quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Baseado em fatos reais

Estava com tanta fome que esqueceu de colocar a borracha na tampa da panela de pressão: seu almoço foi no "quilo" da esquina.

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Rituais de passagem existem em todas as sociedades e, felizmente, sua celebração evolui: o "chá de fralda" passou a ter a sua versão masculina, o "pinga fralda": para cada fralda que os amigos trazem o futuro papai oferece uma rodada de pinga.

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Estava tentando ser romântico, pela primeira vez comprava rosas vermelhas. Aos ser questionado quantos maços queria, desistiu. "Maço" é incompatível com qualquer romantismo.

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Tantas eram as festas e sua indecisão que esqueceu de confirmar presença e ficou sem nenhuma.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

José e Pilar: um documentário romântico

Saramago está longe de ser um autor de minha preferência e muitas de suas ideias eu não compartilho, mas o acompanhamento de sua vida por dois anos é uma bela história cujas cenas, mesmo repetidas e apresentadas sem cronologia rígida, em nada atrapalham a narrativa feita em três atos.

No filme o autor afirma que escreve para leitores inquietos e assim também poderá sair o espectador da sala de cinema, principalmente se refletir quanto a relação tempo x expectativas.

José Saramago demonstra contrariar as convenções sociais quanto à idade, o ritmo de sua agenda impressiona, e não menos o fazem as abordagens e demandas que recebe e atende. Da mesma forma, tanto a opção pela literatura quanto o início do relacionamento com sua mulher, Pilar, que aos poucos se transforma em personagem principal, ocorreram em fase da vida não convencional.

Assistir ao filme próximo à viradado ano fez-me ressurgir uma velha pergunta: "por que o que quero para o próximo ano ainda não foi feito?" Afinal, nunca é tarde para nada e nem tampouco cedo. Ou é agora ou simplesmente não é.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um Papai Noel sarado, com aquele abraço, força para carregar os presentes e agilidade em adquiri-los a todos nós

Seja por um telefonema de última hora, seja pela chuva, o certo é que várias foram as tentativas frustradas de tomar sorvete. Ontem resolvi mudar o percurso e levei dois sustos: o primeiro foi o aumento superior a 15% o outro foi o congestionamento de pessoas na Paulista.

A decoração de natal é melhor admirada a pé do que de carro, o que mais gostei foi passear no Trianon à noite. Com poucas pessoas, em alguns trechos parecia uma floresta encantada de luzes azuis. Mas a falta de noção das pessoas é o que mais me impressionou: além de crianças de colo e carrinhos de bebê no meio da multidão, havia gente com cachorro, carregados no colo e sem focinheira. Sabe a “pipoca” de micareta? O lado do palco em que ocorrerá o show da virada do ano estava a própria “pipoca” com crianças e animais para incrementar; foi montada uma decoração de natal no palco e as pessoas podem subir em pequenos grupos utilizando um único elevador. A fila até que estava organizada, mas a seu redor...

A foto acima foi tirada de um trecho movimentado mas mais tranqüilo, pois pelo menos não era mandatório sair da calçada. Já estou vendo o evento “virada no Anhembi” ao invés de “virada na Paulista”.

Observando a decoração de natal dei-me conta do quanto ultrapassada ela está. Além do desperdício de energia, em um país de pouca infraestrutura, o personagem carismático é um velinho consumista, gordo (nada saudável e péssimo exemplo para toda a sociedade) que explora animais (as hienas). Ok que sua origem é atribuída a um refrigerante cujos consumidores ficarão como Papai Noel se não reduzirem seu consumo, mas o certo mesmo seria o seguinte:

O Papai Noel pós-moderno é sarado, goza de excelente saúde, apesar da idade e, com isso, sua aposentadoria pode ser aplicada em presentes, ao invés de remédios. Os presentes, aliás, são um detalhe se comparados ao abraço do Papai Noel, cuja melhor retribuição é a paciência em ouvir as crianças e lhes dar conselhos, pois já adquiriu experiência e tem tempo, atributos extremamente escassos na vida de um adulto produtivo (os pais).

Papai Noel não vive sozinho no pólo norte, nem é empregador infantil ou explorador de PNE (portadores de necessidades especiais). Ele tem consciência de seu papel social e por isso só compra presentes de indústrias e estabelecimentos éticos, de governança corporativa sólida e ativos nas questões sociais e ambientais. Faz companhia ao Papai Noel (e é tão importante quanto ele) uma Mamãe Noel ou até mesmo outro Papai Noel, com quem ele divide as tarefas domésticas.

Por fim, Papai Noel só usa transporte coletivo que não seja movido a Diesel. Sempre que dá exercita-se em seus patins, bons tanto na neve quanto em dias de sol. As hienas ele visita no zoológico sempre que dá; apesar da exploração de anos, ainda há uma amizade sendo cultivada. De bobo, Papai Noel continua não tendo nada...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Poxa = Pense em Outro Xingamento Alternativo

A educação tradicional visa ensinar a controlar impulsos e a desviar de quem assim não age: os encrenqueiros ou barraqueiros que dão vexame; em princípio quem tem berço sabe com todos interagir e selecionar com quem pode misturar-se (=confundir-se).

O “poxa” tem ajudado-me em situações adversas. Como o título bem explica, trata-se de um desabafo sem agredir o que me foi condicionado desde a infância. Lembrei-me disso porque semana passada foi irresponsavelmente fora da rotina e uma sucessão de “poxas”:

Sábado, comemorando uma estada sem atropelos, abri o galão de chope que eu havia trazido para testar. Há bastante tempo sem álcool, os três chopes apenas me tiraram o sono. Poxa, fiquei com insônia.

Para acompanhar o restante do líquido, no domingo comprei casquinha de siri pronta para ser aquecida no microondas. Estava gostosa, mas após consumo percebi que o fabricante (de Osasco, município da grande São Paulo, sem mar ou rio) indicava Merluza (sequer seu filé) como ingrediente. Poxa, paguei por siri e comi sei lá que parte de Merluza.

Meu vizinho, que sistematicamente coloca fora o jornal no dia seguinte e sem estar bagunçado, utilizou o seu exemplar como guarda-chuva e colocou-o no lixo todo molhado. Poxa, fiquei sem jornal de domingo...

Poxas da terça são impublicáveis, para compensar permiti-me trocar a aula pela reza. Só que esqueci o celular ligado. Poxa, com tanto a agradecer e a pedir, só consegui concentrar-me para que o celular não tocasse.

Dia quinze é dia de devolução do leão. Certo? Errado. O funcionário da receita não soube me informar se a ausência de restituição de IR significava estar na malha fina, poxa, nada de dinheiro e sequer sei o motivo.

Quinta descobri que os letreiros luminosos dos ônibus são completamente ilegíveis à noite, até porque os motoristas utilizam farol alto. Precisei ficar dando sinal e perguntando se ia até o aeroporto... Não tinha conseguido fazer o check in pela Internet e, em cima da hora, fui direto ao autoatendimento: poxa, meu nome não cabe no sistema, vou ter sempre que pegar fila quando voar Gol.

Se existe algo abundante no Rio são as opções de linha de ônibus centro-zona sul. Estando no aterro, não tem como errar. Mas... eu consegui pegar um ônibus que custava R$2,70, sendo o preço da passagem R$2,40. Além disso, o motorista acumulava função de cobrador, poxa, precisei ficar equilibrando-me na escada a volta inteira do aterro, sem enxergar a vista maravilhosa, apesar do ônibus vazio, até conseguir pagar a passagem. Por que era mais caro? Poxa, sentei em baixo da saída do ar condicionado.

Poxa, cheguei na areia junto com uns chuviscos, mesmo assim consegui mergulhar em um mar ameaçando ressaca e com algas. Além de mim, na praia, o vendedor de bebidas e uma turista que me olhava incrédula por eu ter deixado sozinha, na areia, minha chamativa bolsa “ninguém-tem-uma-igual”. Poxa, fiquei pouco tempo na praia, saí às 9:00, mas pelo menos meu exemplo permitiu à turista tirar o tênis e molhar a ponta do pé (espero que ela não seja assaltada).

O couvert do La Mole deixou a desejar e o mirante da Pavãozinho só é acessado após três lances de escada. Poxa, o PAC construiu um prédio de cinco andares, todas as janelas com ar condicionado, mas a Comlurb continua sem subir no morro.

Na volta, atraso de duas horas, três vôos foram colocados em uma aeronave (consegui ficar na janelinha) e, poxa, se pela antecedência para chegar ao Santo Dumond só vi a árvore da lagoa pelo avião, pelo menos a do Ibirapuera pude contemplar bastante, afinal o ônibus disponível quando cheguei deixou-me ao lado dela e não havia luz na região – caminhei algumas quadras aos tons de verde e vermelho... e, poxa, em casa também não tinha luz.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Intimada para ver a decoração de natal, não tive outra escolha a não ser aumentar a poluição atmosférica da cidade e prestigiar o desperdício energético. Escolhi um horário de menos movimento, próximo ao da novela da Globo, pois imaginei ser possível olhar melhor com menos pessoas. Não adiantou. Entre vários marmanjos (crianças interessadas em Papai Noel eu não vi) andando de um lado para outro e fazendo pose para o celular, fiquei enquanto dirigia ouvindo "anda mais devagar", "olha só que beleza". É, às vezes um tráfego ajuda...