segunda-feira, 8 de julho de 2013

Museu para todas as idades e gostos.

- Assim?
- Isso, coloca o dedo aí. Agora roda. Pra baixo, em sentido horário. Não! Tem que ir até o final, até aqui ó.
- Mas dói o dedo, pai.
- É costume, tem que fazer isso com todos os números até aqui. Só depois é que completava a ligação.
 * * *
O garoto devia ter uns 10 anos. Olhava incrédulo aquele aparelho preto em sua frente. Eu estava em outro, parei de ouvir a propaganda da Kolynos para ver a cena do pai apresentando o telefone ao filho.
O deslumbramento de crianças e adolescentes com máquinas de escrever eu já havia presenciado em uma exposição no Caixa Cultural, mas que a atual geração desconhecesse telefone “de discar” não havia me ocorrido.
O pai esqueceu-se de contar para o filho que antes de discar se conferia pelo gancho se havia sinal, que as famílias precisavam escolher entre comprar um carro ou um telefone – e que linhas telefônicas eram alugadas, já que se esperava anos para conseguir alguma.
* * * 
Graças à belíssima montagem da exposição “Rubem Braga – o fazendeiro do ar” pude ver a cena acima. O Museu da Língua Portuguesa já tem em suas exposições a característica de trazer o contexto do autor ao visitante, incentivando a leitura.
Na exposição sobre Rubem Braga até quem não sabe ler se diverte. As máquinas de escrever, algumas que podem ser tocadas, outras com tablets no lugar na folha de papel, remetem às antigas salas de redação. Essa também é a ideia da mesa com os telefones, cada um com uma gravação de rádio diferente. Os mais observadores notarão que os aviões feitos de jornal, pendurados no cenário do ambiente de trabalho do cronista que cobriu a segunda guerra e a revolução de 30, transformam-se em passarinhos na aconchegante sala de visitas, cuja mesa possui duas telas interativas com relatos de seus amigos famosos. Ao final, é possível interagir com passarinhos digitais, em um videogame eletrônico projetado na parede. Por que fazendeiro do ar? Isso não conto, tem que ir lá para entender.
A dica é ir no final de semana logo que abre a exposição: 10hs. Além de conseguir ingresso para uma sessão do filme em horário próximo (sim, é o mesmo filme e os mesmos poemas da inauguração), exatamente porque as pessoas que entraram estão na sessão, a exposição temporária fica com muito pouca gente. Se você for ver o filme, chegue às 10:20 para receber o ingresso das sessão das 11h. Durante a semana têm escolas visitando, nos finais de semana, às 12 e às 14, tem também visita ao prédio da estação da Luz. Programaço! Até 1º de setembro.

Nenhum comentário: