quarta-feira, 23 de maio de 2012

Paradoxo

Feliz é a lágrima que se liberta do olhar, mesmo que sozinha, mesmo que logo se acabe, mesmo que venha a ser escondida, pois tudo que podia intensamente viveu. Triste é o sorriso treinado, esconderijo frágil que mantém distância e dá segurança ao superficial convívio. É como rir de alegria e chorar de tristeza. Que importa?

As diferenças importam pelos pontos em comum que possuem, pelo inesperado que proporcionam. E como tem gente esquisita no mundo! Não que isso lhe importasse, mas observar ao redor, quando o redor não é familiar, servia-lhe de distração. Passatempo que vira trabalho e trabalho que ajuda a passar o tempo.

Fones de ouvido que impõem uma futura surdez e a música tocada aos que não lha escolheram. Seriedade ao jogar no celular durante a espera – qualquer espera. Apressar o passo, mas nem tanto, para assim melhor conversar. Falar distrai a distância, distrai quem fala, mesmo quando o assunto é sério, mesmo que não se ouça o que é dito. Ouvir o que não lhe é dito, mas jogado ao vento, é mais lúdico do que esquisito: são problemas que não precisará resolver; dores que não precisará sentir; falas, ações, reações que a outros poderão servir; comemorações às quais poderá anonimamente ir.

Quem não ouve, não se move, não muda ou não fala pode parecer seguro (assim como o silêncio torna a todos sábios), mas tal qual o sorriso treinado apenas esconde-se da esquisitice que é a felicidade da lágrima.

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