sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A melhor decoração de natal


Detalhe da lateral, para não prejudicar o deslumbramento

Ciclos existem para nos lembrarmos de que sempre é possível recomeçar, fazer de outra forma e/ou repetir os êxitos. Mesmo os céticos em relação à influência pagã são obrigados a se submeter “ao clima” de fim de ano e ano novo.

Se o ano foi ruim: “Ufa!” Que venha o próximo. Se foi um ano bom: “pena que já passou, tomara que fique mais um tempinho assim...” Entre comemorações e lamentos, mantém-se o comum da celebração.

Os preparativos das festas, cada vez mais complexos e exigentes, afastam as pessoas do natural ciclo em que estão inseridas, não há mais vinculação ao solstício, mas muito trabalho para alguns e várias contas a mais para outros.

A decoração natalina está inserida nesse novo contexto: as pessoas saem para ver a decoração, geralmente luxuosa e bela e, já que estão ali, acabam consumindo. Melhor a inconseqüência dos atos atuais do que a reflexão dos passados, passear e ver gente do que recolher-se - depois vê-se o depois.

O mundo está em crise e o Brasil finge que isso não é com ele. A oportunidade de consumo, novidade para algumas pessoas, ainda é mais significativa do que a qualidade com que se faz, mesmo que possa significar voltar a passar necessidade ou a conviver com a inflação. A inércia, e não a crítica, predomina entre os que nunca precisaram privar-se: estamos garantindo metas globais, pagando o lucro que nós e os povos em crise deveriam gerar.

A diminuição das lâmpadas nas decorações natalinas atuais não é mera coincidência, nem consciência ecológica, apenas um reflexo do momento econômico. Para bom entendedor, meia palavra basta, certo? Parabéns ao Bradesco, que conseguiu com o seu “Natal na Floresta”, em plena Av. Paulista, apresentar novos parâmetros de deslumbramento, sem ênfase nas luzes (não sei se utilizaram material reciclado) ; uma forma simples de mostrar que com criatividade é possível inovar e aprimorar de forma simples o efeito do era feito com fartura. A própria apresentação do coral, antes do anoitecer, colabora com esse conceito. No Banco do Brasil, na agência esquina com a Augusta, os bonecos só se movimentam enquanto alguém mantém a mão no lugar indicado no vidro, tornando lúdico algo que poderia ser muito sem graça.



materiais utilizados:espuma e EVA
Lógico que colocar luzes piscantes em casa não é nenhum crime, aqui no prédio mesmo, meus vizinhos gostam e eu nem mais me manifesto contra, apenas lembro de uma frase que “fui obrigada” a dizer no juramento dos bixos, na primeira semana na faculdade, em plena Rua da Praia, descalça e pintada entre meus então futuros amigos, todos na mesma aparente degradante condição: “Obrigada por não estar entre aqueles que pagam o que não têm e não recebem o que merecem”.

Nenhum comentário: