quinta-feira, 12 de março de 2015

Início da noite na calçada do metro quadrado mais interessante da metrópole. Dois ambulantes na saída do metro conversam:

- Ha, ha! E tu pensa que ele foi ali pra tomar um café?
- Ele disse isso.
- Então tu pensa que ele foi ali tomar um café?

Nesse intervalo eu já fiquei imaginando o que viria, que a criatura havia ido na famosa franqueada tirar água do joelho, que demoraria para voltar. Pensei também que um dos dois estava cuidando da mercadoria da tal criatura ausente. Pensaria mais coisas não tivesse ouvido a mesma gargalhada:


- Ha, ha! Ele foi ali pra teclar zapzap.

No whatsapp eu não havia pensado.

sábado, 7 de março de 2015

Tem conserto?

Em 2008, em Atenas, chamou-me atenção a inexistência de camelôs. Na época já havia protestos em frente ao parlamento, mas a ideia do tamanho da crise ainda não estava formada.

Admirei-me da inexistência da economia informal até assistir um rapa. Só neste momento percebi que pessoas que andavam com sacolas de compras eram vendedores. Dentro das sacolas de grife, devidamente ajeitadas, caixas de perfume.

O modelo de negócio chega agora ao Brasil, na Av. Paulista trios aproximam-se com as tais sacolas, oferecem para você sentir o aroma do perfume e depois oferecem para comprar por um preço menor do que o da loja – sem pagar imposto o mínimo é que fosse menos que nas lojas, não?

Em um lugar que passou a ser povoado por vendedores ambulantes de objetos de origem duvidosa nos últimos dois anos (coincidentemente após o fechamento da feira da madrugada), onde crianças trabalham de engraxate e adolescentes não raro ficam sozinhos servindo o milho cozido (mexendo no fogo e com faca), a camuflagem na venda surpreende.

Lembro-me de já ter visto expostos ao sol no centro da cidade, perfumes e cosméticos caros embalados em isopor e papel filme, como se fossem comida: uma aparência terrorista a qualquer marca. Se hoje não tem mais é porque as faixas de comissão mudaram e grandes compradores podem se estabelecer em lojinhas oferecendo melhores preços que os vendedores porta-a-porta. Pesquisando, pode ser mais barato comprar deles do que da própria indústria.

Esse é só mais um exemplo do quão errada é a nossa tributação: a Prefeitura fiscaliza, mas é o Estado quem deixa de arrecadar ICMS com a venda do produto e a União com IR e quem se expõe sem INSS.