quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Minutos de um dia

O temporal no final do dia era certo, tanto o céu quanto a meteorologia confirmavam. Saiu vestida para contemplar o radiante sol, afinal, capa, chapéu e guarda-chuva só servem para melhorar o conforto diante de chuvas e chuviscos – e são péssimos companheiros no calor. Teve sorte, só na saída do último endereço os pingos começaram a precipitar.
Outras pessoas estavam na mesma situação. Pelo menos três ligaram para casa e pediram para alguém (a empregada?) trazer-lhes guarda-chuva. Definitivamente seu mundo não era ali. Saiu como se não houvesse água, se ali ficasse poderia mencionar aos que chegassem a insalubridade do trabalho externo ou a diferença entre trabalhar e ser serviçal. Qual a razoabilidade de nada fazer (ficar parado esperando) a não ser colocar outra pessoa para se molhar, andando o dobro de seu percurso, enquanto a intensidade da chuva aumenta?
Fazia anos, três talvez, que não tomava um banho público daqueles. Geralmente, em temporais, o atrito da água na pele ativa a circulação e aquece. Naquelas poucas quadras a água era fria e sem força, o vento forte e gelado. Sentiu-se transparente no cruzamento com o semáforo estragado, mas bastou o pensamento para um senhor, portador de enorme guarda-chuva, estender o braço. Só o bloqueio da ventania tornava suportável ficar parada, no inverno sentiria menos frio.
Em outro cruzamento teve mais sorte: uma árvore – caída desde o dia anterior – bloqueava a via enquanto estava sendo serrada. Sem enxergar muito bem o que o celular captava, tirou várias fotos. Pobre árvore, plantaram e podaram-na tanto que ficou sem sustentação. Só percebeu onde ela havia caído quando as pessoas à sua esquerda mudaram de posição. Com tanto lugar para cair...foi o que pensou. Corrigiu logo: com tanto horário para cair, pelo menos aconteceu sem ninguém dentro do carro.

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