sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A sobrevivente


 
Rosas, violetas, orquídeas, amores-perfeitos; das flores que já ganhei lembro apenas que pouco duravam, mesmo as recebidas em vaso. Conversar, regar a mais, regar a menos, colocar no sol, proteger do vento; nada resolvia. Ao invés de terapia para “trabalhar” a frustração, fiz curso de jardinagem, como já contei meses atrás.

Quando eu ganhei a flor da fortuna (kalanchoe) fiquei até um pouco triste, mesmo sendo informada que ela dispensava grandes cuidados; não era justo condená-la à morte... Meses se passaram e ela permaneceu firme e forte, mas apenas com folhas (soube depois que o café misturado à terra era fonte de nitrogênio, excelente para folha, mas que em excesso inibia a produção de flor) – minha preocupação em nutri-la foi excessiva, ela realmente precisava menos do que eu me propunha a dar.

Após minha ausência por alguns dias, contudo, ela recebeu-me florida. A aparente ingratidão, soube depois, era sintoma de estresse: de alguma forma, ela havia sentido a minha falta!

Tratei da sua sede e providenciei que tivesse mais espaço para desenvolver-se. Com muita expectativa, em um dia nublado, a removi para um vaso maior, permiti que suas raízes tivessem mais liberdade.

Tudo transcorria bem, joaninhas deixavam-na colorida à tarde. Só que ela começou a diminuir de tamanho: ganhara liberdade de espaço e não estava sabendo usar... Quando o ser com quem se interage fala, é possível compreender o contexto e decidir o que fazer. Plantas não falam, apresentam sintomas para quem tiver interesse e paciência em acompanhá-las.

Pesquisei um pouco e diagnostiquei que ela estava sendo atacada por pulgões. A existência de terceiros soavam como uma repugnante novidade. Há algum tempo eu teria cessado minha contrariedade descartando planta e pulgões. Dessa vez surpreendi-me com minha reação: controlei o asco e passei a catá-los tal qual piolho. Diferentes respostas podem ser dadas aos mesmos fatos, tudo depende de contexto.

A alternativa ecológica resolveu em parte o problema, pois alguns pulgões continuavam lá. Comprei, então, veneno. Às vezes fazemos o que nos é mais difícil, nos paralisamos refletindo, procuramos ser originais - e o melhor resultado pode ser obtido agindo de forma tradicional e simples.

Não vejo mais os pulgões, nem as joaninhas que deles se alimentam. Em compensação, flores voltaram a aparecer. Deu certo, o que parecia próximo ao fim, renasceu. Fiquei feliz.
2 semanas depois (25 de agosto) já estava toda florida!




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