sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Noites sem dormir

Várias cenas inusitadas e um roteiro surpreendente (ainda mais para quem sequer havia lido a sinopse) deixaram-me satisfeita pela escolha do filme. O mais impactante deu-se após a sessão: descobri que a história era baseada em fatos reais! Os outros filmes do festival não causaram o mesmo efeito. Ainda hoje, passados vários dias e filmes, basta um momento tranquilo e cenas voltam à mente. Percebo que começo a compreender seu título...

A visão que estou adquirindo através da produção ficcional certamente contribui com o momento reflexivo: sabemos, ao abrir um livro, sentar em frente a uma tela ou ouvir uma história, de que são contextos diversos da realidade. Mesmo assim podemos nos envolver com a ficção. Sabemos também que em algum momento a história acaba e retornaremos para a realidade. A confiança de que não haverá envolvimento (ou o alívio de não estar acontecendo conosco) leva-nos a acompanhar até o último ponto final e a abrir mais um livro, ir mais uma vez ao cinema ou a continuar ouvindo histórias.

Lembrei-me, então, de uma fábula que li há algum tempo: o lobo, ao observar sua sombra, em tamanho bem maior do que o real, ficou confiante de que não precisaria fugir do leão e acabou pego. Moral da história: “não permitam que suas fantasias o façam esquecer da realidade”.

A realidade é de que na vida tudo é possível. Aprendi que limitação existe na ficção, pois tanto a narrativa quanto os personagens precisam ser coerentes para que os outros consigam acompanhar. Na vida cada um tem a sua coerência, impossibilitada de extinguir a coerência do outro sempre que há confiança. A criatividade é apenas uma ferramenta real que todos têm para conduzir a vida. Esclarecer o contexto em que será empregada – e antes de sua utilização – é crucial para a consequência de seu uso ser positiva ou negativa.

Nenhum comentário: