terça-feira, 27 de março de 2012

Ultimamente, São Pedro é quem tem decidido.

A dúvida de hoje de tarde era qual filme do festival "é tudo verdade" eu deveria prestigiar. Quando terminei os compromissos do dia, porém, começou a chover. Refugiei-me no MASP (que hoje, terça-feira, é de graça).

As exposições temporárias (Fotografias Pirelli e Roma) estão bem explicativas, mas definitivamente excluem o público infantil. O vídeo do início da exposição Roma tem fragmentos seus reapresentados ou reescritos no decorrer das salas: se estiver sem tempo, ignore-o sem dó.

* * *

Antes de chegar ao MASP refugiei-me no espaço destinado aos caixas eletrônicos de uma agência bancária, opção de mais uma dezena de pessoas, clientes e não clientes (guarda-chuva tem sido inútil nos temporais paulistanos). Muito mais do que o temporal, que derrubou cinzeiros e quase vergou uma das árvores jovens da Av. Paulista, chamou-me atenção a água que escorria de um dos canteiros. Até o dia de hoje eu, que me considero uma pessoa observadora, não havia percebido que há boeiros em tais canteiros, quase filmei para mostrar aqui, mas o conforto de não pegar chuva prevaleceu.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Troca de tolerâncias

Check in.

“Gi” foi o que ouvi e virei-me para localizar a origem. Na sequência, porém, o atendente falou “voo no horário, embarque portão...”. Percebi que ele havia dito o Gi. Fiquei sem reação, se deveria fazer alguma observação a respeito ou achar normal ser tratada pelo imaginário apelido (Gi é apelido óbvio, mas poderia não ser o meu). Aí o rapaz, enquanto circulava o número do cartão com uma esferográfica, terminou sua frase com “...linda”. Toda essa gentileza provocando uma intimidade inexistente e não me desejou a boa viagem de praxe! Resolvi não estragar o nosso dia e segui em frente.

No detector de metais, a luzinha, pela primeira vez na minha vida, apitou – eu que já viajo sem cinto e sem sandália para não trancar a fila... “São os seus sapatos”, disse-me a funcionária. Rejeitei a ideia de ter que tirar os tênis e coloquei as moedas que estavam no bolso na caixa plástica. Novo apito e verifiquei que a funcionária estava correta: o amortecedor do tênis tem metal. Percebi na expressão de tolerância/paciência em toda equipe que me aguardava.

É, paciência e tolerância - convivendo é que se aprende.


segunda-feira, 19 de março de 2012

Programe na Agenda

- Moço, precisa olhar não: eu aprendi nos museus da Europa que não se encosta no vidro, só cheguei assim bem perto para poder ver os detalhes...

O "precisa olhar não" serviu de ímã para todos os olhares. Eu estava do outro lado da exposição mas, assim como todos presentes, virei-me para identificar o motivo do fim do silêncio.

O moço era o segurança, sentando em um desconfortável banquinho, daqueles que quando convém o sindicato reivindica a troca alegando risco de DORT, mas que é mantido profilaticamente em relação ao sono e respectiva demissão por justa causa.

A autora da frase era uma senhora que estava acompanhada provavelmente por sua filha e por sua neta, todas adultas. Cada uma do seu jeito, sempre falando mais alto do que os demais, mostrava e descrevia para a outra o que estava vendo. Um passo, uma observação, nova vitrine.

Parei um pouco de olhar o que estava exposto e fiquei aguardando uma oportunidade para interagir, acrescentar algo como "na Europa, a senhora não observou que as pessoas respeitam a contemplação dos outros e falam baixo? É como biblioteca, pode vibrar que encontrou o livro na estante, talvez até compartilhar a alegria com a bibliotecária quando o estiver retirando, mas isso deve ser feito sem atrapalhar a pesquisa ou leitura dos demais."

Poderia ser que eu ficasse pedante, mas não o seria mais do que a expontaneidade da vovó. Faltou oportunidade, elas sairam rápido dali, mais encantadas do que eu, que vou voltar só para copiar alguns modelitos...

* * *

A exposição "Joias do Deserto", que ficará até 10 de junho na Fiesp (Av. Paulista), merece a visita pela originalidade do design (pelo menos para uma ocidental como eu). Das duas mil peças da coleção de Thereza Collor, provavelmente só uma saia com espelhos bordados eu usaria. Mesmo assim, consegui identificar um padrão que alguns brincos meus já têm e eu nem imaginava seu significado.

sábado, 3 de março de 2012

O que plantar, como cultivar e quando colher: eis a questão.



“Querer é poder”, tenho certeza que você já ouviu isso antes. É provável também que já tenha tido suas experiências a respeito: pode ter permanecido quietinho num canto, esperando a vontade passar ou, então, “ter ido com muita sede ao pote”.

No curso de jardinagem, ganhei sementes de pimentão. Plantei, reguei e fiz tudo que os manuais indicavam. Minha mãe, quando viu minha plantação, foi certeira: “tomates precisam de mais terra para crescer”. Expliquei que eram pimentões, mostrei até a foto que havia postado por aqui, e concluímos as duas de que “o pimentão era primo do tomate”. Só quando os frutos se desenvolveram é que percebi que ela estava certa.

Passei a ter novo impasse: que tipo de tomate eu teria plantado? Se fossem cereja, já estariam no momento de colher, mas se fossem normais, estariam "subnutridos". Por enquanto, ainda estão no galho... Os do supermercado não me ajudaram muito a decidir o que fazer.

Eu havia imaginado um texto reflexivo, que precisaria ser resumido, para acompanhar a foto. Isso foi no mesmo dia em que meus pulsos e cotovelos começaram a doer. Tentei massagear a musculatura dos braços e, no dia seguinte, sequer os dedos das mãos (das duas!) eu conseguia mover.

Malabarismos e cenas cômicas à parte, mais uma vez foi a massoterapia que me deixou de pé. Duas sessões foram suficientes para localizar a origem do problema: a posição da cervical enquanto digito.

Vou ficar mais alguns dias “de molho”, até perceber estar 100% de novo – a recusa em consumir qualquer química é mais compreensível para mim do que anestesiar-me e continuar massacrando o corpo. Quando estiver melhor volto a escrever. Do texto original deste post, no entanto, só ficou o título e a frase que a dor não me deixou terminar:

A voz popular avisa: "colhe-se aquilo que é plantado", mas como saber o momento certo da colheita ninguém diz...