quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Baseado em fatos reais

Estava com tanta fome que esqueceu de colocar a borracha na tampa da panela de pressão: seu almoço foi no "quilo" da esquina.

* * *

Rituais de passagem existem em todas as sociedades e, felizmente, sua celebração evolui: o "chá de fralda" passou a ter a sua versão masculina, o "pinga fralda": para cada fralda que os amigos trazem o futuro papai oferece uma rodada de pinga.

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Estava tentando ser romântico, pela primeira vez comprava rosas vermelhas. Aos ser questionado quantos maços queria, desistiu. "Maço" é incompatível com qualquer romantismo.

* * *

Tantas eram as festas e sua indecisão que esqueceu de confirmar presença e ficou sem nenhuma.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

José e Pilar: um documentário romântico

Saramago está longe de ser um autor de minha preferência e muitas de suas ideias eu não compartilho, mas o acompanhamento de sua vida por dois anos é uma bela história cujas cenas, mesmo repetidas e apresentadas sem cronologia rígida, em nada atrapalham a narrativa feita em três atos.

No filme o autor afirma que escreve para leitores inquietos e assim também poderá sair o espectador da sala de cinema, principalmente se refletir quanto a relação tempo x expectativas.

José Saramago demonstra contrariar as convenções sociais quanto à idade, o ritmo de sua agenda impressiona, e não menos o fazem as abordagens e demandas que recebe e atende. Da mesma forma, tanto a opção pela literatura quanto o início do relacionamento com sua mulher, Pilar, que aos poucos se transforma em personagem principal, ocorreram em fase da vida não convencional.

Assistir ao filme próximo à viradado ano fez-me ressurgir uma velha pergunta: "por que o que quero para o próximo ano ainda não foi feito?" Afinal, nunca é tarde para nada e nem tampouco cedo. Ou é agora ou simplesmente não é.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um Papai Noel sarado, com aquele abraço, força para carregar os presentes e agilidade em adquiri-los a todos nós

Seja por um telefonema de última hora, seja pela chuva, o certo é que várias foram as tentativas frustradas de tomar sorvete. Ontem resolvi mudar o percurso e levei dois sustos: o primeiro foi o aumento superior a 15% o outro foi o congestionamento de pessoas na Paulista.

A decoração de natal é melhor admirada a pé do que de carro, o que mais gostei foi passear no Trianon à noite. Com poucas pessoas, em alguns trechos parecia uma floresta encantada de luzes azuis. Mas a falta de noção das pessoas é o que mais me impressionou: além de crianças de colo e carrinhos de bebê no meio da multidão, havia gente com cachorro, carregados no colo e sem focinheira. Sabe a “pipoca” de micareta? O lado do palco em que ocorrerá o show da virada do ano estava a própria “pipoca” com crianças e animais para incrementar; foi montada uma decoração de natal no palco e as pessoas podem subir em pequenos grupos utilizando um único elevador. A fila até que estava organizada, mas a seu redor...

A foto acima foi tirada de um trecho movimentado mas mais tranqüilo, pois pelo menos não era mandatório sair da calçada. Já estou vendo o evento “virada no Anhembi” ao invés de “virada na Paulista”.

Observando a decoração de natal dei-me conta do quanto ultrapassada ela está. Além do desperdício de energia, em um país de pouca infraestrutura, o personagem carismático é um velinho consumista, gordo (nada saudável e péssimo exemplo para toda a sociedade) que explora animais (as hienas). Ok que sua origem é atribuída a um refrigerante cujos consumidores ficarão como Papai Noel se não reduzirem seu consumo, mas o certo mesmo seria o seguinte:

O Papai Noel pós-moderno é sarado, goza de excelente saúde, apesar da idade e, com isso, sua aposentadoria pode ser aplicada em presentes, ao invés de remédios. Os presentes, aliás, são um detalhe se comparados ao abraço do Papai Noel, cuja melhor retribuição é a paciência em ouvir as crianças e lhes dar conselhos, pois já adquiriu experiência e tem tempo, atributos extremamente escassos na vida de um adulto produtivo (os pais).

Papai Noel não vive sozinho no pólo norte, nem é empregador infantil ou explorador de PNE (portadores de necessidades especiais). Ele tem consciência de seu papel social e por isso só compra presentes de indústrias e estabelecimentos éticos, de governança corporativa sólida e ativos nas questões sociais e ambientais. Faz companhia ao Papai Noel (e é tão importante quanto ele) uma Mamãe Noel ou até mesmo outro Papai Noel, com quem ele divide as tarefas domésticas.

Por fim, Papai Noel só usa transporte coletivo que não seja movido a Diesel. Sempre que dá exercita-se em seus patins, bons tanto na neve quanto em dias de sol. As hienas ele visita no zoológico sempre que dá; apesar da exploração de anos, ainda há uma amizade sendo cultivada. De bobo, Papai Noel continua não tendo nada...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Poxa = Pense em Outro Xingamento Alternativo

A educação tradicional visa ensinar a controlar impulsos e a desviar de quem assim não age: os encrenqueiros ou barraqueiros que dão vexame; em princípio quem tem berço sabe com todos interagir e selecionar com quem pode misturar-se (=confundir-se).

O “poxa” tem ajudado-me em situações adversas. Como o título bem explica, trata-se de um desabafo sem agredir o que me foi condicionado desde a infância. Lembrei-me disso porque semana passada foi irresponsavelmente fora da rotina e uma sucessão de “poxas”:

Sábado, comemorando uma estada sem atropelos, abri o galão de chope que eu havia trazido para testar. Há bastante tempo sem álcool, os três chopes apenas me tiraram o sono. Poxa, fiquei com insônia.

Para acompanhar o restante do líquido, no domingo comprei casquinha de siri pronta para ser aquecida no microondas. Estava gostosa, mas após consumo percebi que o fabricante (de Osasco, município da grande São Paulo, sem mar ou rio) indicava Merluza (sequer seu filé) como ingrediente. Poxa, paguei por siri e comi sei lá que parte de Merluza.

Meu vizinho, que sistematicamente coloca fora o jornal no dia seguinte e sem estar bagunçado, utilizou o seu exemplar como guarda-chuva e colocou-o no lixo todo molhado. Poxa, fiquei sem jornal de domingo...

Poxas da terça são impublicáveis, para compensar permiti-me trocar a aula pela reza. Só que esqueci o celular ligado. Poxa, com tanto a agradecer e a pedir, só consegui concentrar-me para que o celular não tocasse.

Dia quinze é dia de devolução do leão. Certo? Errado. O funcionário da receita não soube me informar se a ausência de restituição de IR significava estar na malha fina, poxa, nada de dinheiro e sequer sei o motivo.

Quinta descobri que os letreiros luminosos dos ônibus são completamente ilegíveis à noite, até porque os motoristas utilizam farol alto. Precisei ficar dando sinal e perguntando se ia até o aeroporto... Não tinha conseguido fazer o check in pela Internet e, em cima da hora, fui direto ao autoatendimento: poxa, meu nome não cabe no sistema, vou ter sempre que pegar fila quando voar Gol.

Se existe algo abundante no Rio são as opções de linha de ônibus centro-zona sul. Estando no aterro, não tem como errar. Mas... eu consegui pegar um ônibus que custava R$2,70, sendo o preço da passagem R$2,40. Além disso, o motorista acumulava função de cobrador, poxa, precisei ficar equilibrando-me na escada a volta inteira do aterro, sem enxergar a vista maravilhosa, apesar do ônibus vazio, até conseguir pagar a passagem. Por que era mais caro? Poxa, sentei em baixo da saída do ar condicionado.

Poxa, cheguei na areia junto com uns chuviscos, mesmo assim consegui mergulhar em um mar ameaçando ressaca e com algas. Além de mim, na praia, o vendedor de bebidas e uma turista que me olhava incrédula por eu ter deixado sozinha, na areia, minha chamativa bolsa “ninguém-tem-uma-igual”. Poxa, fiquei pouco tempo na praia, saí às 9:00, mas pelo menos meu exemplo permitiu à turista tirar o tênis e molhar a ponta do pé (espero que ela não seja assaltada).

O couvert do La Mole deixou a desejar e o mirante da Pavãozinho só é acessado após três lances de escada. Poxa, o PAC construiu um prédio de cinco andares, todas as janelas com ar condicionado, mas a Comlurb continua sem subir no morro.

Na volta, atraso de duas horas, três vôos foram colocados em uma aeronave (consegui ficar na janelinha) e, poxa, se pela antecedência para chegar ao Santo Dumond só vi a árvore da lagoa pelo avião, pelo menos a do Ibirapuera pude contemplar bastante, afinal o ônibus disponível quando cheguei deixou-me ao lado dela e não havia luz na região – caminhei algumas quadras aos tons de verde e vermelho... e, poxa, em casa também não tinha luz.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Intimada para ver a decoração de natal, não tive outra escolha a não ser aumentar a poluição atmosférica da cidade e prestigiar o desperdício energético. Escolhi um horário de menos movimento, próximo ao da novela da Globo, pois imaginei ser possível olhar melhor com menos pessoas. Não adiantou. Entre vários marmanjos (crianças interessadas em Papai Noel eu não vi) andando de um lado para outro e fazendo pose para o celular, fiquei enquanto dirigia ouvindo "anda mais devagar", "olha só que beleza". É, às vezes um tráfego ajuda...

domingo, 28 de novembro de 2010

Etiqueta Urbana

Em dia de chuva, caso você resolva aguardar ela passar embaixo de uma marquise ou se estiver em um ponto de ônibus coberto, feche o guarda-chuva. Não adianta achar que com a inclinação a água só vai escorrer para um lado, ou que o pingo, ao cair no tecido, não vai respingar em quem estiver à volta. As demais pessoas também dispensam o banho que você não está querendo tomar.

Da mesma forma, distração tem limite: se ao sair de um prédio ou do metrô as pessoas em sentido contrário estão molhadas ou com guarda-chuva visível, não espere chegar na porta de saída, geralmente menor do que a demanda de pessoas, para procurar o dito cujo na bolsa...

Evitar dirigir rápido para ter tempo de desviar dos buracos e sempre longe do meio fio para não ensopar pedestres, então, nem se fala...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

para não ser trágico, deve-se tentar imaginar o cômico

A passos de uma tartaruga muito da preguiçosa o governo demonstra que não descuidou totalmente da inflação: a circular 3512 do Bacen, publicada hoje, amplia o percentual mínimo de financiamento dos cartões de crédito. Sabe aquele valor mínimo que pode ser pago na fatura? Hoje ele corresponde a 10% do débito, ano que vem ele será ampliado - uma forma de diminuir o crédito disponível e, sendo menor a demanda, frear a inflação.
Também hoje foi publicada a Resolução 3919, obrigando a divulgação ao Bacen, pelas instituições financeiras, com 45 dias de antecedência, a taxa de juros que será aplicável para quem financiar suas compras pelo cartão - é uma forma de "congelar" o aumento da taxa de juros por um prazo menor.
Fazia tempo que ir ao supermercado me tirava do sério por causa dos preços: em média o aumento foi de 20%, fora produtos que sumiram da prateleira, um sinal claro de que a negociação fornecedor x varejo ainda está em andamento.
Paralelo a esse contexto, de medidas cuja eficácia será verificada só ano que vem e de uma inflação não reconhecida pelo governo e (seria por causa das eleições?) nem pelo Bacen, jornais divulgam o estudo de um novo índice de inflação, que não conterá alimentos nem combustível em sua cesta.
Ah, tá...entendi a estratégia: meta de inflação sem considerar alimento e combustível. Lembro-me de um quadro humorístico cujo jargão era "não deixaram eu molhar o bico", bem apropriado para o discurso antes e após eleição.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Atrações paulistanas e gratuitas


A Bienal voltou a ter seu brilho próprio (ufa!). As obras mais polêmicas na mídia não foram as que mais me agradaram e certamente foi cruel deixar os corvos no meio de tudo – não há quem agüente, pessoa ou bicho, ficar exposto a tanto barulho.

Perdi as anotações que fiz sobre a obra da foto, de longe a que mais me impactou. À volta da mesa há pratos vazios. Nos pratos à mesa estão servidos feijões plantados e, ao fundo, uma boca feminina alimenta-se de brotos de feijão. Não havia indicação da inspiração do artista, mas para mim a ideia é de livre arbítrio. Está no segundo andar, voltei a ela várias vezes...

Os clientes de uma determinada operadora têm a possibilidade de ligar para o número indicado em algumas obras e, com isso, obter mais informação a respeito. Gostei dessa alternativa ao audio guide. Não sei se o serviço é pago, parece-me justo pagar somente pelo que se utiliza e razoável sua cobrança uma vez que a Bienal é totalmente free.

O que também está sendo cortesia esta semana (até dia 28) é o MASP. Trata-se de iniciativa da Samsung, que está patrocinando o ingresso dos visitantes desta semana. Parabéns à empresa. A exposição do subsolo está muito boa: “Se não neste tempo: pintura alemã contemporânea, 1989-2010”. Destaque para David Schnell, há tempos que não acontecia de um artista me deixar com vontade de levar todos os seus quadros para casa.

Up and Coming Tour

Escrever o óbvio é tomar tempo de mim e do leitor. Assim, de forma sucinta, além da diversão, a respeito de segunda-feira, fiquei contente de não ter trocado o ingresso da pista pelo da pista vip, pois esta tinha mais pessoas por metro quadrado que o resto do estádio e ia até a metade do campo (ao contrário das de outros shows, em que sua área é menor). Os tapumes em sua lateral não deveriam ser permitidos – como VIP eu estaria indiretamente concordando com isso.

A fauna à minha volta deixou claro que também de longe ninguém é normal, mas todos convivem bem, apesar do tiozinho mineiro que queria briga com quem fosse mais alto que ele e ficasse em sua frente.

A quem interessar possa – oportunidade de negócio para eventos em dia de chuva: “guardo seu guarda chuva, pague na retirada”. Na pior das hipóteses, se não vierem buscar, você terá um bom estoque para vender no próximo temporal.

A boa notícia foi saber que apesar da decoração de natal os passarinhos do Trianon estão conseguindo dormir: passei por ali de madrugada e as lâmpadas haviam sido apagadas.´

Após praticamente oito horas em pé, cheguei em casa contente e sem cansaço, às 2:50.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Agora voltando no tempo


Imagine uma cidade de interior cuja referência no guia de vigem seja “passagem para ponto turístico x”. Cheguei às 14:00 e o guichê que vendia a passagem para tal ponto turístico estava fechado para almoço até 14:30. Em frente à tabela de horário dos ônibus, pendurada no fundo do guichê de luz apagada, funcionava um ventilador de mesa. As pessoas amontoadas desviavam do ventilador na tentativa de ler alguma informação. A foto acima foi tirada na rodoviária. Mesmo assim, resolvi conhecer a cidade.


Quinze minutos foram suficientes para conhecer a rua do comércio, a praça com o coreto e surpreender-se pela boa conservação dos prédios antigos, em estilo português, alguns deles privados. Restaurante, aberto, só achei o do hotel, mas não considerei confiável a informação de que cozinhariam rápido o que eu pedisse. A atendente do caixa do supermercado recomendou-me almoçar na rodoviária, mas esta definitivamente não era uma opção para mim.

Retornando para a rodoviária, após ter saboreado meus biscoitos e refri admirando pescadores no rio, fiquei 50 minutos na fila até ser atendida. No contexto observado posteriormente concluí que tive sorte: a passagem comprada correspondia ao destino solicitado (conheci um casal que teve que voltar pois descobriu no desembarque que estavam no ônibus errado) e consegui comprar a passagem para o próximo ônibus (devido a fila, quem só tinha cartão como meio de pagamento teve que indispor-se com o motorista para fazê-lo esperar).

Vários foram os absurdos vivenciados em tão pouco tempo, resumi para não ficar enfadonho: a irritação inicial converteu-se em perplexidade por ainda existirem lugares e pessoas como aqueles. Por motivos óbvios não estou indicando por onde estive...
Em um reino não muito distante do descrito, mas também de um ritmo diferente do que estou acostumada, "entrei no clima" e brinquei em seu jardim. A foto abaixo é a minha homenagem aos que me aguentaram no feriado repetindo igual criança (afinal, sentia-me retornando no tempo): "quero entrar no castelo", "já entrei no castelo, sabia?", "tira uma foto de mim no castelo?", "você já viu as minhas fotos no jardim? E as no castelo?".


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A relevância do título de eleitor

Agora posso contar: quando fui votar o eleitor que estava na minha frente, de nome Fernando, foi informado que constava que ele já havia votado. Ele olhou o caderno e constatou que além do sistema que recusava seu título, seu comprovante de votante não estava ali. Observou também que outro Fernando, abaixo de seu nome, havia assinado mas não havia levado o comprovante. O mesário, então, digitou o nº do que levou o comprovante errado e percebeu que para o sistema ele não havia votado. Bingo!

A mesária registrou o ocorrido como "o Sr. Fernando esqueceu de levar o comprovante dele", afinal, todos concordamos que a urna não podia ser anulada, a rigor, o procedimento correto considerando a possibilidade de fraude. Não adiantava a mesária ficar dizendo "foi no meu horário de almoço". Tinha só duas pessoas e nenhum fiscal de partido, muito diferente de eleições de anos atrás, com participação de fiscais dos mais diversos partidos, me senti a própria marionete e tive reforçada a percepção de que ninguém estava levando a sério estas eleições; que medo a escala de valores das pessoas estar negligenciando a democracia...

O Erro relatado ocorreu porque o distraído Fernando não levou o título de eleitor, cujo número é digitado antes do voto, mas deixou de ser obrigatório na véspera. Ao apresentar o RG o mesário utilizou o comprovante de votação para saber qual número deveria digitar. Como foi destacado o comprovante errado, votou em nome de outro por engano. Sorte que o outro foi votar, se não tivesse ido ele ia ter contas a pagar com a Justiça Eleitoral. Contudo, permaneceu com um comprovante que não lhe servirá para nada e deixou seu xará também sem comprovante.

Refleti muito sobre isso, até mesmo se deveria publicar a respeito, mas decidi que não poderia manter o "segredo" entre eu e os demais três ali presentes.

Lembrei-me de um documentário sobre o julgamento da liberação do aborto de anencéfalo, no qual a mãe, de origem humilde, chamava-se Severina, mesmo nome de sua mãe e de suas avós, e era casada com um Severino, cujo pai e avós tb chamavam-se Severino. E se todos estiverem na mesma seção eleitoral e fossem votar só com o RG em momentos diferentes? Pura sorte o mesário acertar...

Temos a vocação legislativa de protelar aspectos polêmicos das matérias reguladas e polemizar o que está estabelecido: resta ao judiciário legislar. Minha experiência profissional há anos vem me mostrando que qualquer planejamento e estruturação exige o desenho do todo, como todos "ses" para haver chance de não ter erro, antes de se escrever uma política. Qualquer melhoria tem que considerar o esboço anterior, geralmente a questão já foi risco discutido e assumido anteriormente.

O título de eleitor certamente não existe por acaso, a decisão de torná-lo opcional foi mais uma emenda desestruturando um sistema que funcionava bem, planejado em seu todo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cidadania

Há ainda quem siga a linha do “tanto faz”, pessoas que sequer são gratas com a possibilidade de negligenciar escolhas e que ignoram que não se posicionar já é uma escolha. Sonhos e projetos tornam-se realidades por ousadia e persistência em não permitir que a vida, a família, a cidade, o país, o mundo etc fiquem à deriva.


Conhecer este processo e respeitar o que já foi feito é a base imprescindível para continuar construindo; passado serve para reflexão, é impossível ignorá-lo. Não há castelo sem alicerce e sem fossa.

O dever do brasileiro de votar, por exemplo, já foi o sonho e a causa da vida de pessoas – direito adquirido aos poucos e ainda ensinado pela imposição. Mesmo para quem não acredita em respeito à memória, pelo mínimo de reciprocidade e coerência com os seus próprios sonhos, que poderão ser direitos adquiridos e óbvios às gerações futuras, assim como o voto é hoje no Brasil, o comparecimento às urnas é mandatório – não importa o que diga a lei.

A cada tecla da urna eletrônica sinto-me agradecendo por poder manifestar minha opinião e ter participação ativa na realização de meus sonhos, mesmo que eles sejam simples, como o da população exigir uma campanha política com projetos (desde a estabilização da economia quase nada me é informado pelos candidatos quanto a políticas públicas) e não simulações estatísticas e jingles divulgados por marketeiros na mídia.

Infeliz de quem decide profissão, cônjuge, amigos pela opinião dos outros. Por que pesquisa de opinião influenciaria o voto de alguém? Por que o segundo turno foi designado exatamente no meio de um feriadão de 5 dias (28 de outubro – dia do funcionário público – e 02 de novembro – finados)? A quem interessa as indecisões quanto à legitimidade de candidaturas, mesmo após as eleições? Todas as respostas me são antidemocráticas e cruéis.

Paciência o feriado, haverá vários outros antes das próximas eleições.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

final de semana saudável com a segunda-feira sem carne

Para quem estiver sem programação para o final de semana - ou para quem quiser dar um "up" no tão rotineiro cinema (mesmo que do festival) a dica é ir à tarde ao Ibirapuera: trata-se da comemoração de um ano da campanha "segunda sem carne". Muitos quitutes e palestras a partir das 12:30 dos dias 23 e 24 - os quitutes eu não sei, mas as palestras são gatuitas, com distrbuição de senha 30 minutos antes de começar.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Novos Paradigmas

Cãominhada: evento esportivo no qual os caminhantes o fazem junto com seus cães: além do preparo físico é necessário ter um animal bem educado, que não fique parando para cherar o chão e caminhe rápido em trajeto linear.


Música alternativa: a CPTM está disponibilizando piano em suas estações (trata-se de um piano que muda de estação a cada semana aproximadamene), para que seus usuário, se quiserem, o toquem. Percebi isso quando o pianista que se apresentava começou a errar a música: havia um totem ao lado do piano explicando a iniciativa: integração das pessoas com a música e compartilhar o conhecimento de cada um. Hoje estava na estação da Luz, mas não sei por quanto tempo nem sua próxima estação.

Cadeado = lacre não descartável para malas? Bem, nem tanto. Se você for aos Estados Unidos, como as precauções em relação à guerra ao terror inclui abrir a sua mala e analisar qualquer objeto suspeito, há no mercado cadeado que é aberto mediante uma combinação de números e possui uma fechadura cuja chave parece que somente a fiscaliazação norte americana possui. É isso ou seu cadeado tradicional será entregue cortado dentro da mala com o aviso de que você não será indenizado pelo inconveniente.

Tecido: a fibra de bambu veio para ficar. A sua textura é de muito bom toque, mas embolota fácil e o preço não é tão acessível quanto o algodão.

domingo, 17 de outubro de 2010

Tecnologia

Praticamente madrugada e um grupo de pessoas no canteiro central da Av. Paulista em frente ao Masp chamava atenção. Aprovetei a presença do segurança da feirinha e parei para ver: tratava-se da filmagem, por diversas pessoas, do início do horário de verão. Até alguns anos atrás os relógios eram programados na véspera, cobertos e, durante a madrugada, iam sendo abertos. Hoje não: das 23:59 o relógio passou automaticamente para 1:00 (e isso ocorreu tb no celular - não foi preciso desligar e ligar para ter o novo horário). Mas meu deslumbramento com a tecnologia durou pouco: alguns quarteirões à frente já havia relógio digital com o horário antigo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Segredo

Estava ali apenas para regar as flores, pois os donos da casa estavam viajando. O telefone tocou e resolveu atender. Uma senhora perguntava se poderia entregar "o de sempre". Curiosa, disse que sim e aguardou a teleentrega. Anos de terapia resolvidos por pura sorte: descobriu que o tempero especial de sua sogra, elogiado por todos e escondido a 7 chaves, na verdade, era comida comprada pronta. Pagou, levou as quentinhas para casa e nada comentou a respeito.

*

Divulgou a todos que faria um curso de culinária, mas destinou o orçamento e o horário das aulas para tratamento estético. Um mês depois passou a ser elogiada não só pelo novo tempero, mas também pela melhora na aparência. Contou a todos que não imaginava o quanto cozinhar emagrecia, pois fazia-se exercício e o aroma da comida, de forma constante, inibia o apetite. O nome da escola? Não podia contar... pelo menos até negociar com um professor a sua comissão - mas isso é um outro segredo.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


Já está decidido. Em 2014, durante a Copa, estarei em qualquer lugar, menos no Brasil. Quem estiver planejando o mesmo que me avise, pois não vai ser difícil encontrar passagem “no contra fluxo”, afinal, certamente as aeronaves dos vôos extras não ficarão estacionadas aguardando o fim dos jogos. Tô procurando um grupo para negociar um sharter mais baratinho...


Na verdade acredito que haverá incentivo para a população deixar as cidades que sediarão os jogos, pois a forma mais fácil e mais econômica de organizar uma cidade é “sumir” com as pessoas que circulam nela.

Exemplo do que pode vir por aí vivenciei semana passada.

Mesmo reconhecendo que há muito não sei o que é viajar despachando bagagem, não pensei que o detalhe “mala” fizesse, pela primeira vez, eu perder um vôo. Cheguei no aeroporto com check in feito e a tempo de embarcar, mas o vôo já estava fechado para poder receber minha mala, mesmo o aeroporto sem teto e o painel indicando o check in aberto. A foto acima foi tirada com o aeroporto ainda fechado – non sense imperando na informação oficial em um dia de pouco movimento.

Questionei a companhia aérea e me responderam, como algo normal, que a Infraero não estava atualizando o painel - onde obter informação segura então? Decidi que não ia estragar meu dia e deixei de ir à ANAC, aproveitei as três horas de espera até o próximo vôo para consolar-me, pois antes no aeroporto do que fechada na aeronave aguardando autorização para decolagem ou ter que embarcar nos vôos anunciados: Cidade do México via Santiago, no Chile, ou Punta Cana, com escalas em Punta Del Este e Caracas. É, sempre pode ser pior...Melhor não reclamar e previnir-se em 2014.

domingo, 15 de agosto de 2010

O importante é comemorar

Impressionante a criatividade de determinados setores em relacionar homenageados e datas. No colégio lembro de decorrar, além dos feriados (os quais por um tempo foram antecipados para segunda-feira), o dia do índio e o da bandeira. Só.
Estatisticamente, datas comemorativas e homenagens estão para os deputados como os nomes de rua estão para os vereadores.
Algumas datas possuem motivos comerciais, como dia dos pais e dias das mães. Quem tem cumpre protocolo, quem não tem controla a tristeza. O fato é que é muita pobreza de espírito esperar um dia no ano para comemorar o que se tem de bom todos os dias. E muita hipocrisia comprar presente por convenção.
O dia do solteiro, comemorado hoje, foge à regra. Todo mundo um dia já foi solteiro, seja por manter o estado civil de nascença, seja porque não se nasce aos pares (gêmeos não cota). É possível brindar à solteirice passada, presente e futura. Não fosse o comum exagero (ou o meu conservadorismo, talvez, já que o comum é a média, nunca exagero), a confraternização seria interessante:
- Nossa, vc por aqui?
- É, confraternizando com o grupo de ex-solteiros, revendo o pessoal da vizinhança da adolscência. Mês passado estive na reunião de ex-alunos, mas não estava tão agitada. E vc?
- No grupo dos solteiros, por enquanto. É... tenho festa de aniversário de formatura no final do ano, mas não são tão legais, os agregados parecem sentir ciúme, não se integram por não terem vivido as histórias que são relembradas. Aqui não, vida de solteiro, de alguma forma, é comum a todos.
- Parabéns pelo dia. Até ano que vem.
- Até.
Para o comércio, a data não poderia ser melhor: o solteiro compra presente para si ou para outros solteiros, namorados, amantes etc, presenteariam com a intenção de que o outro não queira reviver a solteirice, e assim por diante.
Definitivamente, gostei da data.

sábado, 14 de agosto de 2010

Vamos combinar que

dentre as pessoas existem as melhores, as que virão a ser as melhores (estão em processo de apefeçoamento) e as que mal interpretam a afirmação de que perfeição é impossível.
Perfeição significa que não há mais o que aprimorar, ou seja, é um dos aspectos da estagnação, delírio de um mundo em constante movimento. É neste sentido o dito popular, e não o de justificativa para a preguiça derrotista.
Há quem afirme ser a grama do vizinho mais verde, só sei não haver a mesma iluminação em pontos diferentes, a partir de um mesmo ângulo de observação. É a mesma luz refletindo que por percepções diversas reflete nuances de um mesmo tom. O parâmetro de aprimoramento deve ser pessoal, exceto aos atletas.
Discorda? Mesmo que seus atos sejam neuroticamente os mesmos, você certamente não é mais a mesma pessoa.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mais um impulso a ser evitado

Se...
...você desde o sempre não pergunta à vendedora o quanto a roupa que está sendo provada ficou bem, pois sabe do interesse dela na venda.
...antes de contratar um prestador de serviços você pede referência, pois não basta só o diploma, uma vez que papel aceita tudo.
Já parou para pensar qual critério você utiliza na escolha de seu seguro? O que você está pagando poderá ser utilizado um dia? O que você poderá precisar, está contemplado?
Toda apólice é escrita com temas técnicos e/ou por técnicos, mas você só tem acesso ao corretor, que nada mais é do que um vendedor, alguém que tem interesse que você compre o produto.
Os seguros são mais um exemplo da ausência de consciência das pessoas na importância de equipes multidisciplinares. Com menos exigência, melhor para a seguradora.
Exemplo são as inovações tecnológicas, eu me incluo no grupo das pessoas que desconhecem todas as funções dos aparelhos que compra. Se não sei o que faz também não sei o que pode dar errado, imagina se vou ter discernimento para escolher o melhor seguro. Seria muito mais proveitos se, ao invés de falar com um corretor/vendedor, eu falasse com um engenheiro mecânico.
Na área da saúde não é diferente. Não raro as condições da apólice mudam com o passar dos anos (a cada 12 meses nova apólice, que para manter as condições da anterior, muitas vezes só com imposição do judiciário - e não são somente valore, como nos carros). Mas se não há um referencial anterior, você só tem a sorte de não ter precisado do seguro. Ao contrário de outros setores, trocar de plano é um ótimo negócio para a operadora anterior, a nova e para o corretor. A seguradora que perde o cliente, na verdade, deixa de ter que atender alguém que já contribuiu durante a carência, mas passível da cobertura de sinistro a qualquer momento. A nova seguradora terá novo cliente, mas sem precisar cobrir integralmente a apólice e o corretor terá melhor comissão por vender a nova adesão à apólice (ao invés de só  renovar). "Compra de carência" só poderia ser possível após a aprovação pelo médico de confiança do paciente e da família..

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Vivendo e Aprendendo

A imagem estava nítida: Entonio. Voltei a iniciar a operação, estava com pressa para sacar o dinheiro e, novamente: Entonio. O lay-out estava diferente, logo, não deveria ser clonagem do cartão ou vírus. Foi então que apareceu um enorme Parabéns. Aliviada que ia conseguir sacar o dinheiro aprendi que Entonio significa aniversário de 10 anos, que é a atual idade de minha conta bancária.

Outro marketing que me pareceu bem simpático foi a correspondência da locadora de automóveis agradecendo a preferência e avisando que a CNH está vencendo.

Por fim, a grande novidade da semana foi voltar a ouvir a voz do Brasil. Em período pré-eleição deveria ser proibida. Pior é que já estou me acostumando com a versão semi-eletrônica do Guarani.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Careta

Algumas pessoas ou são totalmente desprovidas de senso crítico ou falta-lhes espelho. Garantindo o futuro financeiro dos otorrinos e esquecendo-se totalmente de sua própria expectativa de vida, as pessoas andam nos ruidosos locais públicos ouvindo música. Ao invés de assumirem a individualização, em filas de espera, voltam a formar o coletivo sem falar palavra (afinal os outros também estão escutando música), todas as mímicas de impaciência são gesticuladas.

Ok, ok, o metrô estava realmente atrasado. Só eu, que havia chegado depois de várias pessoas, já estava esperando há seis minutos (enquanto ele passa de 4 em 4). Mas enrrugar a testa, comprimir os lábios e bater o pé no chão não mudam o cenário; nem olhar para o relógio.


A criatura ao meu lado movia de tal forma a face (e sem um sorriso sequer) que começou a me incomodar. Não fosse minha posição estratégica, praticamente a primeira a entrar no vagão quando ele chegasse, teria mudado de lugar. Afinal, eu já havia acordado mais cedo para não precisar andar tão rápido carregando caderno, sacola e bolsa e já tinha consciência que minutos a menos de sono certamente só significariam minutos a menos de atraso - não poderia permitir que um ser daqueles me contagiasse.

Aproveite filas para fazer coisas úteis, colocar telefonemas em dia, ler uma revista, fazer alongamento etc. Enfrente ou desista, tenha consciência das decisões tomadas e não deixe que algo tão corriqueiro que você decidiu enfrentar ao invés de desistir mude seu humor. Um mínimo de personalidade você deve ter...ou pelo menos de senso de ridículo.

domingo, 1 de agosto de 2010

É Tecnologia

Fazia tempo que não me sentia E.T., e tudo por causa da tecnologia. No início do dia percebi que, mais uma vez, o carro ficou sem bateria. Apenas uma semana sem ligar e ele se recusa a pegar. Pior é que os modelos de carro disponíveis no mercado saem de fábrica com alarme eletrônico e os rádios não têm a especificação se gastam energia enquanto estão apagados: motoristas de final de semana estão com os seus dias contados... a não ser que fiquem na garagem “ecologicamente” queimando combustível.

Passeio frustrado, resolvi trocar alguns quadros de lugar. Pois é, a parafuseira também estava de greve, a bateria não carregou e nem ligada diretamente na tomada funcionou. Já que tive de fazer força, achei que seria útil continuar o exercício e fui estrear o novo aparelho da academia do prédio.

Esqueci o nome do petrecho, mas é o tal em que você anda sem sair do lugar, quase como se tivesse andando de bicicleta. Bem, o ser que lá esteve antes de mim, ao invés de apagar o aparelho no botão “liga/desliga”, desconectou o fio de conexão com a rede elétrica. Mas não tirando o plug da tomada, e sim o extremo do fio que fica no aparelho. Resumindo, o porteiro, que devia estar se divertindo pela câmera, interfonou e me avisou: “-Dona, é ligado na tomada, eu vejo o pessoal abaixando-se e até sentando na esteira para ligar”. A dica dele foi fundamental. Agradeci e não entendi até agora o motivo dos estimados vizinhos preferirem puxar o fio ao invés de usar o botão apropriado. Como sou pessoa de personalidade, desliguei pelo botão e deixei o fio conectado.

Mas irritante mesmo está sendo o despertador do celular. Precisei trocar o aparelho há 10 dias, pois o anterior estava dando eco, o que deixava incompreensível qualquer conversa. Bem, para não ter problema no manuseio (o que eu tinha antes já está fora de linha) mantive a mesma marca. Só que a função soneca não desativa só com um toque (pelo menos eu só consigo após desprogramar o alarme, o que faço com 5 toques). Isso significa fim daquele cochilo gostoso, transgressor de continuar dormindo após os despertadores tocarem, pois eu efetivamente acordo só porque tenho que desligar o celular! Considerando que o vendedor da operadora disse-me que eu estava utilizando meus pontos para ter um “smart”, bem, melhor não concluir o raciocínio...

terça-feira, 27 de julho de 2010

#mdrama

Para quem também ficou sabendo (eu, por exemplo, vi a propaganda no metrô) e não sabe como nem até quando: lembro que se tem até dia 15ago10 para twittar seu roteiro. O prêmio é vê-lo encenado. Eu? Aceitei o desafio e mandei 2...

sábado, 24 de julho de 2010

Atemóia


Não sei de onde vem, mas seu nome não era de todo estranho. Ao ouvir o vendedor fornecer um pedaço, pedi um para mim também. Parece fruta do conde, mas é mais fácil de comer, pois não tem gomos tão definidos. Provei, gostei, comprei. O vendedor disse-me que está madura quando fica fofa, a casca adquire a textura de bodyboard, ou quando escurece. A que trouxe para casa tinha partes açucaradas, como o leite condensado após seu prazo de validade, só não sei se isso ocorre quando está verde ou se quando está passada.

Fiado

O cartaz era muito claro: em uma mesma etiqueta na parede havia a marca do cartão de crédito e do de débito. Questionei se havia valor mínimo para utilização e se estava funcionando. Respostas favoráveis, entrei. Na hora de encerrar a conta, porém, a surpresa: só aceitavam cartão de débito. Informei que não teria como pagar. A funcionária, tremendo, foi chamar a gerente. Resultado: involuntariamente almocei fiado em pleno centro de São Paulo, em local que não havia estado anteriormente. Ainda há pessoas confiantes, mesmo na cidade grande - só não posso esquecer de volta lá e pagar.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Descrição de perfil

Nesta "febre" de testar produtos e serviços, seja para ganhar um exemplar do mesmo, seja para ter uma retribuição simbólica financeira, em um determinado site pedem para que você se descreva. Gostei tanto do que escrevi que quase mudei o texto aí do lado. Depois cheguei à conclusão que deveria deixar como postagem mesmo. Pior é que bastou postar para eu perceber que deveria ter dito que sou crítica. Mas aí já era tarde...

Segue o texto:

"Uso roupa confortável, geralmente duram anos, não sigo moda nem conheço marcas. Para comprar tenho que gostar e convencer-me da qualidade (textura e caimento do tecido, acabamento da costura). Sapatos duram pouco, pois caminho muito. Carro só uso quando realmente precisa. Sou advogada, já fui síndica, mas consigo levar todas as situações adversas com humor. A-D-O-R-O novidade. É diferente? Lá estou eu querendo conhecer - e se gosto fico fiel ao produto/serviço. Uso pouca maquiagem e pouco perfume, tenho que estar "no clima" para lembrar deles. Faço força para não ficar só trabalhando, mas gosto de festas tb. Viajo de mochila, às vezes sem roteiro mas sempre com muita informação, e sinto-me muito bem também em um 5 estrelas. Posso curtir caminhar na rua por horas ou ficar em casa até acabar um livro, depende da temperatura, depende das pessoas envolvidas no passeio. Mas se precisar vou sozinha a cinema, teatro ou onde quiser ir. A vida é muito curta e com muitas possibilidades boas para perder tempo com "se". Só ousando em escolhas descobre-se o supérfulo e o que realmente importa, não fazer é recusar a vida. É nisso que acredito."

Alguém discorda?

domingo, 18 de julho de 2010

Esquisito

Comprei uma penca de bananas um pouco verdes, para comer dias depois. Em algumas horas em casa, porém, a casca escureceu absurdamente e as frutas pareciam ter crescido. Resolvi colocar os óculos para verificar melhor e, pela primeira vez na vida, vi bananas naturalmente descascadas, inexplicavelmente em duas delas, dentre várias da penca, a casca se soltou no cumprimento. Apesar do amadurecimento acelerado (certamente não natural), estavam uma delícia.

Há muito é notório que os alimentos, para melhor conservação, mesmo os aparentemente frescos, são colhidos verdes. Sei também que há processos de aceleração de amadurecimento, mas na prática não havia visto. Falta informação ao consumidor sobre o que está realmente está consumindo. A última esperança são os orgânicos, mas aí é preciso uma certa adaptação aos bichinhos naturais que habitam frutas, legumes e verduras.

Uma precaução que tenho tomado é na compra de frios. Depois que soube da existência das embalagens com ATM (atmosfera modificada), que são as de fatiados. Para durar mais é colocado um gás na embalagem, a tal da ATM. Atualmente, não importa a fila, sempre peço para fatiar na hora. Mas se em relação ao transgênico, que é muito mais polêmico, não se tem segurança, imagina se haverá sobre a atmosfera pela qual os alimentos são temporariamente envolvidos, o jeito é ter a sua própria horta em casa e só comer dela.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Qual a novidade?!

Quando eu era criança o boeiro perto de casa explodiu. Foi um "bafafá", tanto que me lembro. Anos depois, já adolescente, também no Rio, na Visconde de Pirajá (a rua em que explodiu um ontem), vi um boeiro sair rodopiando e atingir um carro, que ficou amassado e com vidro estilhaçado.
O problema era atribuído à tubulação de gás, não à de luz, como agora a imprensa divulga. Como convivi anos com botijão de gás na área de serviço, imaginei que tal modelo fosse mais seguro do que canos de gás circulando à volta das pessoas. Mas este entendimento mudou quando aluguei meu primeiro apê e descobri que a ligação do gás de rua com o fogão era feita por um tubo de PVC. Isto estou falando de Pinheiros, bairro que em tese é habitado por pessoas com algum conhecimento e de fácil acesso ao prestador de serviços da Comgás (concessionária de SP). Se há quem faça isso com gás de rua, em tese sujeito a maior fiscalização, imagina a instalação dos botijões Brasil a fora!
Realmente não sei o que é menos arriscado - gás engarrafado ou gás na rua. Impressionante é que, passados pelo menos 15 anos do acidente que vi, o problema persiste e é divulgado nacionalmente após ter como vítima um casal de americanos.
A realidade de não ter sido encontrada solução (se é que alguém algum dia estudou o problema) juntamente com a aproximação da Copa em 2014 pode ser que mude a situação (para alguma coisa tem que servir a Copa). Triste a repercussão ocorrer após estrangeiros serem vitimados, não apenas pela lesão, mas por refletir conformidade, como se ao habitante local fosse tolerável conviver com mais essa insegurança. Três boeiros explodindo na zona sul do Rio em 16 dias? É muito mais crônica do notícia.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Burocracia

Por precaução, antes de formalizar o processo, fui até um guichê certificar-me de que não estava faltando nenhum documento. "Está tudo certo", confirmou o funcionário.
"Pipoquei" pela cidade atrás das assinaturas e, ao retornar, a funcionária que me atendeu demorou quase a eternidade lendo o conteúdo do texto (que não cabia a ela analisar), separou tudo em dois montinhos de papel e me perguntou: "Cadê o saquinho plástico?" Não sei se foi o argumento técnico ou a meiguice firme que os anos nos fazem desenvolver, mas não precisei nem utilizar a pasta em L que lhe ofereci, nem perdi meu lugar na fila: a própria funcionária, após nosso rápido diálogo, ofereceu emprestado dois saquinho que ela tinha. 

Ainda na semana que passou, mas em outro lado da cidade: cinco audiências ocorrendo simultaneamente, apenas um computador conectado. Localizado sabe onde? Ao lado da porta, antes de todas as salas, exatamente no local onde todo ser perdido no fórum para (na nova ortografia é sem acento, certo?) para perguntar os assuntos mais variados, sendo atendido pela pessoa que está não apenas digitando, mas redigindo o acodo enquanto pelo menos duas pessoas esperam por ele. No mínimo, atrapalha a produtividade e prejudica a percepção da qualidade do serviço que está sendo prestado.

terça-feira, 15 de junho de 2010

E por falar em solidariedade...

Não estou assistindo os jogos, mas dentre os elogios e críticas feitos na mídia, a crítica mais pertinente foi a relacionada à equipe inglesa, que não foi consolar/incentivar seu goleiro após o "frango" sofrido.
Lógico que ninguém gosta de errar e nem erra propositalmente, ainda mais quando a autoria do erro é evidente. Mas permitir que a vaidade de cada um isole quem em tese é diferente, gerando o medo de ser o próximo a ser isolado, ao invés de incentivar os êxitos do conjunto, deve ser evitado não só nos jogos: "caça às bruxas" desestabiliza o grupo e não conserta qualquer problema.

A pergunta que não quer calar

Só agora houve interesse em investigar o solo afegão? Não havia tecnologia suficiente (antes da guerra, por exemplo) para conhecer as reservas divulgadas recentemente? Comovente a solidariedade do hemisfério norte em auxiliar o Afeganistão a se desenvolver explorando seus recursos naturais. A China já contratou que as reservas de cobre serão dela...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Drenagem linfática

Houve época em que eu conhecia apenas o gênero: massagem. Resolvi conferir pessoalmente a diversidade oferecida no mercado, uma vez que cada lugar oferece um nome diferente e uma promessa melhor e mais rápida que a outra antes de fechar um pacote de sessões (economicamente vantajoso).
De forma resumida, três são "as frentes de combate": tensão, inchaço e gravidade. Cada modelo de massagem combate até dois problemas. Muda a sequência de movimentos, o tempo, os produtos, os aromas (não testei as que são feitas com aparelhos) e após quase todas é visível a melhora do que sequer estava incomodando. Fique perplexa ao perceber que é possível sim ficar fisicamente do jeito que se quer sem precisar de cirurgia plástica e sem restrição alimentar, basta tempo e dinheiro para os tratamentos passivos já existentes hoje em dia.
A drenagem linfática, apesar de pouco presente no Brasil, é menos luxo do que manicure e minha modalidade favorita por ter mais duas vantagens, além do desinchaço (ou em decorrência dele): é muito mais agradável fazer exercício após a drenagem e é possível emocionar-se à vontade no cinema, dormir muito ou dormir pouco sem ter receio de assustar as pessoas, pois os olhos não incham. Sábias asiáticas!

domingo, 23 de maio de 2010

Detetive

Reportagem hoje na rádio mencionava a história de um rapaz que estava utilizando uma das redes de relacionamento da Internet para localizar uma moça que ele havia visto na rua e se encantado, ele só sabia descrevê-la, desconhecia até mesmo o seu nome.

O destaque da reportagem foi seu pedido de ajuda na rede e várias pessoas respondendo, dispondo-se a ajudá-lo. A história não é original, apenas mais uma das manifestações de amor à primeira vista. Lembro que há alguns anos (antes da Internet) um turista havia publicado anúncio em jornais atrás de uma brasileira que ele havia conhecido, mas não recordo o desfecho de sua busca.

Mais do que romantismo, essas atitudes demonstram pessoas que efetivamente vivem a vida e procuram fazê-lo de modo feliz, pois apenas o vivenciar na prática pode gerar satisfação. É claro que as tais moças podem não retribuir ou retribuir só por um tempo (o tempo de uma vida?), mas mesmo assim será melhor do que a fuga da imaginação não concretizada.

Aos que discordam de minha afirmação, imagine-se em coma induzido desde o nascimento: a imaginação sendo exclusivamente sua vida; que parâmetro você utilizaria? É a interação o início de nossa expansão.

Imaginar só tem uma função: colocar o sonho em prática. Apenas imaginar é não ter, não ser, um existir muito tênue e estagnado. O que só você sabe e só de sua forma ocorre (pensamento, fantasia) é tão estável e chato quanto a unanimidade.

A “consciência do não” propicia a tentativa e, com ela, diversas possibilidades de sim. Não há regra para a intensidade e a quantidade de tentativas, mas é imprescindível respeitar o espaço do(s) outro(s). Afinal, quem não quer ser respeitado?

Ironia é, mesmo sabendo o que se quer e tendo a informação de como encontrar, por causa da ética da reciprocidade, ficar inerte.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Meu próximo carro será elétrico

Os apelos ecológicos para o consumo consciente são cada vez mais constantes. Motor flex é uma escolha do brasileiro muito mais pela economia que pode proporcionar ao pagar menos IPVA (em alguns Estados) e comprar o combustível mais barato. Só que ecológico mesmo é deixar o carro em casa - e essa possibilidade os carros nacionais não proporcionam.
Gosto de dirigir, mas não tenho problema algum em deixar o carro na garagem ou em pegar carona. Afinal, quanto mais passeio, mais intenso fica meu vínculo com o lugar. Por semanas preferi caminhadas e transporte público. Até que...
No princípio achei estranho ter esquecido o carro aberto, depois, tão temperamental quanto um computador, ao virar a chave, só recebi "téc" de resposta, pura birra dele por ter sido abandonado. Chamei o seguro e o diagnóstico foi certeiro: bateria.
Fiquei sabendo, então, que as travas elétricas, o alarme e o rádio consomem a bateria em um curto espaço de tempo (bem menor do que o dos carros sem acessórios) e que a chave elétrica também não funciona sem bateria. Como resolver? Ou liga o carro no máximo de 3 em 3 dias (superecológico queimar combustível sem sair do lugar, sem contar a qualidade do ar da garagem) ou com uma chave 10 desaparfusa a bateria e a isola uma parte (o carro fica sem alarme e, antes de utilizá-lo, tem que fazer operação inversa).
Só não enviei uma carta de "lavar a alma" para o fabricante porque o problema é comum a todos os modelos disponíveis no Brasil e também porque reconheço ter exagerado, uma vez que estou sem precisar abastecer desde dezembro.
Fica aqui o meu protesto - carro ecológico é o que pode ficar na garagem!

domingo, 16 de maio de 2010

Sábado, 15 de maio e Domingo, 16.

Na Europa, mais de 1500 museus abertos, em Sampa, a Virada Cultural foi também Viada Gastronômica.

Resolvi aderir ao movimento e escolhi a programação de cinema, três filmes e dois lanches das 24hs às 6hs, mesmo sem saber do que se tratavam os filmes. Achei que fosse ser cansativo, mas não foi. Outras pessoas levaram cobertor, travesseiro de viagem, lanches, etc. Não levei nada e os lanches oferecidos foram suficientes para acabar com a fome e espantar qualquer sono. 

sexta-feira, 14 de maio de 2010

where things happen first

Foi assim que, há alguns anos, respondi a estrangeiros, o motivo de ter escolhido São Paulo para morar (e não havia na época os lançamentos mundiais, simultâneos, que existem hoje).


Terça participei de mais um exemplo: tryvertising, existente nos EUA, Espanha e, agora, São Paulo. O que é? Um “prato cheio” para quem adora novidade, tem critérios rígidos na utilização de seus recursos e comemora cada oportunidade proporcionada pela vida para melhor vivê-la.

Não fui clara? Sabe aquelas pesquisas de marketing, em que você é remunerado para analisar um produto, geralmente que você já consome, enquanto pessoas te observam em um espelho espião? E os produtos que são demonstrados no varejo?

Tryvertising mistura os dois. No que fui paga-se um taxa anual e pode-se retirar até 5 produtos por mês para serem testados em casa (e outros podem ser testados na loja). Os questionários são preenchidos na Internet (para minha decepção são muito objetivos, não pude opinar como gostaria, pois gosto de efetivamente participar, uma forma de ajudar a indústria a produzir para mim...).

Estive na inauguração, por ser novidade achei mais seguro só aderir após conhecer a loja e ir no primeiro dia para pegar os melhores produtos. Foi então que começou a saga. O cadastro e o pagamento são feitos via Internet. As pessoas resolviam tudo por celular, mas eu precisava de uma Lan House. Sobe-e-desce-lomba em Vila Madalena, atrás de um computador. Percebi que pela primeira vez passeava pelo bairro durante o dia, foi quando lembrei do Hostel, que aceitou comercializar 20 minutos de acesso...Ufa!

Duas horas depois retornei à loja e o que eu havia gostado praticamente não havia mais, além disso, o sistema estava fora do ar. Foi então que percebi um cenário montado para a reportagem de TV, com um exemplar de cada produto. Não tive dúvida, fiquei aguardando o fim da filmagem e a estratégia mostrou-se correta: consegui os 5 produtos que eu queria. Já testei e, se eu conseguir manter a disciplina de ir todos os meses e, em todos eles encontrar 5 produtos que me agradem, eles terão custado menos de R$1,00. Em um cenário econômico inflacionário, além de lúdica, a experiência parece-me um ótimo investimento.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Chapelaria

Atenção organizadores de festa: o serviço de vallet nem sempre garante sair do carro em local coberto e climatizado, direto ao evento, certo? Na pista de dança, se você for bom organizador, as pessoas sentirão calor de tanto dançar, concorda?

Então porque não há mais chapelaria? Haja coluna para dançar com a bolsa em um ombro (no chão ela suja) e criatividade para manter a elegância carregando casaco...

Se a mão de obra está cara ou pouco confiável, coloque armários com chave ou algo equivalente - e com câmera - mas conforto é sempre necessário, inclusive na diversão.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Audiodescrição e Open Caption

Reprisar os melhores filmes do ano anterior, escolhidos pelo público e crítica, já é uma boa ideia; uni-los em um festival com preços populares, melhor ainda.

A característica mais formidável do Festival Sesc Melhores Filmes não é a sessão "vale a pena ver de novo", nem a possibilidade de assistir aquele filme cuja fila há algum tempo você não quis enfrentar, mas sim o público cego.

No hall há fotos de filmes também em relevo e com texto traduzido para braile. Os monitores mostram e explicam uma a uma, inclusive tem um pote com areia para quem não conhecer praia ou quiser conferir a textura real da areia de uma das fotos.

No filme, o recurso que permite o acompanhamento pelos cegos chama-se audiodescrição. Em uma das sessões, que não estava tão concorrida, pedi um aparelho para mim. É um MP3. Entre os diálogos há narração das cenas, algo como "vinheta de apresentação do festival, vários ingressos com desenhos de pessoas, feitos por crianças, passeiam por São Paulo e chegam ao hall do cinesesc e sentam na poltrona..." Desliguei o aparelho na primeira cena, mas é sim possível assistir filmes sem enchergar.

Os filmes também podem ser assistidos por surdos, através do open caption. Apesar de não ser novidade, o open caption nada mais é do que uma legenda a mais no filme, descrevendo os sons além dos diálogos, constando, em itálico, "burburinho", "música de suspense", etc.

Deveria ser normal a acessibilidade de espaços públicos, não só culturais, a todos. Parabéns ao Sesc, que além de lugares reservados a cadeirantes, cadeiras duplas (para obesos, apesar de usadas por casais), também tem a legenda open caption e, agora, audidescrição. Divulgue, incentive, exija em sua cidade também essa acessibilidade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Química

Distrai-me e o excesso de calor fez com que parte do alimento grudasse na panela. Deixar de molho não resolveu. Voltar a aquecê-la também não. Ficar sem ela também não estava em meus planos. Lembrei-me da dica do amaciante - e não é que resolveu?

Estamos condicionados a seguir comportamentos e a nos restringir a bulas. Felizmente a vida proporciona muito mais a quem se propõe a tentar. Assim como o detergente  da louça serve para tirar mancha de gordura na roupa e o sabão em pó para lavar o chão, a solução do amaciante para desgrudar qualquer queimado é muito simples.

Apenas uma colher de sopa dissolvida em água, em contato por algumas horas com local queimado, e o problema estava resolvido. O que eu não sabia era que a panela ficaria com o perfume do produto (e a cozinha, por tabela, também). Como resolvi? Água com vinagre.

domingo, 18 de abril de 2010

Efêmero até quando?

Madrugada. Ruídos e vozes na rua. A curiosidade levou-me à janela. Pelo menos 11 homens, de forma sincronizada, pintavam a faixa de segurança. Belo trabalho em equipe, em 20 minutos a sinalização já estava perfeita. Pena que na tarde seguinte boa parte da tinta já havia deixado o asfalto. E assim vai nosso dinheiro... como na limpeza das bocas de lobo, encontra-se trabalhadores com frequência, mas o resultado do trabalho não aparece.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Gosto tanto de documentário que me surpreendeu a sala não ter lotado. Apesar de por anos não ter sido possível assumir compromissos durante a semana no horário das 19:30, pela divulgação na mídia, ser evento gratuito e em boa localização, temi que não fosse possível chegar a tempo. Felizmente a procura não foi tão grande assim.

Se você estiver no Rio, não perca a chance. Na apresentação que antecede todas as sessões do festival foi informado que a cópia foi disponibilizada pela Paramount para a apresentação de ontem em São Paulo e apenas mais uma na cidade maravilhosa. Nome do filme? Capitalismo: uma história de amor, de Michael Moore.

O estilo do diretor continua o mesmo, momentos emotivos dispensáveis compensados com o humor e narrativa coerente e envolvente. Talvez pudesse ter menos que os 120 minutos, mas eu assistiria de novo, sem dúvida. A argumentação é compreensível até para o público infantil, porém com premissa errada.

Não vou contar o filme, nem teria como, tanta é a riqueza de detalhes, mas discordo que haja bandidos e mocinhos - isso serve para qualquer aspecto da vida. Ninguém exerce um só dos papéis. Ao invés de "história" o que há é um relacionamento com o dinheiro, e como todo relacionamento, os reiterados extremos tornou-o indigesto a quem exagerou (ou não soube aproveitar a oportunidade dada pela vida). Todos somos responsáveis por nós, além de cada um por si. Atribuir a terceiros é reiterar o "efeito boiada" de gerações anteriores, possível de ser modificado com educação e estímulo ao senso crítico. Sem isso, só "levando na cabeça" para aprender... Afinal, o que faz uma pessoa hipotecar sua moradia, já quitada, para passar a ter mais crédito? Se fosse para pagar dívidas, não seria mais coerente vender a casa e comprar outra menor? A responsabilidade por contratações feitas - reitero que como em qualquer relacionamento - é de todos os envolvidos. Assim como se um não quiser, dois não brigam, se um não quiser, dois não contratam (compras inúteis, financiamentos, etc).

A divulgação do filme em TV aberta seria salutar, apesar de possível extremismos (boiada discidente, do ser contra só para imaginar que está pensando). O que me deixou completamente atordoada foi a denúncia (como descrever diferente?) de que empresas tradicionais, pelo menos nos EUA, costumam fazer seguro de vida de seus funcionários, mas sem a anuência destes e constando, na apólice, a própria empresa como beneficiária. Isso mesmo. O filme não diz, mas acredito que o fundamento seja o prejuízo que o empregador tem quando perde o funcionário que recebeu o investimento de treinamento. O fato é que quanto mais jovem o profissional da empresa venha falecer, maior o capital (não se diz "indenização" para seguro de vida) a ser recebido pela empresa.  Considerando que nos EUA a regra é não ter serviço público de saúde, nem seguro de vida e auxílio funeral (compulsórios no Brasil em grandes empresas), quando o americano empregado morre sua família fica com a dívida do hospital e seu empregador com uma receita a mais.

A liberdade de contratar seguro é irrestrita, se você quiser, você pode fazer seguro de vida daquele seu vizinho arruaceiro e encrequeiro, colocando-se como beneficiário, vai que ele brigue na rua e venha a falecer: você tem um chato a menos na sua vida e um montante a mais em seu bolso. Só que isso fere qualquer moral e ética, o  lucrar com a morte de alguém. Não deveria ser lícito que terceiros pudessem estipular quanto a sua vida vale. Somente a pessoa poderia ter a discricionariedade de definir quanto a sua vida vale e quem deve receber a indenização pela perda!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

zombando do Tico e do Teco

Mais uma vez mortes e destruições são atribuídas ao excesso de chuva, tão imprevisíveis quanto a vulnerabilidade  de um solo em decomposição e a contaminação produzida pelos detritos orgãnicos.

Mesmo que haja a remoção das famílias, se a área do lixão não for ocupada de outra forma, o problema persistirá, pois novas famílias tomarão conta do lugar. Alguém se surpreenderia que isso venha acontecer?

Fala-se em construção de casas populares. O orçamento (ano eleitoral) já foi liberado. Mas para qual projeto? A construção estará em conformidade com o perfil das famílias que lá morarão? Serão casas de quantos cômodos? Haverá também uma praça, ou uma área de lazer no que será construído? Serão só casas ou haverá efetiva urbanização? Quem elaborará e executará - e com base em quais critérios? Dinheiro nosso foi aplicado na pavimentação de uma área de risco. A nova aplicação tem alguma chance de diminuir o problema infelizmente há muito conhecido?

Nada disso a mídia trata, só de remoção e mortes. A tragédia pode ser apenas o início de duas novas favelas, mas poderia ser também o surgimento de dois novos pólos turísticos na cidade, dois novos exemplos a serem exportados ao mundo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Eleições

Após duas intensas semanas resolvi que já era momento de saber o que estava ocorrendo no mundo e ontem, permiti-me ouvir rádio. Não ficou ligado nem 10 minutos, pois o assunto tanto de reportagem quanto de entrevistas era a pesquisa de intenção de voto para Presidente da República, o que considero falta de notícia.
Para que serve saber em quem uma mostra de pessoas irá votar daqui há 6 meses se, na véspera, grande é a probabilidade de um percentual ainda estar indeciso? O relevante é o plano de governo ou a estratégia de marketing de cada candidato?
Para a mídia sempre há o "assunto do momento". O atual, e há algum tempo, é a Ministra. Se ela se mantiver com a exposição atual, daqui há pouco ninguém mais vai aguentar ouvir falar dela ou vê-la. O governador começa a cuidar de sua campanha agora, e há pouco começou a aparecer com maior frequência - seu vice é o seu mistério, que gera notícia. Mas de quem ninguém fala - estratégia ou boicote só o tempo dirá - é da Senadora, que ao que tudo indica, utilizará a fórmula de sucesso do atual Presidente. Afinal, dentre os candidatos, quem tem origem humilde como a maioria dos brasileiros? Quem tem reconhecimento internacional? Some-se a isso o fato de seu vice ser um empresário de empresa amplamente admirada pela classe média, muito mais conhecida e engajada do que a do atual vice, fato que contrapõe (mas não é desfavorável) ao dela ser muito mais petista do que a atual candidata do PT.
Meu critério de escolha é objetivo, foi traçado nas férias de janeiro, mas a decisão dependerá do plano de governo que irá ser divulgado pelos candidatos, cujo conteúdo (e por que não propostas da sociedade?) muito pouco se discute e divulga.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Criança tem cada uma...

Quando eu era pequena havia uma revista com uma coluna que tinha este título. O comentário infantil contado há pouco teria chance de ser publicada: "Papai, olha que legal a máquina do vovô, nem precisa mandar imprimir..."

quarta-feira, 31 de março de 2010

SESC Paulista

Hoje é o último dia de funcionamento da unidade provisória do SESC localizada na Paulista. Assistir peças em local improvisado tinha um certo charme. Já estava acostumada e vou sentir falta (há outras unidades na cidade, mas nenhuma tão próxima a metrô ou com tantas opções de teatro). A previsão é de que fique fechada para reforma por 2 anos. Com certeza alterações no prédio são necessárias, não só por estética como também para melhor aproveitamento do espaço. Contudo, para quem, na dúvida sempre passava por lá para assistir o que estivesse passando (normalmente três opções simultâneas, que não ficavam em cartaz mais de 1 mês), o vazio será grande.

terça-feira, 30 de março de 2010

Who's fooling who?

Notícia de que a Anac voltou a permitir o pouso e decolagem de aeronaves de maior porte em Pampulha e consequente indignação do Sr. Governador do Estado com tal medida são, no mínimo, intrigantes. A proibição havia ocorrido por motivo de segurança. Não houve reforma no aeroporto, nem as aeronaves agora permitidas são diferentes das anteriormente consideradas inseguras, apenas mudou o entendimento técnico da Agência Regulamentadora. Por que então fomos obrigados a ir, todos estes anos, até Cofins?


quinta-feira, 11 de março de 2010

Reciclando a lamúria

Alguns comportamentos recorrentes seriam mais úteis se manifestados de forma diversa. Solidariedade é importante; uma de suas manifestações, ouvir, é possível aprender, e sei que nem sempre nas conversas há trocas de informações, às vezes somos apenas receptivos.

Eu sou a favor do lazer produtivo, mas compreendo que há situações divertidas em que ele não ocorre. Só que "jogar conversa fora" não precisa ser "fazer o ouvido do outro de pinico", apesar da análise das duas expressões populares levar à conclusão que se referem à mesma coisa: m_ _ _ _.

Tanto em comemorações quanto em lamúrias, deve haver bom senso: relatar fatos é diferente de dividir opinião sobre terceiros, a popular fofoca. Sinceramente, a não ser que se esteja vivendo uma fase de autoafirmação e conhecimento de si, como na adolescência, no que falar dos outros ajuda? Para que serve? Seria covardia para não olhar para si? Ou reflexo de um monótono vazio conjugado à incompetência de preenchê-lo? As opiniões sobre nós mesmos só interessa à própria pessoa. Falar dos outros é permitir que falem de si, mas não parece-me que seja o exibicionismo uma das causas de tal conduta.

A dicotomia sucesso/fracasso pode ilustrar o que estou dizendo. "Fulano é bem sucedido" é uma afirmação inútil e bem diferente de dizer que ele conseguiu "x" ou que fez "y". O ser bem sucedido é um julgamento que dependendo de quem repete pode haver completa distorção da idéia do fofoqueiro - dependendo do contexto pode até prejudicar. Fracasso, por sua vez, não existe, pois é julgamento puro. Se alguém ousar relacionar fracasso a outrem ou a si, tal ignorância não deve ser permitida, uma vez que se trata somente de uma expectativa não atingida.

Seguindo o raciocínio de que a vida dos outros só interessa a eles, exceto se a própria pessoa quiser contar de si, é muito mais honesto substituir "fracasso" por "estar momentaneamente insatisfeito com ...". Além do problema ficar mais objetivo, o ouvinte conseguirá de melhor forma auxiliar o narrador do suposto problema.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Terremoto

Os acidentes naturais sempre foram notícia, não seria diferente com os terremotos. Mas, muito mais importante do que ter acesso às tristes cenas, é saber o que fazer em caso de um. Pode ser que continue sendo evento raro no Brasil, mas se acontecer, qual o procedimento mais seguro? A minha reação é ficar próxima a uma janela ou subir para o terraço, apesar de ter ouvido que as pessoas descem as escadas. Quanto mais embaixo, não é maior a quantidade de entulho em cima? Há, nas construções brasileiras, um lugar que seja mais seguro de ficar, pelo menos as pessoas com dificuldade de locomoção? Eu sei, por exemplo, para os casos de furacão ao menos, que onde tiver aquelas banheiras antigas, ali é um lugar bom de ficar, principalmente se conseguir virá-la. Mas onde moro? E quando estiver viajando? Fica-se no carro ou deve-se ir para o centro da rua? É possível um prédio tombar para o lado e atingir quem estiver no asfalto?

Entendo que tragédia atraia a atenção do público consumidor da mídia, mas no mínimo algo útil deveria ser informado. O Brasil irá ajudar, compreendo e mantenho a crítica de quando escrevi sobre o Haiti: há ainda moradores em São Paulo que permanecem com suas casas alagadas desde dezembro, e que não tiveram sua situação resolvida. A vitrine internacional está sendo priorizada em relação aos cidadãos brasileiros, o governo age como muitas pessoas: externamente ostentam enquanto internamente o básico inexiste.

Por via das dúvidas, considerei prudente mudar alguns hábitos, já que aqui ainda chove e já começou a fazer frio: estou mantendo enlatados e comilanças que independem de geladeira, água, luz e fogo em casa, para consumo equivalente ao estoque de alguns dias. Exagero? Pelo menos não prejudica ninguém nem preciso preocupar-me em escolher enfrentar raios e trovões para não passar fome... Recomendo a todos que façam o mesmo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Esclarecimento

Tenho ciência de que minha postagem do dia 20/02 (fim do horário de verão) está longe de ser original, foi apenas mais uma forma de demonstrar o quanto depende de cada um o retorno que recebe da vida que vive. Para ser o mais justa possível, esclareço que a contagem foi conscientemente compreendida por mim após assistir "Rent", meu atual musical favorito já há algum tempo.
Jonathan Larson, seu autor, começa o segundo ato com a pergunta: "525600 minutos, como você mede um ano? Além da deliciosa melodia (predominantemente rock) a peça é uma crítica social consistente e tem vários momentos em que dá vontade de dizer "pára um pouquinho, preciso refletir a respeito antes do roteiro continuar..." Comprei o CD com a peça inteira, lógico, mas já aviso que não empresto.
Não lembro de 2ª ou se 2ª e 3ª, os melhores lugares - duas primeiras filas - são sorteados/vendidos a preços muito populares duas horas antes da peça começar e, de quebra, há versão do texto em espanhol: não é apenas um bom divertimento, mas a produção/elenco realmente preocupa-se em transmitir a mensagem - na Broadway, desconheço quem faça o mesmo.
Assisti sem fazer a menor idéia do que se tratava e não vou contar nada do enredo, apenas vou transcrever uma estrofe cantada em coro pelos atores (a qual resume superficialmente a mensagem da história):

"I can't control my destiny
I trust my soul
My only goal is just - to be
There's only now
There's only here
Give in to love
Or live in fear
No other path
No other way
No day but today"

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ato Médico

Amanhã haverá manifestação no Ibirapuera contra o projeto de lei conhecido como "ato médico".

A manifestação na Paulista, hoje, foi brilhnte, em que pese muitas pessoas tenham jogado no chão a revista entregue nas mãos dos transeuntes durante todo o dia: de forma silenciosa, a cada sinal vermelho, os manifestantes paravam na faixa de segurança e mostravam os punhos atados, símbolo da campanha de protesto.

A discussão é antiga, eu a conheço desde 2002, mas não estou atualizada quanto ao atual texto em votação - a revista informa que há dois projetos, um da Câmara e outro do Senado.

Os manifestantes, através da revista distribuída hoje, indicam que se o PL for aprovado como está (qual dos dois - 268/02 ou 7703/06 - não está claro) assistentes sociais, biólogos, biomédicos, profissionais da educação física, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, ópticos e optometristas, psicólogos e terapeutas ocupacionais serão afetados. Esses profissionais (ou estudantes, também não compreendi bem) estarão atendendo de graça durante o sábado, com direito a show de Zeca Baleiro no final da tarde.

Tenho 3 exemplos vividos que me fazem simpática ao movimento: foi através da fono que curei o bruxismo; reconheço que a ginástica laboral ajuda na prevenção de LER (como um médico a receitaria? Haveria uma consulta com cada trabalhador? Se for da mesma forma como é feito o exame periódico pelo médico do trabalho, que é remunerado pelo empregador... Se as séries de exercício receitadas forem genéricas, isso tanto o profissional de educação física quanto o fisioterapeuta já fazem) e, por último, há alguns anos, quando meu siático resolveu "dar o ar da graça", foi a massoterapia que me colocou de pé em minutos, enquanto sei que quem vai ao hospital no dia seguinte dificilmente consegue sentar e, muitas vezes, permanece com dor.

Mais informação: http://www.atomediconao.com.br/ 




sábado, 20 de fevereiro de 2010

3600 oportunidades

Cabe exclusivamente a você decidir se irá viver 1 ou 3600 momentos a mais no acerto de ponteiros de hoje  à noite. O horário de verão é mais uma das convenções da vida que não se pode fugir, mas que a forma de encarar faz toda a diferença...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carnaval

A grande folia do carnaval é ter, pelo menos, 4 dias só para você - e no verão.

Oportunidade parecida, dependendo do calendário, já passou, foi no natal e/ou no ano novo. Mas se em há dois meses ocorreu feriadão foi com um porém: você emendou ou o natal ou o ano novo (ou teve férias coletivas e sua família/amigos não), semanas “voaram” com comemorações protocolares de fim de ano (quem estava lá, mesmo?) e compras que muitas vezes não sabemos nem se serão úteis, nem como serão pagas. Tudo isso com muita estratégia: passar natal com quem? É possível colocar pai, mãe, sogro, sogra, irmãos, avós e agregados de todo gênero em uma mesma celebração? Quem será o ressentido da vez? Você vai topar acrescentar à sua rotina extenuante a organização da festa? Saiba de antemão que é regra aparecer um penetra (cadê um presente para ele...) e alguém, que ficou de levar um detalhe como o peru ou o espumante, sumir.

Após o natal tem a virada do ano, com o mesmo dilema. Carnaval não, se você disser que não curte e vai ficar em casa ou se você decidir que vai curtir 365 em 5, mesmo que isso signifique parar em um hospital, socialmente será aceito.

Eu adoro carnaval de rua. Quanto mais heterogêneo o público, mais democrático e de bem eu o considero. Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, deveria passar um dia de carnaval em Olinda e uma noite de carnaval em Recife. O próprio galo da madrugada, na minha opinião vetado a hipertensos e cardíacos, é uma lição de vida: é uma maneira prática de aprender a simplesmente deixar-se levar pela multidão ou então o quanto é cansativo ser do contra, de uma forma ou de outra você reencontrará as pessoas que lhe acompanhavam (perder-se não é tão ruim assim, possibilita contatos novos...),basta manter a calma e abstrair o fato de ser um dentre um milhão de pessoas, na temperatura superior a 40º, em um local sem rota de fuga (há prédios nos dois lados da avenida Guararapes e onde seria possível sair, no final da avenida, é onde passam os carros com os galos e tem um rio), para sair vivo. Se você não se machucar, desmaiar nem for pisoteado no Galo, acredite, você tem pique e expertise para qualquer muvuca.

Versão mais light é São Luis do Paraitinga, no norte de São Paulo. É mais light porque só toca marchinha, e as escritas por moradores da cidade. Tem decreto municipal que não permite outro tipo de música na cidade durante o carnaval. Os bonecos são menores mas em um contexto mais próximo a todo leitor de Monteiro Lobato. Este ano não teve, mas só imagino o quanto estará bom ano que vem.

Minha folia este ano vai até o final da quarta-feira de cinzas: refletir a respeito do livro que escolhi neste carnaval está a própria viagem...Termino-o ainda hoje para quinta voltar à rotina de obrigação.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Integração

Uma das formas de percepção do quanto a cultura local já integra a sua personalidade ocorre quando você faz o que todo mundo faz. Qual a probabilidade do supermercado estar lotado à noite, em uma sexta de carnaval? Eu achei que fosse baixa e perdi meu cada vez mais escasso e precioso tempo na fila do caixa. O público? Pessoas que não iam viajar nem curtir o carnaval, estavam saindo do trabalho (por causa do trânsito trabalharam até mais tarde) e foram fazer compra. Minha alforria foi às 23.
O feriado, pensei, será proveitoso para arrumar o apartamento. Tanto meu vizinho de cima quanto meu vizinho do lado resolveram dedicar o sábado para reforma, um quebrando o banheiro, o outro montando alguma coisa na cozinha. Sombra na piscina? Nem pensar, espaço mesmo só as crianças encontravam, correndo entre os adultos.
Fui fazer aula de Lian Gong. Inacreditável a quantidade de gente que resolveu se exercitar, quase faltou lugar na sala....Aprendi que apesar das comemorações do ano chinês terem sido semana passada, no bairro da liberdade, o correto é hoje. Os chineses, na virada do ano, comem um pastel cozido, que pode estar recheado com uma moeda, uma amêndoa ou cereja, significando respectivamente um ano predominantemente com dinheiro, saúde ou amor. Quem for do signo que está entrando o ano usa uma faixa vermelha na cintura durante a virada. A professora distribuiu uma caixinha para cada aluno, achei muito simpático.
Descansando, só o wi-fi...tive que voltar a usar a banda larga.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Não resisto a uma novidade, mas essa não sei se gostei

Eu já estava há algumas semanas sem tomar refrigerante quando um novo rótulo me chamou atenção: refrigerante vitaminado? Pena não ter cálcio, mas não resisti e comprei. Com 1,5 litro são superadas as necessidades diárias de magnésio, zinco, B3, B6 e B12. Resultado: passei a ter o tal líquido em casa e voltei a tomar refrigerante.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

dilúvio - sim, já estamos há mais de 40 dias com chuva diária

Esta semana percebi que estou vivendo mais um momento histórico, muito próximo ao que fez os portoalegrenses passarem a ter uma rua da praia no lugar da rua Dos Andradas, e um muro no cais do porto que nunca teve utilidade.
Lógico que vejo a chuva e tenho lido e ouvido sobre o recorde do volume de precipitação, mas estar na rua no momento da chuva é bem diferente de estar na janela.
Minha primeira perplexidade foi verificar na Av. Paulista, região alta da cidade, água invadindo os prédios.
Segunda e terça precisei ir ao centro. E vi que as pessoas simplesmente desistem de enfrentar a chuva, apenas aguardam ela passar. Quem fica no ponto do ônibus, por exemplo, fica de guardachuva e em pé nos bancos. Ônibus vazios passam lentamente, uma forma de diminuir a quantidade d'água que entra pelos degraus. Cheguei em casa muito rápido, mas enxarcada - o guardachuva não aguentou a quantidade de água e vergou para dentro, mãos e braços serviam para aparar a água que corria pelo seu cabo.
Na terça estava tão agradável o dia, sem nuvem alguma no céu, que saí desprevinida. Percebi, então, que pelo menos no centro da cidade não é preciso se preocupar, pois camelôs surgem de todos os lados com os seus carrinhos, passando de marquise em marquise e oferecendo seus produtos. Observei também que, como no dia anterior, nenhum modelo era eficiente e resolvi economizar.
De telhadinho em telhadinho, no início, até tentei correr, é verdade, só que a chuva estava deliciosa, de colocar inveja em muito chuveiro. Os pingos estavam grossos, fartos e fortes, em temperatura ambiente mas não fria. Por quase meia hora foi possível sentir o calor que vinha do chão e, exceto nas esquinas, por onde circulava um vento frio, estava muito agradável andar nas ruas quase desertas do antigo centro.
O ditado "se está na chuva é para se molhar" nunca foi tão verdadeiro e acredito que o humor das pessoas iria melhorar se o levassem a sério.
É simples, se guardachuva e capa não isolam a água, prepare-se para curtir o momento - onde você está ou na chuva. Lembre-se que é possível molhar-se com classe:
- se você ainda tem alguma maquiagem que não seja à prova d'água, coloque-as no lugar certo: lixo!
- sapato fechado e com meia - nada de correr o risco de cortar o pé com algum objeto submerso nem de ficar com bolha. A meia tem que ser macia.
- se o seu cabelo não é curto, coque é o penteado da moda. Fica muito bom tanto com cabelo seco quanto molhado.
- use bermudão ou calça na altura da canela, sempre de tecido leve, pois nunca se sabe a profundidade de uma poça e calça pesada nunca para na cintura.
- qualquer tom de roupa é permitido, mas evite tecidos facilmente transparentes. Para não errar, use e abuse de coletes. Os com bolsos são os melhores, pois além de taparem transparências e manterem a temperatura do corpo, ajudando na prevenção à gripe, substituem a bolsa, permitindo melhor performance na caminhada/corrida.
Boa Chuva!
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Não tão distante assim

Águas Calientes foi uma das recomendações de visita que recebi de minha dentista da época da viagem, ela que havia percorrido todos os Andes de moto. Acredito que o local tenha sido inesquecível um dia, mas o que encontrei em 2003 foi pobreza, uma vila com a única rua pavimentada destinada exclusivamente ao comércio de lembranças (é impossível sair de Machu Picchu e não passar na tal rua, que fica na entrada da estação do trem, única possibilidade de retorno), e um uníssono murmuro de “compra amica”. Na saída de água quente, que fica a menos de 1 Km dali, há dois tanques de concreto. Isso mesmo. Um é alto e tem dois canos, utilizados como chuveiros pela população local. Não, não tinham os furinhos que tornam agradável a queda d’água: os moradores tomam banho com sabonete e roupa de baixo na frente dos turistas, que tem o outro tanque para se molhar. O volume de água é expressivo e a temperatura bem quente, o que dissolve o sabão do banho dos moradores e faz pensar que nenhuma bactéria sobreviveria no segundo tanque (o que quando fui só tinha turistas).


O cenário como um todo permitiu que eu apenas tivesse coragem de molhar a mão, e percebi que a qualidade da água era boa, daquelas bem puras, que hidratam a pele. Só criei coragem para tal façanha porque sei que não volto lá (isso considerando que o Peru integra meu seleto grupo de países sempre considerados como destino de férias).

A notícia do rádio é de que 180 brasileiros, quase 10% do total de turistas ilhados em Águas Calientes, estão lá há dois dias, com fome, sede e frio, sem posicionamento do governo brasileiro quanto ao resgate – ainda estão estudando o que fazer.

Nada é dito quanto a turistas na trilha Inca (são pelo menos 5 caminhos diferentes, dependendo do nº de dias de caminhadas) e este silêncio me deixa preocupada – em condições normais o desgaste do percurso já é muito grande, com risco de hipotermia. Pelas entrevistas, estão ilhados os que fizeram o passeio de um dia, sai de manhã e volta à noite à Cuzco. E os que chegam exaustos após dia de caminhada? E os que estão ainda caminhando?

Eu fiz a trilha de 2 dias, abaixo de chuva, os degraus da época Inca (alguns tiveram que ser reconstruídos) eram altos e escorregadios, feitos de pedra e com um pouco de limo, sem corrimão, lógico, apenas um penhasco ao lado (quem tem fobia de altura nem pense em ir).

Na caminhada são conhecidas várias ruínas, a maioria templos, destinados a isolar pessoas que iriam ser sacrificadas. Em tese seria uma característica primitiva, uma curiosidade de algo já superado pela sociedade contemporânea. Contudo, considerando as notícias de pessoas que têm sido espetadas e até pessoas que se privam do que sinceramente querem (e meninos que estão desaparecendo em Goiás?!), o sacrifício está presente, e bem presente no cotidiano.

Haverá o dia em que sacrifício será compreendido como uma transformação de percepção, algo interno e individual, que depende da compreensão de cada pessoa do que não lhe serve mais, um processo natural, (cada um de nós cresce em seu próprio ritmo, certo?) dolorido por extinguir o que nos acompanhou até aquele momento, a ter exteriorizado o seu resultado somente. É, para mim sacrifício também sempre foi apresentado como uma oferenda, mas parece-me mais coerente o seguinte raciocínio:

Se hoje não lembramos nem compreendemos os nossos sonhos, mesmo conscientes de que são mensagens, imagina como era difícil falar sobre transformação para quem sequer sabia o que iria colher ou caçar no dia seguinte... A pessoa que tentasse ia ser ignorada e morreria de fome (quem pararia de cuidar de sua sobrevivência para refletir sobre si ou sobre o universo? Quem, cuidando de sua sobrevivência, mudaria este foco?) Deve ter sido esta a origem dos rituais, alguém não tão habilidoso com a caça e com a colheita desenvolveu outra habilidade e, para que os outros caçassem e cultivassem o solo para si, investiu-se de poder e passou a fazer celebrações utilizando arquétipos reais para passar a mensagem universal de constante transformação: obrigado pelo que sou/tenho (o inocente bichinho ou a pureza das virgens), mas aceito melhorar/confirmo que quero continuar assim...

Melhorar é mudar e toda mudança mata o que não existe mais. É simples. O fumante mata o homem saudável mas, ao parar de fumar, pode até recuperar a saúde, mas não ressuscita o homem saudável que foi, apenas matou o fumante. O estudante mata sua ignorância, pode até esquecer o que estudou, mas não perderá a responsabilidade do conhecimento que já teve. A moda utiliza este processo, todos mudam de tempos em tempos, permanecendo iguais, exteriorizam o que deveria ser interno.

Todo este devaneio para registrar que enquanto há vários desabrigados e sem teto, após mais de 4 meses nosso ilustre hóspede e comitiva deixarão a Embaixada de Honduras. Qual o sentido de brigar para adotar uma criança Haitiana tendo tanta criança órfã, que fala português e com menor choque cultural em relação a famílias brasileiras? Enquanto permite cidades sem saneamento básico crescendo desordenadamente, o Brasil vai coordenar a reconstrução do Haiti (será que depois aplicarão aqui o que for aprendido no Caribe?). Se ainda não são possíveis todas as possibilidades de melhoria simultaneamente, como brasileiros, qual transformação queremos: melhor representação no mundo ou melhor qualidade de vida para, depois, como exemplo (não pelo poder), expandi-la ao mundo?