segunda-feira, 6 de julho de 2009

Esquiadores Urbanos

Av. Paulista, 23hs. Ao parar no sinal vermelho ouço um barulho que me assusta, percebo que um rapaz de patins está se segurando na parte traseira, lado do carona. Buzino e ele “nem te ligo”. O sinal abre, acelero, e ele fica de carona. Há poucos carros e minha tendência é fazer zigue-zague, na tentativa dele desistir de me seguir, só que fico com medo de machucá-lo e resolvo retribuir à indiferença, dirijo como se ele não existisse. Sua companhia dura até que eu saia da avenida, vai embora sem acenar, sem agradecer. Colocou a vida em risco e obrigou-me a arriscar receber uma multa e a ficar com o carro danificado. Preguiça ou aventura?
Hoje de manhã o rádio anunciava a estatística de 9 acidentes com bicicleta - por dia – na cidade de São Paulo. A velocidade das bikes tem sido superior à dos carros, mas é covardia disputar espaço com as motos. Como a cidade não é plana, tem sido comum motociclistas segurarem o parachoque dos ônibus nas subidas, um jeitinho para chegar antes e com menos esforço. Comparo-os aos surfistas dos trens, mas como aproveitam a tração do veículo à sua frente, os chamo de esquiadores urbanos, em uma analogia ao não menos perigoso esqui aquático. Sei que andar de bicicleta está na moda, mas a falta de sinalização e de educação –sem contar a poluição e a quantidade de fumaça dos carros, parece-me estupidez. Mesmo utilizando capacete, cotoveleiras e joelheiras (raras de serem vistas), não há pressa que justifique zombar da saúde (certo está o amarelinho da Avenida Bandeirantes, que trabalha de máscara) ou colocar a vida em risco (a ciclovia é tão imaginária quanto a divisão entre calçada e pavimento, cada ciclista imagina a sua e segue em frente).
Nunca fui adepta da bicicleta e minhas tentativas de aprender patins não foram exitosas, gosto mesmo é de caminhar. Mesmo assim, evito trechos de trânsito intenso, para fazer meu exercício aeróbico com a melhor qualidade possível de oxigênio.
Sinto falta de informação do que deve ser observado antes de sair de bicicleta por aí, onde ela é permitida, por exemplo, da mesma forma quando percebi o carona involuntário. Sabemos como agir em relação a qualquer abordagem no trânsito (deixando os vidros fechados, olhando nos olhos, avisando cada movimento que irá ser feito, etc.), mas afinal, como se deve agir diante de um esquiador urbano?

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