância. Minha falecida esposa, sou viúvo há dois anos, tinha pouco cabelo e usava-o na altura dos ombros, não ficaria um belo rabo de cavalo... No colégio, seus colegas a pertubavam muito?
- Não, nem às minhas colegas. Ela até lembrou-se que, ao invés de puxar o cabelo, os guris, durante as aulas, puxavam os sutiãs pelas costas, numa forma rápida de abri-los, mas a "brincadeira" durou pouco tempo, o suficiente para as blusas claras e justas ficarem no armário e novos modelos de lingerie serem usados. Certamente não seria oportuno mencionar tal fato, não para aquele senhor.
- Não estivéssemos em local tão formal, eu ousaria ser inconveniente, mas com sua permissão, claro.
- Em qualquer lugar, somente a negativa seria a resposta, senhor.
E o homem, de modo envergonhado, como se apenas naquele momento houvesse percebido seu comportamento, acenou a cabeça e retirou-se para terminar o café na outra ponta do balcão.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Remodelando o espaço verde



Flor do Pimenteiro
As plantinhas vão bem, obrigada - se as pessoas perguntam não apenas pela família, mas também pelos animais de estimação, por que ignorar o tão simpático reino vegetal? Como se vê, meu deslumbramento por ver tudo mais verde, a cada dia, continua: não consegui ainda seguir as instruções da professora, de descartar tudo que surgisse sem ter sido plantado...


Até agora tenho ficado muito satisfeita com as surpresas, mesmo que algumas tenham se revelado ser apenas grama: para dar um exemplo de meu entusiasmo, improvisei uma latinha de conserva como vaso só para o gramado.

Minha criatividade também andou a mil, fiz os mais variados modelos de vasos a partir de garrafas pet.

Homenagem Póstuma
Meu xodó é um pé de couve. Para quem não sabe, não existe semente de couve, a plantação tem que ser feita por estaca (colocar um pedaço na terra e torcer para pegar). Dia desses resolvi tentar. De cinco estacas, uma pegou. Eu já tinha trocado de vaso uma vez (para o modelo pet mais pomposo que fiz) quando o vendaval de terça demonstrou que o modelo não era estável: o vaso virou e quebrou boa parte das folhas. A possibilidade de não vê-la chegar à idade adulta deixou-me triste, bem triste - tristeza que durou até eu saboreá-la. O processo todo de luto, na verdade, foi um pouco demorado, montei uma mini estaca (estou torcendo para que pegue), lavei as folhas, preocupei-me em registrá-las, uma forma de provar que sim, um dia consegui fazer uma estaca de couve pegar...e também não deixava de ser homenagem fúnebre à quela que tombou exclusivamente por minha causa. Foi então que percebi que ser ingerida era a sua finalidade, a queda apenas acelerou um fato e deu-me menos retorno do que poderia - mas sua morte não seria em vão.


O início do xodó
No dia seguinte, mais tranquila, fui ao supermercado comprar terra  para replantar algumas plantas no vaso que ficaria vago. Delícia, meio da tarde, só eu e as prateleiras... Ao descer as esteiras, no entanto, mal conseguia andar, mais pela bagunça dos carrinhos do que pela quantidade de pessoas. Sem querer, descobri o point dos octagenários: seção de FLV (frutas, legumes e verduras) do hipermercado quarta após o almoço. A atividade física era intensa, como se competíssem quem seria o mais rápido, o que carregaria maior peso, quem compraria mais... Naquela confusão, ajeitar os carrinhos e passar significava grande probabilidade de strike de um pompom branco. A mulher na minha frente, na fila do caixa, disse que na região ninguém vai lá às quartas porque passar nervoso é certo. Impressionou-me também o baixo preço e a baixa qualidade dos produtos, só alguém com pouca visão ou que estivesse gastando por diversão (menos prejuízo do que um bingo) compraria aquele estoque.

Novamente em casa, antes de jogar meu xodó no lixo, percebi que a quebra das folhas talvez significasse o mesmo do que a quebra de galhos nas árvores: havia uma chance de sobrevivência. Replantei o pé de couve, apesar de sua trágica aparência.

Sem Comentários...

Aproveitei também para replantar duas plantas, provavelmente um pimenteiro e um tomateiro, que estavam em um mesmo vaso. Quase uma hora separando suas raízes. Intuitivamente, fiz tal qual desembaraçar o cabelo: chacoalhei em água abundante. Acho que vai dar certo (a maior está com 50cm). Antes disso, registrei a flor do pimenteiro (acima), algo que eu nem imaginava como poderia ser... Terminada a função, percebo uma minhoca boiando na água em que eu estava mexendo (argh). 



Pode-se afirmar que uma das vantagens da vida adulta é que a maior consequência, se você fizer alguma sujeira, será limpar. Acho que o receio de uma bronca tira a espontaneidade de uma brincadeira... terminei a minha brincadeira achando um canto legal para a recém-chegada ora-pro-nóbis (outra que irá para a panela - he, he - mas vou esperar a florada antes).