quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dia Perdido

De abril a setembro é mais comum não ter teto nas cidades do sul do Brasil do que ter. Escolher voo no início da manhã sempre foi bobagem, pois dificilmente saem no horário, atraso que atinge também as demais decolagens no decorrer do dia. Mas não foi meteorológica a causa de eu ter passado o dia de ontem no aeroporto.

Na segunda-feira houve atraso no voo feito pela aeronave que eu embarquei (isso lá na região nordeste). Como estava planejada manutenção de rotina no Rio, a ser feita na madrugada de segunda para terça, esta acabou sendo adiada para a manhã de terça e o voo atrasou "apenas" 3:50. Por 10 minutos a indenização estaria garantida. Quem insistiu ganhou lanchinho quando foi confirmada as 2 horas de atraso - sim, pois a GOL avisava sobre o atraso gradativamente.

Com os livros despachados e estando o cinema fechado, o que salvou a espera no Salgado Filho foi observar as crianças de um colégio que visitavam o aeroporto, que estava lotado. A professora se esforçava para mostrar o local que se entregava as malas, que havia uma porta de embarque nacional e outra internacional, etc. Um exemplo de aula útil. Percebi então a exposição da Unisinos, com patrocínio do Banrisul e da Gerdau, sobre a migração alemã no Rio Grande do Sul.

Nada mais apropriado para ser mostrado aos passageiros do que histórias de quem foi para não voltar: preparativos, o cansaço da travessia de navio, adversidades encontradas em terra estranha. O conteúdo não diverge do aprendido na escola anos atrás e é parecido com o de qualquer imigração. Mas é preciso afastar-se de uma realidade para identificar que há características que nem sempre estão presentes e, por isso, podem ser consideradas inerentes à personalidade, considero-as mais fortes do que a cultura.

Percebo nos textos da mostra a personalidade gaúcha, talvez influenciada pelo eterno mostrar a ferida alemão. Dados, datas, mapas e fotos não bastam, é preciso refletir, é preciso valorizar o trajeto percorrido. Posso ter perdido a aula de jardinagem e ter feito um almoço medíocre, a exposição ajudou a controlar a irritação e a passar o tempo nas horas de confinamento no aeroporto. Para quem se interessar, está no piso do desembarque do terminal 1 do Salgado Filho, em Porto Alegre.


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