sábado, 13 de junho de 2009

Há situações que são de difícil entendimento. Tratar desigualmente os desiguais é dito desde Aristóteles, mas o que torna algo desigual a outro? Check in em Zurique, após ter que perguntar para onde ir, devido à sinalização precária: enfrentei fila para passar por apenas uma máquina de detector de metais (a outra não tinha ninguém), com 4 funcionários. Todos esperavam a sua vez na longa fila. O deslocamento até o portão de embarque estava previsto, na placa dependurada no teto, de ocorrer em 20 minutos, mas fiquei bem mais tempo esperando pelo raio x. No dia seguinte, controle de passaportes em Guarulhos: quatro funcionários controlando a fila, por falta de espaço. Resmungo generalizado, dois guichês destinados para brasileiros, mas todos os existentes tinham atendente. Nas duas situações estava havendo troca de turno dos funcionários e o tempo de espera foi aproximado. A diferença observada foi o comportamento das pessoas. Quem estava em silêncio aproveitou para adiantar o que teria de ser feito quando chegasse a sua vez e já retirou casaco, cinto, sapato e saco plástico contendo eventuais cremes e líquidos. As pessoas que reclamavam faziam grupos para conversar, muitas vezes parando uma fila que estava andando lentamente. Passaporte aberto na página da foto, para agilizar o atendimento? Poucos o fizeram. Não cheguei à conclusão do que altera tanto o comportamento das pessoas, parece-me muito simplista atribui à cultura. O fato é que em uma situação que poderia ser reclamada a ausência de funcionários, as pessoas procuraram “fazer a sua parte”, para demorar menos a espera. No outro, em que nada havia a ser feito, pois todos os guichês estavam em funcionamento (primeira vez que vejo isso), as pessoas preferiam resmungar a dividir experiências das viagens, ou a satisfação de estar de volta. O comportamento das pessoas fez parecer que um serviço foi melhor prestado do que o outro, o que neste caso não é verdade. Várias analogias são possíveis com o cotidiano, o quanto contribuímos para que as situações inevitáveis e desagradáveis se prolonguem? Fila tem em todo o lugar, mas assim como há quem diga que “Deus é brasileiro”, também há a afirmação de que “brasileiro adora fila”. Da mesma forma que minha versão de frase é a de que “Deus também é brasileiro”, agora vou adotar a de que “brasileiro adora resmungar (reclamar pressupõe atitude) e em fila”.

Um comentário:

Sandrix disse...

concordo, também adoro reparar no comportamento dos outros, ainda mais quando esses outros adoram passar a culpa adiante.