quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O mais espantoso desde a minha chegada foi perceber que, das dezenas de pessoas conhecidas que antes de mim aqui estiveram, ninguém comentou a ausência de restaurante de comiga bahiana em Arraial d'Ajuda. Na região turística, pelo menos, a não ser que você queira comer acarajé na baiana que vende na rua, há opção de gastronomia de todos os lugares do mundo, menos Bahia.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Expectativa não correspondida - Itaúnas

Ainda não entendi como 350Km, sem pegar trânsito, foram feitos em mais de seis horas. Finalmente cheguei. Disseram-me que se trata da 2ª mais bela praia do país e de que não posso deixar de visitar Riacho Doce.


Seguindo a dica dos locais, caminhei na maré baixa. São 16 Km de Itaúnas até a fronteira entre ES e BA.

Não sei como são as demais praias capixabas (só conheço Camburi em Vitória e Guarapari), mas a beleza de Itaúnas limita-se à reserva ambiental estadual, que tem dunas fixas bem conservadas. Quase da mesma altura das que exitem/existiram em Morro dos Conventos (Araranguá-SC).

Existem 3 barracas com boa estrutura e música alta (descansar admirando a paisagem, esquece) assim que você desce a duna de vegetação menos densa. No trecho entre Itaúnas e Riacho Doce, por ter várias curvas, em vários momentos você literalmente tem a praia só para você. Ninguém mais caminhando, tomando sol ou vendendo qualquer coisa líquida para matar a sede de quem se anima a estar ali.




Chegando ao recomendadíssimo Riacho Doce, além de famílias animadas, tirando foto com um pé na Bahia e outro no Espírito Santo e algumas crianças curtindo as ondas do mar com água doce. Pela foto chegue você mesmo à conclusão se vale 32 Km de caminhada...




Nesta maratona toda, só assim para, no final, sair bem na foto:



No mais, na capital do forró as pessoas dançam na rua, ao invés de entrar nos lugares dos shows. É que não tem isolamento acústico. Acho que só turista paga entrada, mesmo com chuva o pessoal preferiu ficar do lado de fora, gratuito e muito mais animado, com a mesma qualidade do som.

O início

Aqui é um lugar cujo tempo tem seu próprio tempo. Não há parâmetro para comparar o que está à minha volta, mas simultaneamente lembro de várias imagens vividas. No calçadão que eu ainda não conhecia, as crianças brincam com o presente trazido pelo Papai Noel na noite anterior. A sensação do momento é um skate de duas rodas e bipartido, que eu não conhecia ainda. Muito marmanjo levou tombo hoje tentando ensinar o(a) filho(a) a andar. Mesmo com toda a algazarra eu devo ter adormecido por umas duas horas em um banco estrategicamente construído à sombra. Em que outra capital brasileira pode-se ficar à vontade na rua, sem risco de assalto ou mendigo pedindo esmola? Para quebrar com qualquer ritmo, minha dica continua sendo Praia de Camburi, Vitória-ES.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Nova Rotina

A criatura demora meses para conseguir tempo na lua nova e, finalmente, vai ao salão dar uns picotes na juba. Procedimento normal, nacos de 10 cm aproximadamente no chão e a certeza de que melhor resultado seria impossível: cabelo liso, com volume, repicado mas sem franja, afinal na praia rabo de cavalo e coque são mandatórios e cabelo curto não dá para prender.


Com o cabelo ainda quente da escova e antes de chegar à esquina, passou por uma rajada de vento molhado e sentiu o “splash” da mecha molhada na cara. Continuou caminhando, afinal tinha ido a pé até lá e, mesmo de sandália e sem enxergar onde estava pisando, a antitetânica estava em dia.

O conselho recebido, de aguardar a chuva passar, foi desprezado por desconfiar da intenção de quem sugeriu. Aos poucos, lembrou-se da promessa de fazer esteira diariamente: agora estava sendo obrigada a caminhar com o peso da calça jeans e do blazer encharcados.

Para encurtar caminho e driblar o frio pegou metrô. Havia mais pessoas do lado de fora da catraca, aguardando a chuva passar, do que no vagão.

Em casa, banho tomado, aguardando o horário do rodízio passar, concluiu ainda estar com o saldo positivo: mesmo com o cabelo sem estar arrumado, já estava pronta num horário que sequer teria começado a entrar no engarrafamento, se estivesse trabalhando na forma convencional.


sábado, 12 de dezembro de 2009

Conexão

Se o leitor diagnosticar paranóia eu respeito, pois já pensei nesta possibilidade. Fato é que não acredito mais em conhecidências – tudo está relacionado – acontecer ou não acontecer não é por acaso, mas porque assim tinha que ser. O que pode mudar são as percepções sobre os fatos. Lastimar demonstra incompreensão e livre arbítrio é uma ferramenta para a esperança com responsabilidade.

O meu atropelamento, ocorrido há algumas horas, é um desses exemplos (sim, os 40 minutos de espera no pronto socorro, mesmo com a TV ligada, permitem fazer várias relações).

Em ordem cronológica, conclui que a gratidão de estar viva era maior que a gratidão de ter descoberto a profissão que me realiza e exerço: resolvi apostar em um novo modelo de trabalho, com riscos diferentes.

A revisão dos 5 anos de faculdade em 5 meses de aula foi a decisão seguinte e, a partir daí, começaram as relações de fatos. Primeiro, a máquina do cartão de crédito do curso não estava funcionando, depois tentaram clonar o meu cartão e precisei suspendê-lo (antes de qualquer compra tenho que ligar e confirmar dados para autorizarem seu uso), pois perdi meu cartão de débito e não posso bloquear um cartão que sei que precisarei usar; pela segunda vez na minha vida fui salva por uma nota promissória e consegui manter a negociação feita (leia-se desconto).

Bem, a máquina da filial do curso, que fica no centro, estava funcionando. Como eu tinha um compromisso próximo a seu endereço, resolvi ir lá quitar minha dívida. Antes disso apareceu a bicicleta.

São Paulo, 11 de dezembro, aproximadamente 20:00, embaixo do viaduto Santa Efigênia: lá estava eu estatelada no chão, com o celular vibrando no bolso traseiro da calça, mas muita informação e gente à volta, ao mesmo tempo e naquele momento para pensar em quem estava ligando.

Para quem não conhece, o lugar tem uma calçada enorme, talvez uns 4, 5 metros de largura. Fica em uma zona de pedestre, é uma das saídas do Vale do Anhangabaú e muito próxima ao metrô.

De forma rápida o entregador do McDonalds veio na minha direção e, ao fazer o desvio derrapou nas pedras portuguesas molhadas da chuva. A bicicleta parou em mim, ele voou por cima. A dor quase provocou choro e não permitia me levantar. O que mais me abalou foi o comentário da boa alma que me colocou de pé, que perguntou para o rapaz: “e se ela estivesse grávida? Não dá para andar nesta velocidade”.

Ironia. Priorizada a vida, quando me coloquei em movimento para concretizar uma das etapas que consolidam a decisão, foi-me lembrado o quanto ela é frágil (e valiosa). Preferi pensar assim, ao invés de interpretar ser mais um “sinal” contrário à realização do curso. Também me ocorreu que outras pessoas podem se machucar se os ciclistas não tiverem um treinamento (eles próprios deveria trabalhar com EPI, um capacete ao menos – ou com EPI mais risco correrão os pedestres?).

Estou bem, arranhão na mão, dor em um cotovelo e em um joelho, um ovo na canela e 3 pontos próximos ao tornozelo. Bem, pelo menos não cheguei atrasada no compromisso que tinha: pela primeira vez estive em uma loja maçônica (o pronto socorro foi depois da palestra).

A prioridade de sábado será voltar ao local e fazer o pagamento do curso...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

?!

Símbolos universais sempre me fascinaram. Você pode não saber nada sobre uma pessoa, mas sempre será capaz de conseguir identificar a alegria de um choro, a ironia de um sorriso, a mensagem do olhar, não importa a cultura ou idioma de quem é observado.


A mão do inquisitor Capitão Gancho junto ao ponto que se estica de tão admirado (foi assim que aprendi quando fui alfabetizada) simbolizam a minha melhor fórmula de vida. Se pronunciáveis, seriam o meu apelido – e por isso assim me identifico na web.

“?” representa questionar o que existe ao redor, o que muito mais do que garantir sobrevivência, também provoca movimento. Enquanto houver movimento haverá vida, que também deverá ser intensa, simbolizada por “!”. Qualquer ação ou omissão tem de ser para valer; fazer por fazer, seguir por seguir, é ser mais um na manada que corre sem saber para onde.

A origem de tais reflexões é o texto de despedida que estou escrevendo, pois o rascunho de maio não serve mais. Os motivos permanecem, mas é outra pessoa quem o divulga. Aflige saber a grande probabilidade de exclusão de destinatários importantes, certeza somente quanto a seu título, o mesmo desta postagem.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Antes do fim do ano

Dezembro é mês de planejamento tributário para as pessoas físicas (as jurídicas o fazem diariamente). Sim, não adianta procurar desesperadamente um contador em março e ficar reclamando o tamanho da mordida do leão (imposto de renda).

Mesmo sem a definição dos limites de deduções (dedução é o montante que não será considerado no cálculo do percentual do imposto) para 2009 (declaração de 2010) veja como é simples economizar:

1º) Some todos os rendimentos que você ganhou durante o ano. Se for empregado celetista, despreze o montante equivalente ao décimo terceiro salário. Peça aos seus pais, avós, irmãos, filhos e netos que façam o mesmo.

2º) Se alguém tiver feito declaração de isento em 2009, pode ser declarado como dependente de um descendente seu. Filhos só são dependentes até os 18 anos, ou 24, se for estudante universitário. Demais dependentes, só se tiver a guarda judicial.

2º) Some as despesas com saúde (inclusive plano de saúde) e o valor recolhido ao INSS (previdência oficial). Estas são as deduções sem limitação.

3) Quem estudar em instituição privada de ensino (só vale educação formal: colégio, universidade, pós-graduação) terá um limite de dedução (em 2009 foi inferior a R$3mil).

Feito isso, o primeiro passo é verificar o melhor formulário de preenchimento. Quem tem imóvel ou vendeu o que tinha em 2009, obrigatoriamente terá de fazer a declaração completa (antiga azul). A outra opção é o simplificado (antigo formulário verde), no qual o valor das deduções é presumido.

O governo presume que 20% da renda de uma pessoa, limitada até um determinado valor, que na declaração anterior foi de R$12.194,86, deve ter sido gasto com saúde, educação e dependentes.

Se a soma de suas despesas com saúde, educação e dependentes foi igual ou inferior a 8% de sua renda ou R$5mil, o menor deles, o melhor formulário para você é o simplificado.

Se o seu gasto/investimento foi maior, é possível pagar menos imposto ainda. Até 12% de sua renda (cálculo feito no primeiro passo) investida em um fundo conhecido como PGBL será dedutível. Trata-se de uma aplicação financeira de longo prazo, que poderá se transformar em sua aposentadoria privada.

Se toda família fizer este cálculo, será possível analisar quem terá melhor aproveitamento econômico declarando dependentes.

É claro que o planejamento que estou sugerindo é feito para quem está sem dívidas. Se você está pagando juros, quite suas dívidas primeiro (até porque não há como saber quando e se a restituição virá).

Se pagar imposto é tão torturante para você quanto é para mim, divido o que faço (totalmente lícito) e me faz sentir melhor. Depois de todos os cálculos possíveis e tendo certeza que o pagamento do imposto de renda será inevitável (entenda-se que não conseguirei restituir integralmente o retido na fonte), dôo até seis por cento deste valor para o Fundo Municipal da Criança e Adolescente. Doações feitas a entidades de sua confiança não são dedutíveis, mas as feitas a entidades cadastradas na prefeitura o são.

Em São Paulo a contribuição é muito fácil. No site da prefeitura, no canto esquerdo, há a sigla FUMCAD. Você pode escolher entre doar para um dos projetos, para doar para um dos eixos (creche, educação, preparação profissional, etc.) ou para o fundo sem definir o direcionamento do valor. O valor que é pago hoje como doação será restituído em quase um terço e atualizado pela SELIC.