quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Campanha de(a) formiguinha

O entregador estava parado na calçada, parecia apoiar-se na única porta de saída disponível. Isso ela havia visto. Mas ela precisava sair para a rua. E nada da criatura mover-se. Puxou a porta com cuidado e o cara lá, com o rosto próximo ao interfone, olhando um minúsculo papel - e a mão ainda no alto, bem próxima à porta. Ela precisou desviar para chegar à calçada.

- Cuidado com a mão

Foi apenas isso que disse ao fechar a porta que não amassou ou encostou em dedo algum – e a mão permaneceu imóvel todo o tempo. Percebeu, então, que a criatura murmurava, tentou entender o que era, entendeu alguns xingamentos, optou pela indiferença (certamente o destinatário era quem o fazia esperar) e seguiu. Conforme afastava-se permanecia ouvindo a voz do homem e, ao atravessar a rua o berro foi: “folgada”.

Duas horas depois, quando retornou, o porteiro não se lembrava qual apartamento havia chamado o entregador de água mineral, mas pareceu-lhe comum a falta de educação, confidenciou que é o rotineiro.


* * * 

Existe limite para a tolerância. Por mais que se presuma a diversidade de problemas enfrentados por alguém que trabalha de bicicleta no sol forte, sem um boné sequer, carregando 30 quilogramas, a situação da criatura só diz respeito a ela. Ainda bem que conseguiu essa função, pois com um comportamento totalmente desprovido da mínima regra de convivência em breve nem este conseguirá. E não é a vida, o mundo, é apenas a pessoa colhendo o que planta. O básico do básico: se aceitou, que faça o melhor; se não quer mais, assuma. Duvido que não tenha gente mais educada precisando de emprego. Já não costumava pedir nada delivery, agora menos ainda vou pedir.

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