quinta-feira, 14 de abril de 2011

O catador de papéis

A manhã havia sido ótima, certamente poderia apenas descansar à tarde: encontrara uma loja em inauguração cujas caixas de papelão praticamente não couberam em seu “carro”. A gerente estava tão preocupada em desocupar a calçada antes da festa que nem se lembrou que poderia vender, doou-lhe material de qualidade em quantidade muito maior que sua produção diária.
Dia de sorte é dia de sorte, não é para ficar parado, curtindo o que ganhou, mas sim aproveitar “a boa maré” e ganhar mais: acelerou os passos, ignorou os carros em velocidade e encurtou o caminho entrando na avenida. Cantarolando distraiu-se e esqueceu-se de que se tratava de via levemente íngreme, afinal dizem que para baixo todo santo ajuda.
O farol vermelho o alertou do perigo, como frear aquele peso e naquela velocidade? Canteiro com motos correndo de um lado, carros estacionados de outro, nenhum terreno ou praça para desviar em segurança, tão pouco era possível mudar de faixa. O cheiro de borracha queimada de sua bota ficou insuportável e todos pararam curiosos...
No primeiro cruzamento nenhum veículo, conseguiu passar ileso, mas no segundo já havia um carro, daqueles importados, estacionado aguardando o farol abrir. Aguentou firme o calor provocado pela fricção com o asfalto e conseguiu evitar o “engavetamento”, parou a menos de 10 cm de distância. Alívio, poderia ter morrido prensado entre os dois carros.
Alheio a tudo, o motorista à sua frente permanecia falando ao celular e nem percebeu o sinal verde para seguir caminho.

Nenhum comentário: